terça-feira, 31 de maio de 2016

Cai número de empresas de ônibus rodoviários e diminui quantidade de passageiros nos transportes urbanos. Idade média da frota de ônibus urbanos sobe

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Houve redução no número de passageiros de urbanos e aumento na demanda por rodoviários
Esses são alguns dados do anuário da CNT – Confederação Nacional dos Transportes
ADAMO BAZANI
Nos últimos 19 anos, as empresas de ônibus urbanos têm perdido passageiros de forma quase sucessiva, mas com momentos de recuperação.
É o que mostra o Anuário do Transporte da CNT Confederação Nacional do Transporte divulgado nesta segunda-feira, 30 de maio de 2016, ao qual o Blog Ponto de Ônibusteve acesso.
De acordo com o levantamento, com base em diversas fontes oficiais, que comparou os meses de abril e outubro, entre 1995 e 2014, houve períodos de queda consecutivos. Também houve alguns anos com crescimento, mas insuficiente.
Em abril de 1995, por exemplo, foram transportados 476,7 milhões de passageiros. Já em semelhante mês de 2014 foram 363,8 milhões de pessoas.
Um dos motivos para isso é o aumento dos incentivos para o transporte individual.
De acordo com o mesmo anuário, nos últimos 15 anos, houve aumento expressivo de frota de carros e, principalmente, de motos.
Acompanhe a nota:
Dados do Anuário demonstram, ainda, que a quantidade de motocicletas no país cresceu expressivamente em 15 anos: 402,2%. Em números absolutos, no ano passado, foram registradas 20,2 milhões de unidades e, em 2001, quatro milhões.
O aumento é significativo, uma vez que representa o triplo do incremento dos automóveis registrados no período, 134,6%. No Brasil, havia 49,8 milhões de automóveis, em 2015, contra 21,2 milhões, em 2001.
Durante os 15 anos, o número de ônibus cresceu 115,5%, enquanto o de caminhões teve acréscimo de 81,7%. Ainda segundo o Anuário, o número total de veículos no Brasil chegou a 90,7 milhões em 2015 ante 31,9 milhões em 2001, incremento de 184,2%. Os dados incluem automóveis, bondes, caminhões, caminhões trator, caminhonetes, camionetas, chassis plataforma, ciclomotores, micro-ônibus, motocicletas, ônibus, quadriciclos, reboques, semirreboques, sidecars, tratores esteira, tratores rodas, triciclos, utilitários e outros.
Os números também indicam que a região com mais veículos é a Sudeste, com 44,4 milhões de unidades. Em seguida, aparece o Sul, com 18,0 milhões; seguido do Nordeste, com 15,2 milhões; do Centro-Oeste, com 8,4 milhões e, por último, o Norte, com 4,6 milhões. 107 mil urbanos – 2014
A frota de ônibus urbanos no Brasil chegou em 2014 a 107 mil veículos.
A idade média desta frota de ônibus urbanos tem voltado a crescer. Em 1995, a média foi de 4,4 anos. Em 1997, já era de quatro anos.
No entanto, começou haver crescimento chegando a 5,7 anos em 2012. Novamente houve baixa até que a partir de 2011, a idade média dos ônibus urbanos voltou a crescer chegando a 4,7 anos.
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RODOVIÁRIOS:
Sobre os transportes por ônibus rodoviários o anuário mostra que a quantidade das empresas de transportes interestaduais e internacionais tem diminuído. Neste caso, o levantamento é entre o período de 2001 e 2013.
Em 2001, eram 214 empresas de ônibus. Em 2013, o número foi para 195 empresas de ônibus que operam linhas regulares interestaduais e internacionais.
Se o número de empresa de ônibus caiu, a quantidade de veículos aumentou. Em 2011, eram 13.419 ônibus para estas linhas. Em 2013, foram 19.923 ônibus.
A demanda de passageiros de ônibus rodoviários interestaduais e internacionais chegou 93,5 milhões de pessoas. Quase a metade disso, em linhas interestaduais com trajetos superior a 75 quilômetros de extensão. Em segundo lugar, aparece transporte interestadual inferior a 75 quilômetros de extensão – semiurbano, depois transporte internacional inferior a 75 quilômetros de extensão – semiurbano e transporte internacional superior a 75 quilômetros.
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RODOVIAS:
O levantamento também faz um Raio-X das estradas.
Houve crescimento das rodovias pavimentadas em 23,2%.
Acompanhe a nota:
Nos últimos 15 anos, as rodovias pavimentadas cresceram 23,2% no Brasil, uma média de apenas 1,5% ao ano. Enquanto em 2001, o país possuía 170,9 mil quilômetros com pavimento (9,8% do total), em 2015, esse número chegou a 210,6 mil quilômetros (12,2% do total). O crescimento foi somente de 39,7 mil quilômetros, para um tipo de transporte que corresponde a mais de 60% das movimentações de carga e a mais de 90% dos deslocamentos de passageiros. O investimento em infraestrutura foi baixo, enquanto a frota de veículos aumentou 184,2% no período.
De acordo com o Anuário CNT do Transporte, divulgado nesta segunda-feira (30) pela Confederação Nacional do Transporte, os estados com maior malha pavimentada em 2015 são Minas Gerais (25.823,9 km), São Paulo (24.976,6 km), Paraná (19.574,1 km), Bahia (15.910,7 km) e Goiás (12.760,6 km). Já aqueles que têm menor malha pavimentada são Amazonas (2.157,0 km), Acre (1.498,2 km), Roraima (1.462,8 km), Distrito Federal (908,0 km) e Amapá (528,1 km).
Segundo a última Pesquisa CNT de Rodovias, e 2015, 48,6% do pavimento da extensão avaliada apresenta algum tipo de problema, tendo classificação regular, ruim ou péssimo. Já em relação às condições gerais dos trechos pesquisados (que incluem também sinalização e geometria), o percentual de rodovias avaliadas com algum tipo de problema foi de 57,3%. A CNT avalia toda malha federal pavimentada e os principais trechos das malhas estaduais também pavimentadas.  
FERROVIAS:
Segundo a pesquisa da CNT , a produção de locomotivas chegou a 129 unidades em 2015, alta de 61,3% ante as 80 produzidas em 2014. Foi o melhor resultado em 15 anos.
A produção de vagões, no entanto, caiu 0,4% indo de 4.703 unidades em 2014 para 4.683 em 2015.
A produção de vagões/carros de passageiros caiu 13,9%, passando de 374 unidades em 2014 para 322 unidades em 2015.
Sobre o transporte de cargas por ferrovias, entre 2006 e 2015, foi registrada alta de 39,2% – passando de 238,3 bilhões de toneladas por quilômetro útil – TKUs em 2006 para 331,7 bilhões de TKUs em 2015.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Greve de ônibus em Sorocaba é adiada. Já em Votorantim, foi confirmada

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Ônibus em Votorantim
Empresas de ônibus e funcionários não haviam chegado a um acordo
ADAMO BAZANI
Passageiros de ônibus de Sorocaba, no interior de São Paulo, devem, pelo menos nesta terça-feira, estar livres da possibilidade de greve de motoristas e cobradores de ônibus. Assim, as operações serão normais.
O Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e região informou que a Sorocaba Transporte Urbano – STU e o Consórcio Sorocaba – Consor –  e a entidade não chegaram a um consenso na audiência de conciliação realizada na manhã desta segunda-feira, mediada pelo desembargador Eder Sivers, mas que as negociações devem continuar.
“Nós voltamos à mesa de negociação com o objetivo de chegar a um acordo. Para isso, flexibilizamos as reivindicações que a categoria aprovou. Na discussão as empresas deixaram entender que o problema era a contratação de mais agentes de bordo, nós retiramos essa pauta da mesa. Daí as empresas colocaram outro item como impasse para se chegar ao acordo. Ponderamos e flexibilizamos mais esse ponto. As empresas colocaram outro impasse. Ou seja, está evidente que as empresas não querem construir um acordo”, disse o presidente da entidade, em nota, Paulo João Estausia.
VOTORANTIM:
Já em relação a Votorantim, o mesmo sindicato afirmou que houve impasse nas negociações com o Grupo São João e que a categoria retomou a greve, que deve afetar os passageiros nesta terça-feira, embora que na noite de segunda-feira, devem ser feitas mais tentativas para evitar paralisação.
Em nota, o sindicato informou que a categoria pretende respeitar frota mínima determinada pela Justiça.
O Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região informa que os trabalhadores da empresa Auto-Ônibus São João que operam o transporte urbano no município de Votorantim e intermunicipal entre Sorocaba e Votorantim retomaram no final da tarde de hoje (30) a greve iniciada no dia 25, após permanecer o impasse nas negociações da campanha salarial deste ano.
Os trabalhadores do transporte por fretamento da empresa Auto-Ônibus São João também aderiram à greve no final da tarde desta segunda-feira.
A paralisação irá respeitar liminar concedida pela Justiça à empresa, que determina a circulação de 70% da frota de ônibus em horários de pico, ou seja, das 5h30 às 8h30, das 11h às 14h e das 17h às 20h30, e 40% da frota em horários normais.
Na próxima quarta-feira (1), irá acontecer uma primeira audiência de conciliação entre o Sindicato e a empresa Auto-Ônibus São João no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), 15ª Região de Campinas, às 10h.
Paralisação no transporte intermunicipal
O Sindicato informa também que os trabalhadores em transporte intermunicipal da região de Sorocaba, que estão em estado de greve desde a assembleia realizada no dia 18 de maio, podem iniciar paralisação a partir desta terça-feira (31).
O Sindicato havia notificado de greve as empresas do Grupo São João, Viação Piracema e Rápido Luxo Campinas no dia 20 de maio, portanto o prazo de 72 horas para início de paralisação, conforme determina lei de greve, está superado.
As empresas acima citadas operam linhas intermunicipais entre a cidade de Sorocaba e os municípios de Araçoiaba da Serra, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Mairinque, Alumínio e Itu.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

ANTT recebe sugestões para mudança de esquema operacional de linhas de ônibus interestaduais

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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ANTT diz que novo modelo exige revisão de esquemas operacionais.
Alteração se dá por causa de resolução que regulamenta os serviços de ônibus.
ADAMO BAZANI
A ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres deve alterar o esquema operacional e as regras para prestação de serviço regular de transporte por ônibus interestaduais e internacionais.
A modificação ocorre por causa da Resolução 4770, de julho de 2015, que altera a forma de concessão das linhas acima de 75 quilômetros de extensão.
Agora, a exemplo da aviação civil, as empresas oferecem propostas individuais para cada ligação e não mais em grupos ou lotes, como a ANTT tentava licitar desde 2008.
Para as novas regras, a agência abriu audiência pública que vai até o próximo dia 24 de junho.
As sugestões podem ser enviadas pelo site da ANTT ou então numa sessão presencial no próximo dia 8, das 14h às 18h, no auditório do edifício-sede: SCES Trecho 3, Lote 10 – Polo 8 do Projeto Orla – Brasília/DF.
Em nota, a ANTT diz que a resolução exige novas regras:
Em julho de 2015, entrou em vigor a Resolução 4.770, que normatiza a prestação do serviço regular de transporte rodoviário coletivo interestadual e internacional de passageiros, sob o regime de autorização. Antes, as empresas operavam com permissão (exigência de licitação) ou por autorização especial (delegação temporária).
A resolução dispõe que as prestadoras de serviço deverão apresentar à ANTT o seu esquema operacional de serviço, que é um conjunto de atributos característicos da operação de transporte de uma determinada linha, inclusive de sua infraestrutura de apoio e das rodovias utilizadas em seu percurso. Há resoluções da Agência que definem o que deve compor o esquema operacional e que apresentam as regras para as várias situações de modificação da prestação do serviço. Com a mudança do regime de delegação dos serviços, essas regras precisam ser revisadas.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

sábado, 28 de maio de 2016

Primeiros ônibus Scania Euro 6 a gás operam em Bogotá

A Scania, referência mundial em soluções de transporte sustentável, anuncia a entrega dos primeiros ônibus movidos a gás natural para a cidade de Bogotá, na Colômbia. Os veículos, produzidos na Suécia e equipados com motores Euro 6 dedicados a gás, foram adquiridos pela Masivo Capital, um dos operadores do Sistema Integrado de Transporte de Passageiros (SITP) do Transmilenio.
Com os novos ônibus Scania, o SITP ampliará a capacidade de passageiros, além de melhorar a qualidade de vida dos moradores da capital colombiana, com uma drástica redução de emissões de material particulado e óxidos de nitrogênio, os contaminantes que mais causam problemas respiratórios na população local.
“A Scania tem um portfólio completo de tecnologias amigáveis com o meio ambiente, como elétrico, híbrido, etanol, entre outros. Mas é preciso identificar a realidade de cada país e a estrutura necessária para que a operação seja rentável e sustentável no longo prazo. Com este olhar, consideramos os veículos Euro 6 a gás como a melhor solução para a Colômbia por conta da ampla reserva e baixo custo do combustível, e pelo impressionante impacto que os veículos terão na melhora da qualidade do ar de Bogotá”, afirma Benoit Tanguy, diretor-geral da Scania na Colômbia.
A aposta do sistema Transmilenio pela nova tecnologia da Scania foi validada depois que a Universidade Nacional da Colômbia realizou vários testes em Bogotá, Medellín e outras cidades que mediram a capacidade de arranque em pistas íngremes, consumo de combustível e emissões de poluentes dos ônibus com a tecnologia Euro 6 a gás. O veículo também foi avaliado em condições mais extremas, como altitude – que no caso de Bogotá encontra-se a 2.700m acima do nível do mar -, baixa pressão atmosférica, tráfego pesado e paradas em grandes ladeiras. Em todas as provas o veículo manteve alta performance sem perder potência e torque.
Além de Bogotá, a Scania também já conta com unidades Euro 6 a gás no novo sistema da cidade de Cartagena das Índias, o Transcaribe, inaugurado em novembro do ano passado com uma frota de 147 ônibus Euro 6 a gás, configurando a maior negociação do mundo de veículos com esta motorização.

Saiba mais sobre Euro 6 e os 125 anos da Scania
Comprometida com a meta de reduzir em 50% a emissão de CO2 por tonelada-quilômetro até 2020, a Scania tem se empenhado em oferecer ao mercado tecnologias que tornem mais inteligentes e sustentáveis os sistemas de transporte das principais cidades do planeta.
“O motor Euro 6 a gás, que reduz o nível de emissões ao meio ambiente e o ruído, quando comparado ao motor Euro 5 a diesel, tem ajudado globalmente empresas a serem mais rentáveis e eficientes em países como Indonésia e México, por exemplo, com a oferta de ônibus movidos a este tipo de combustível”, diz Ciro Pastore, responsável por Sales Management dos mercados do norte da Scania Latin America.

FONTE: Scania 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

CADE dá aparecer favorável à incorporação total da Neobus pela Marcopolo

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Ônibus da Neobus, que passa a ser 100% da Marcopolo
Órgão aprovou ato de concentração. Petição destaca situação financeira difícil da Neobus
ADAMO BAZANI
O CADE- Conselho Administrativo de Defesa Econômica, órgão do Ministério da Justiça e Cidadania, aprovou sem restrições a incorporação total da fabricante de carrocerias São Marino Ônibus – Neobus pela Marcopolo S.A., líder da produção de carrocerias de ônibus do País.
A decisão, à qual o Blog Ponto de Ônibus teve acesso, é de 24 de maio de 2016. A Marcopolo já tinha participação direta de 45% na Neobus.
Os 55% restantes eram da L&M Incorporadora Limitada. Pela transação autorizada, os sócios da L&M passam a deter uma participação minoritária inferior a 3% da Marcopolo.
Detinham a L&M, os empresários Edson Antônio Tomiello, titular de aproximadamente 96% do capital, e Adelir José Boschetti, titular de aproximadamente 4% do capital social.
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Na petição, à qual o Blog Ponto de Ônibus também teve acesso, a Marcopolo deixa claro o papel da L&M após a incorporação:
A presente operação consiste na incorporação da L&M Incorporadora Ltda. (“L&M”) pela Marcopolo S.A. (“Marcopolo”). Considerando que a L&M é um veículo societário sem atividade operacional e cujo único ativo é a participação de 55% no capital social da San Marino Ônibus e Implementos Ltda. (“Neobus” ou “Empresa Alvo”), cujo restante do capital social é detido pela própria Marcopolo — sendo a Empresa Alvo conjuntamente controlada pela Marcopolo e pela L&M –, esta operação consiste, substancialmente, na aquisição de controle unitário da Neobus pela Marcopolo, com os acionistas da L&M passando a deter ações preferenciais da Marcopolo após a incorporação e extinção da L&M, bem como cargos de administração na Empresa Alvo (“Operação”).
A decisão do superintendente geral do CADE, Eduardo Frade Rodrigues, aprova a concentração sem nenhum tipo de restrição
DESPACHOS DO SUPERINTENDENTE-GERAL Em 24 de maio de 2016 Nº 600 – Ato de Concentração. Requerentes: Marcopolo S.A. e San Marino Ônibus e Implementos Ltda. Advogados: Barbara Rosenberg e outros. Acolho o Parecer nº 2/2016/CGAA3/SGA1/SG/CADE, de 20 de maio de 2016 e, com fulcro no §1º do art. 50 da Lei 9.784/99, integro as suas razões à presente decisão, inclusive quanto a sua motivação. Decido pela aprovação, sem restrições, do ato de concentração,nos termos do art. 13, inciso XII, da Lei nº 12.529/11.
CRISE DA NEOBUS É ENFATIZADA EM PETIÇÃO:

No último dia 3 de maio, o Conselho da Marcopolo em reunião com acionistas destacou a possibilidade de medidas para aumentar a eficiência e diminuir os custos diante do quadro econômico brasileiro.
Entre as possibilidades que devem ser estudadas, estão fechamentos de fábricas.
Uma das unidades mais cotadas é justamente a de ônibus urbanos da Neobus, em Três Rios, no Rio de Janeiro .
A situação financeira difícil da Neobus foi destacada no pedido de incorporação, ao qual o Blog Ponto de Ônibus teve acesso.
A Marcopolo, no entanto, ainda não definiu os possíveis fechamentos das plantas.
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Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Prefeito de BH veta lei que poderia gerar demissão de cobradores de ônibus

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Pelo projeto da prefeitura, todos os ônibus convencionais terão de contar com a presença de um profissional, além do motorista, mesmo que este não cobre passagens.
Marcio Lacerda enviou nova proposta à Câmara Municipal que prevê manutenção de 6.800 profissionais
ADAMO BAZANI
O prefeito Marcio Lacerda vetou o projeto de lei 1881, de 2016, que, em um dos artigos, sobre a implantação da bilhetagem eletrônica no transporte público da capital, permite a retirada de cobradores de ônibus.
O veto do prefeito segue também uma recomendação do Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais, feita em maio.
Marcio Lacerda enviou novo projeto à Câmara Municipal que, segundo a prefeitura, prevê a conciliação entre as novas tecnologias – como a bilhetagem eletrônica – com a manutenção dos postos de trabalho, tendo em vista a atual conjuntura econômica do país. Para isso, o PL altera a Lei nº 8.224/2001.
Em nota, a prefeitura de Belo Horizonte informa que somente em casos determinados que será autorizada a circulação dos ônibus sem a presença de um agente de bordo, como nas linhas troncais com estações do Move/BRT, cuja tarifa é paga antecipadamente, e em ônibus de pequeno porte.
Os demais veículos não precisarão ter obrigatoriamente um cobrador, mas, além do motorista, deve haver outro profissional dentro do ônibus.
Segundo a prefeitura, a medida deve preservar 6.800 empregos.
Acompanhe a nota:
… a presença dos agentes de bordo será facultativa apenas em casos específicos, como em veículos das linhas troncais do sistema Move em operação em horário noturno, nos domingos e feriados. E, também, nas linhas turísticas, executivas, nos mini ônibus e nos veículos em operação em horários nos quais a ausência do agente de bordo não cause insegurança ou riscos operacionais.
Os critérios para a operação serão definidos por uma comissão paritária formada pela BHTrans, pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra/BH) e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Passageiros Urbano, Semi Urbano, Metropolitano, Rodoviário, Intermunicipal, Interestadual, Internacional, Fretamento, Turismo e Escolar de Belo Horizonte e Região Metropolitana (STTRBH). Nas situações em que não houver a presença do agente de bordo, deverão ser disponibilizados mecanismos que facilitem o pagamento das viagens com créditos eletrônicos e a aquisição de cartões e recarga de créditos.
As empresas concessionárias dos serviços de transporte público coletivo deverão adotar políticas para reenquadramento dos agentes de bordo cujos postos de trabalho sejam extintos com as novas medidas. As empresas implantarão programas obrigatórios de qualificação e reaproveitamento desses profissionais. O Projeto de Lei é resultado das negociações entre a Prefeitura, BHTrans, o STTRBH, o SETRA/BH e a Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

quarta-feira, 25 de maio de 2016

São Paulo pode ter Dia Oficial do Busólogo

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Admiradores de ônibus em um dos encontros na Capital Paulista.
Projeto de lei já foi apresentado na Câmara dos Vereadores. Comemorações devem contemplar atividades em terminais, garagens e com veículos históricos.
ADAMO BAZANI
Bem conhecidos por quem atua na área de transportes e ainda novidades para muitas pessoas, os busólogos, que são admiradores, entusiastas e estudiosos de ônibus, linhas e sistemas de mobilidade podem ganhar um dia oficial na cidade de São Paulo.
Foi protocolado na Câmara Municipal, projeto de lei 01-00249/2016, do vereador Nelo Rodolfo/PMDB-SP, que prevê que o Dia do Busólogo seja comemorado todo dia 25 de julho.
É o mesmo dia do motorista e o fato não é coincidência: o motorista é um dos profissionais mais admirados pelos busólogos.
Aliás, muitos motoristas são busólogos e muitos busólogos se tornaram motoristas.
As datas iguais também têm o objetivo de unificar comemorações e confraternizações em garagens e espaços públicos.
Isso porque, o objetivo da instituição do Dia do Busólogo, segundo o vereador, não será apenas criar uma data figurativa, mas desenvolver atividades em terminais, garagens e com veículos históricos de forma mais abrangente e com a estrutura mais adequada.
Atualmente existem alguns eventos como passeios de grupos, a “VVR – Viver, Ver e Rever”, que é uma exposição de veículos antigos, e a volta de trólebus pelo centro da cidade no dia do aniversário de São Paulo.
O parlamentar também acredita que o busólogo pode contribuir com sugestões importantes para melhoria dos sistemas de transportes pelo fato de ser um passageiro constante, mas como a visão diferenciada de quem entende e gosta de ônibus e mobilidade em geral.
O assessor da presidência do Sindmotoristas, sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo, que também é busólogo, Romualdo Santos, foi um dos idealizadores do projeto, junto com o vereador. Para Romualdo, a data vai ser importante até mesmo para a segurança dos admiradores de ônibus.
“Hoje o busólogo tem uma enorme dificuldade de registrar as imagens em terminais e até mesmo nas ruas. A data quer acabar com este problema. O busólogo precisa ser reconhecido e respeitado, inclusive pelos agentes de fiscalização. Posteriormente à aprovação da lei, deve ser feita uma associação oficial que ofereça crachás de identificação que sejam reconhecidos pelos funcionários dos terminais. Assim, haverá regras claras para fotos dentro destes espaços, com a prévia identificação do busólogo, para que ele faça seu trabalho que consiste em registrar a história contemporânea dos transportes para futuras gerações. O que não pode haver é truculência contra quem fotografa ônibus. O busólogo precisa ser reconhecido pela sociedade” – disse
O presidente do Primeiro Clube do Ônibus Antigo Brasileiro, Kaio Castro, que organiza a VVR, diz que a data não será importante apenas para os busólogos, mas para todos, na medida que pode fazer com que as pessoas não vejam apenas os aspectos negativos dos serviços ônibus, mas valorizem os veículos, o que pode, inclusive, contribuir em redução do vandalismo
“Excelente. Movimentos assim certamente contribuirão inclusive para mudar essa cultura de vandalismo como incendiar ônibus.”
Não há data ainda para votação do projeto.
Acompanhe a propositura:
PROJETO DE LEI 01-00249/2016 do Vereador Nelo Rodolfo (PMDB) “Altera a Lei Municipal n° 14.485, de 19 de julho de 2.007, para incluir o dia do BUSÓLOGO, a ser comemorado anualmente no dia 25 DE JULHO , e dá outras providências. Art. 1º Fica inserida alínea “c” ao inciso CXXXIX do art. 7º da Lei n 14.485, de 19 de julho de 2.007, com a seguinte redação: “O dia do Busólogo”, a ser comemorado anualmente, no dia 25 de julho. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Sala das Sessões…Às Comissões competentes.” “JUSTIFICATIVA Busologia é o termo utilizado para designar a atividade, geralmente praticada como entretenimento, do estudo do ônibus e dos assuntos relacionados a esse tipo de veículo, tais como história, sistemas de transportes, empresas operadoras, políticas públicas, fabricantes de veículos, motores e carroçarias. A busologia desenvolve-se a partir das atividades de colecionismo, de desenhos, pinturas e fotografias de encontros, exposições e debates ligados ao ônibus. Os busólogos, como são conhecidos são amantes dos ônibus, que possuem a capacidade de informar qual o modelo e ano do veículo apenas escutando o ronco do motor, e alguns são ainda mais técnicos que sabem informar componentes técnico e a história de cada um destes transportes de massa. No Brasil calcula-se que existem cerca de 13 mil adeptos e 45 mil no mundo. A Busologia vem se difundindo cada vez mais no país graças à internet, que favorece o encontro de fãs de ônibus em listas de mensagens, fóruns e comunidades virtuais. O grande número de adeptos se dá, também, pela predominância no Brasil do ônibus no transporte público urbano e rodoviário, o que atrai a curiosidade de muitos a respeito desses veículos e das empresas que os operam. Desta forma, tendo em vista o supra exposto, espera que a presente propositura seja acolhida por essa Egrégia Casa Parlamentar.”
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

terça-feira, 24 de maio de 2016

HISTÓRIA: San Remo – Um festival de evolução

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

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Marcopolo San Remo foi um ônibus com diversas versões, para as mais diferentes realidades do País e de toda a América Latina, sendo um marco importante para a história dos transportes
Modelo de ônibus da Marcopolo foi produzido num momento decisivo para o transporte de pessoas, que, sem exageros, determinou os rumos da mobilidade do Brasil

ADAMO BAZANI
Quando alguém fala em San Remo, a primeira imagem que vem à cabeça é do famoso festival de música italiana, chamado oficialmente de Festival della canzone italiana, que é realizado sem interrupção desde 1951.  A história do festival, no entanto, é mais antiga ainda e teve origem em 1946, quando um floricultor de San Remo, uma pequena localidade no norte da Itália, que na época tinha como principal atividade econômica a plantação de flores, chamado Amilcare Rambaldi, propôs a criação de um festival de música. A ideia, no entanto, não foi para frente na ocasião, justamente por causa dos efeitos da Segunda Guerra Mundial.
A ligação do Brasil com o Festival de San Remo é bem forte. Um dos ápices na história foi na edição de 1968, quando Roberto Carlos foi vencedor, conquistando o primeiro lugar com a música Canzone per te, de Sergio Endrigo e Sergio Bardotti. Foi pela primeira vez na história do evento que uma música defendida por um cantor que não era italiano conquistou o Festival.

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Sergio Endrigo (à direita) e Roberto Carlos comemoram a vitória no Festival de San Remo, em 1968.
A relação entre o Brasil e o nome San Remo não se dá apenas nos palcos e pelas canções, mas também nas estradas, ruas e avenidas num dos momentos mais importantes do País.
San Remo foi também o nome de um dos modelos de ônibus da Marcopolo, hoje a maior fabricante de carrocerias do país e uma das mais importantes do mundo, estando na lista das multinacionais brasileiras. Uma das características históricas da empresa é atribuir nomes italianos aos modelos por causa de sua direção.
Em diferentes versões, o San Remo foi fabricado entre os anos de 1974 e 1983, com unidades para projetos especiais até 1985.
Foi uma das épocas mais relevantes para o crescimento industrial do país, para a formação de uma identidade brasileira predominantemente urbana e, claro, para o segmento dos transportes que reflete e contribui diretamente na evolução social e econômica do país, além de permitir o crescimento pessoal de milhões de cidadãos a cada dia.
O título desta matéria especial não poderia ser outro: San Remo, o ônibus, foi um festival de evolução e os transportes devem muito a este modelo que às vezes não recebe a atenção merecida quando o assunto é história da mobilidade.
Só para você ter uma ideia, o San Remo foi ônibus com cara de caminhão, ônibus Romeu e Julieta – um antecessor do articulado, ônibus articulado propriamente dito, trólebus, ônibus alongado, ônibus para exportação, ônibus para andar na terra e foi um dos ônibus que marcaram o início de uma nova padronização que trouxe maior qualidade nos transportes urbanos, com a implantação do Padron.  É isso mesmo! Tudo em um único modelo, porém em diferentes versões.
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Marcopolo San Remo com chassi longo Mercedes-Benz OF-1313, usado para demandas maiores de passageiros
Toda esta versatilidade era reflexo de um país gigante, com diferentes realidades, e também de um país em plena transição.
O San Remo tem outra face na história: marcou um dos momentos mais importantes da história da produtora Marcopolo, que já era grande na época, mas se tornou gigante e mundial.
Enquanto as primeiras versões do San Remo eram produzidas, a Marcopolo dava um salto no segmento de ônibus.
Em 1977, a Marcopolo adquiriu a Nimbus, marca de carrocerias que começaram a ser produzidas em 1968 pela manufatura Furcare S.A., empresa fundada em 1959 na cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.  Em 1967, a Furcare teve a administração assumida pelos irmãos Doracy Nicola e Nelson Nicola, sócios e fundadores da encarroçadora Nicola.
Vale lembrar que Nicola foi o primeiro nome da Marcopolo, fundada em 1949. A mudança para o nome Marcopolo teve origem em 1968, quando no VI Salão do Automóvel, a empresa renovou a linha de ônibus rodoviários e lançou o modelo Marcopolo. Em agosto de 1971, finalmente a Nicola teve a razão social mudada para Marcopolo S.A. Carrocerias e Ônibus. O nome tinha sido alterado por dois motivos. Um deles foi sucesso do modelo Marcopolo que acabou conquistando no mercado um nome mais forte do que da própria marca Nicola. O outro motivo é que curiosamente, nesta época, não havia mais nenhum Nicola à frente da empresa Nicola.
A continuação da fabricante de carroceria, mesmo depois da saída de todos os Nicola, e a mudança de nome para Marcopolo teve um personagem visionário à frente. Era Pedro Paulo Bellini nascido em 20 de janeiro de 1927, e que participou dos primeiros anos da Nicola, quando em 1951, precisou da ajuda do pai, Alberto Bellini, para completar o dinheiro que precisava para comprar a parte que era de sócios alemães: 240 mil cruzeiros.
A Nimbus continuou operando com esse nome até 1979, quando foi incorporada pela Invel  – Indústria de Veículos e Equipamentos Especiais Ltda, empresa da Marcopolo, que fazia, entre outros produtos, micro-ônibus.
Não foi à toa que as últimas versões do modelo Nimbus Haragano tinham linhas muito semelhantes à do San Remo, da Marcopolo. É que quando foi absorvida pela Invel, a planta da Nimbus continuou operando, mas sem o nome. O Haragano depois foi continuado como uma versão do San Remo. A planta da Nimbus foi fechada definitivamente em 1983.
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NimBus
Ônibus da Nimbus, recentemente comprada pela Marcopolo, com as linhas do San Remo.
Nesta época também, a Marcopolo teve uma planta em Minas Gerais. Era a Marcopolo Minas S. A., na cidade de Betim, criada em 1979.
Um dos anúncios na ocasião mostrava um San Remo que tinha no letreiro escrito Marcopolo Minas S. A.
San Remo
Anúncio, com San Remo, destacava a Marcopolo Minas.
VÁRIOS NOMES – A CARA DO BRASIL.
Como foi possível ver mais acima no texto, o San Remo teve diversas aplicações, desde para tráfego em áreas difíceis até na concepção de um novo padrão para o transporte coletivo brasileiro.
Diante de tudo isso, o San Remo recebeu diversos nomes, nas suas mais variadas versões. Alguns oficiais da Marcopolo, outros dados pelo mercado, entusiastas e profissionais que atuavam nas ruas e nas garagens. Entre os nomes se destacam: Marcopolo San Remo, Marcopolo San Remo I, Marcopolo San Remo ST, Marcopolo San Remo Expresso, Marcopolo San Remo Intermunicipal, Marcopolo San Remo II, Marcopolo San Remo Padron, Marcopolo San Remo II Articulado e até outros mais.
San Remo
San Remo se destacou nos final dos anos de 1970 também pelos ângulos na carroceria que davam ar de modernidade.
O ônibus Marcopolo San Remo, em sua primeira versão, foi apresentado ao mercado em 1974, época de muita concorrência no setor, quando eram disponibilizados pelas outras encarroçadoras ônibus também de muita qualidade.
O San Remo coexistiu com outro ônibus que foi sucesso da Marcopolo, o Veneza, criado em 1971. Apesar de os dois ônibus serem destinados para os transportes urbanos e interurbanos, o fato de os dois praticamente viverem numa época só era perfeitamente aceitável, já que havia diferenças nas propostas entre ambos.
O Veneza era uma espécie de ônibus urbano Premium da Marcopolo. O San Remo nasceu com a proposta de ter uma melhor relação custo/benefício, além de ser mais leve.
Entre as características iniciais do San Remo estava o letreiro maior.
A visibilidade no San Remo também foi uma das preocupações da Marcopolo que dotou o modelo com janelas amplas.
Os ângulos nas partes da frente e da traseira da carroceria do San Remo passavam um ar de modernidade.
A primeira versão do San Remo foi produzida entre os anos de 1974 e 1979. Na mesma época estavam no mercado o San Remo Intermunicipal, que tinha uma caída na parte superior dianteira e um melhor acabamento interno, e o San Remo Expresso, carroceria desenvolvida para chassis de motor traseiro, que como característica, tinha uma área envidraçada maior no lugar onde ficava o motor na versão com a propulsão dianteira.
San Remo
San Remo Intermunicipal, com sua caída na parte frontal superior. Mais atrás, modelo Urbano da Ciferal, em linha entre Angra dos Reis e Rio de Janeiro.
San Remo
San Remo com motor traseiro para serviço e maior área de envidraçamento na frente.
Uma página muito curiosa da história do San Remo foi em 1978, quando o modelo recebia a frente de caminhões Mercedes-Benz, principalmente de plataformas L-1113.
Esta versão foi comum em outros países da América Latina, mas também pode ser vista em áreas de difícil acesso no Brasil.
A robustez era uma das principais características.
San Remo
O San Remo ST tinha frente de caminhão Mercedes-Benz e operou em áreas de tráfego mais difícil na América Latina, incluindo linhas no Brasil
O San Remo já na sua primeira versão foi sucesso no país e no exterior. Algumas unidades foram embarcadas até mesmo para o continente africano, mas o sucesso maior de vendas para o exterior foi a América Latina.
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San Remo para o mercado externo, com direção do lado direito.
Também foram vistos nesta época, Marcopolo San Remo no estilo Romeu e Julieta. Era uma espécie de antecessor do ônibus articulado. O veículo ônibus puxava um reboque que também levava passageiros.
Mas houve também San Remo Articulado.
San Remo
San Remo no estilo Romeu e Julieta. Ônibus puxava carroceria-reboque
San Remo
San Remo articulado para o Peru
No ano de 1978, o San Remo ganhava uma nova versão, denominada San Remo II, com linhas ainda mais modernas, maior espaço interno e novos materiais.
Foi com San Remo II que a Marcopolo produziu uma nova geração de trólebus, usada em diversos sistemas, principalmente no Estado de São Paulo, como em Araraquara e na capital paulista.
San Remo
Trólebus San Remo preservado pela Metra, empresa de São Bernardo do Campo
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Trólebus articulado San Remo, de 1985, para a CMTC –Companhia Municipal de Transportes Coletivos, da Capital Paulista
San Remo
Trólebus San Remo para o sistema de Araraquara, no interior paulista.
Também a partir do San Remo da segunda geração que a Marcopolo contribuiu para o desenvolvimento de um padrão novo de ônibus para o Brasil.
Era o projeto Padron – Estudo de Padronização dos Ônibus Urbanos.
O objetivo do GEIPOT – Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes, ou Empresa Brasileira de Planejamento dos Transportes, na época, era oferecer conforto e segurança no transporte urbano brasileiro, além de características que permitiriam economia de combustível.
Vale lembrar que o mundo vivia na ocasião uma das grandes crises do petróleo.
Não havia uma padronização para construção de ônibus.
Os conceitos do Padron são usados até hoje pela indústria nacional.
San Remo
Ônibus tinha de atender diversas exigências, como menor altura em relação ao solo para facilitar embarque e desembarque.
O Padron foi desenvolvido a partir de 1977 e teve diversas etapas. Em 1978, os técnicos e engenheiros criaram as especificações técnicas para carrocerias e chassis. No ano de 1979, o relatório parcial com as características de desempenho mecânico foi entregue a três fabricantes brasileiros de chassis. Mercedes-Benz, Scania e Volvo.
A última etapa consistiu na construção de cinco protótipos de carrocerias pela Marcopolo, Caio e Ciferal.
Entre 1980 e 1981, os veículos circularam por oito meses em Brasília e outras seis capitais, transportando mais de 900 mil passageiros, o que permitiu que em 1983 fosse publicado o relatório final do projeto.
Entre as exigências básicas que os ônibus Padron precisavam atender estavam:
Localização do motor: Traseira ou no entre eixos
Características do motor: Potência/Torque acima de 9 kw/t e 40 Nm/t
Nível do ruído: abaixo de 75 db (A)
Nível máximo de emissões: esc 4 alt. 500mm
Transmissão: Obrigatoriamente automática
Suspensão: Obrigatoriamente pneumática
Chassi: Especificamente para ônibus com baixa altura do piso
Sistema de freios: Pneumático, dois circuitos e freio de estacionamento independentes
Painel de instrumentos: Sinalização de advertência, luz central de alarme e informações básicas para o motorista.
Durabilidade Mínima: vida útil de 800 mil KM – 10 anos de operação
Comprimento total: 12000 mm
Largura: 2600 mm
Portas laterais: 3 portas de 1100 mm de largura e 2000 mm de altura
Altura máxima do primeiro degrau: 370 mm
Passageiros sentados: 37
Passageiros em pé: 47
San Remo
Marcopolo San Remo articulado já atendendo às especificações Padron para o sistema de Curitiba
E foi com base no San Remo da segunda geração que a Marcopolo foi uma das empresas que contribuíram para o projeto Padron.
O San Remo deixou de ser fabricado em linha no ano de 1983, embora que até 1985 alguns projetos especiais como de trólebus articulados receberam a carroceria.
O modelo abriu caminho para o Marcopolo Torino que, com as devidas modernizações, é fabricado até hoje e é o ônibus urbanos mais longevo da história da indústria nacional de veículos e transporte coletivo.
Assim, por todos estes fatos e tantos outros mais que sequer foram relatados, o modelo San Remo merece este registo.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes