Quem tentava furar a greve tinha os pneus do veículo furados (Foto: Maycon Nunes) |
Mesmo depois da greve dos rodoviários ser considerada abusiva pela Justiça do Trabalho, a categoria decidiu manter o movimento e 2 milhões de pessoas permanecem sem ônibus em Belém, Ananindeua e Marituba. Na manhã deste sábado (21), motoristas e cobradores se concentram em frente ao prédio da Unama, na BR-316, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. No local, dois ônibus estão parados com pneus furados.
Na entrada da empresa Belém Rio, na rodovia Augusto Montenegro, uma Kombi está impedindo que ônibus saiam.
Ontem (20), a desembargadora do Trabalho Francisca Formigosa votou pela abusividade da greve, determinando a aplicação de multa primeiramente no valor de R$ 100 mil por dia parado. Mas depois da manifestação dos demais integrantes da sessão, a multa foi reduzida para R$ 10 mil/dia, a contar no mesmo momento. Os dias parados também serão descontados na folha de pagamento.
A abusividade se deu devido ao não cumprimento da medida cautelar que determinava a obrigatoriedade de 80% da frota. A juíza determinou, ainda, que os rodoviários retornassem ao trabalho às 16h e autorizou as empresas de transporte coletivo a contratar temporários caso os trabalhadores não atendessem à determinação.
Apesar da decisão, a categoria decidiu resistir e continuar a greve geral por tempo indeterminado. Em Ananindeua, os rodoviários bloquearam a BR 316, no sentido Ananindeua-Belém, desde as primeiras horas do dia, causando um grande engarrafamento. O objetivo era pressionar entidade patronal a negociar as reivindicações. Após a sessão no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a categoria realizou assembleia geral, no final da tarde, e decidiu resistir.
PNEUS FURADOS
Após a decisão do Tribunal, poucos ônibus começaram a circular pelas ruas de Belém. Alguns coletivos tentavam furar o bloqueio, mas foram impedidos de passar e tiveram os pneus esvaziados e vidros quebrados, na BR-316. “Estamos dispostos a cumprir a decisão, mas a greve só termina quando houver negociação”, informou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (Sintram), Huellen Ferreira.
Em Belém, os rodoviários de Belém se concentraram em São Brás e votaram pela manutenção do movimento. A categoria reivindica ser recebida em mesa de negociação diretamente com os representantes das empresas. A categoria reivindica diversos pontos, mas o principal deles é a redução da jornada de trabalho de 8h20 para 6h20 e a instalação do ponto biométrico. Atualmente, a frequência é feita manualmente e as horas extras não são computadas.
Para os passageiros, foi mais um dia de sufoco e prejuízos
O segundo dia de greve dos rodoviários na Região Metropolitana de Belém continuou gerando transtornos à população que depende do transporte coletivo. As alternativas como vans, microônibus, táxi e aplicativos de transportes privado pesaram no bolso. Por causa disso, muitos se atrasaram para o trabalho, e outros nem conseguiram chegar. “Já gastei quase cem reais só de transporte nesses dois dias de greve. No primeiro dia, peguei van e mototáxi, demorei duas horas do bairro da Pratinha até a Pedreira. E hoje [ontem] não está diferente”, reclama Liliane Costa, de 44 anos, operadora de caixa. “O pior é que a gente ainda se atrasa mesmo pegando mais transportes e pagando mais caro. Quando acontece greve, o vale digital não funciona. Não tem bolso que aguente”, reclama.
O trânsito ficou pesado nos horários de pico nas principais vias da capital. Ao longo do dia, os pontos de ônibus não estavam lotados, mas teve gente que passou horas nas paradas esperando por um transporte alternativo. O auxiliar administrativo Roberto Cabral, 41, desistiu de chegar no trabalho depois de esperar algum meio de transporte no ponto de ônibus no conjunto Marex, bairro Val-de-Cans. Na quinta-feira (19), ele conseguiu pegar carona com um amigo, mas ontem, não teve outra opção, pois também não tinha condições de pegar outro transporte. “Só tenho vale digital. Tem van está cobrando 5 reais para São Brás e nela não aceita o vale. Fica muito difícil. Não sei como vai ser se a greve continuar”, lamenta.
Se uns reclamam o peso no bolso por pagar mais caro em transportes alternativo, outros comemoram. Como o motorista do aplicativo de transporte privado, Adolias Mascarenhas, 54. Segundo ele, somente no período de 8h às 11h de ontem, ele lucrou R$ 200. “A procura tem sido grande. Muita gente tá dividindo a viagem. Em outros dias, nesse mesmo horário, não consigo nem a metade desse valor”, afirma.
O movimento grevista também provocou prejuízos para o comércio da capital. Lojistas do centro comercial calculam que somente nos dois últimos dias, houve uma queda de 80% nas vendas. “Estão sendo dias muito ruins. A manhã está terminando e até agora não vendemos nada. Infelizmente a greve só prejudica a gente. As pessoas não vêm para o comércio”, avalia Diana Rocha, de 50 anos, gerente em uma loja de variedades na rua João Alfredo.
Socorro Aleixo, de 54 anos, supervisora em loja de calçados, também calcula uma queda significativa nas vendas. “Na verdade, o movimento já não estava bom, agora ficou péssimo. Estamos preocupados com as despesas. Tem mercadoria e funcionários para pagar. Bate o desânimo com um movimento tão fraco”, desafaba. De acordo com Marinaldo Campos, diretor do Sindicato dos Rodoviários de Belém, a greve é a única maneira da categoria negociar com a patronal. “Infelizmente, a maior prejudicada é a população. Mas a culpa não é nossa. Queremos negociar a pauta de reivindica
(Leidemar Oliveira e Michelle Daniel/Diário do Pará)
Fonte: Corredores dos Transportes
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