sexta-feira, 18 de agosto de 2017

EXCLUSIVO: Compra de novos ônibus não poluentes está travada em São Paulo, mesmo após anúncio da prefeitura

Ônibus elétrico anunciado por Doria para começar a operar em 31 de julho não recebeu ainda autorização para operar no Brasil, segundo SPTrans.
Empresas de ônibus dizem que não receberam nenhum retorno concreto do poder público sobre investimentos. SPTrans alega que veículo elétrico apresentado por Doria não foi liberado no País
ADAMO BAZANI
A questão dos ônibus menos poluentes em São Paulo tem sido marcada mais por discursos do que por ações de fato.
Conforme o Diário do Transporte noticiou nesta quinta-feira, a audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo sobre um novo cronograma de substituição da frota de ônibus a diesel por modelos que emitem uma quantidade menor de poluentes foi marcada por polêmicas, informações desencontradas e números conflitantes sobre a poluição gerada pelos atuais veículos do transporte coletivo municipal. Relembre:
Enquanto toda a discussão ocorre ainda sem nenhuma definição, a compra de 60 ônibus elétricos que não emitem poluentes durante a operação está travada.
Diário do Transporte apurou que nada na prática avançou depois do anúncio feito pelo prefeito João Doria e pelo secretário de mobilidade e transportes, Sergio Avelleda, em 14 de julho, sobre a compra de 60 ônibus elétricos à bateria pela Ambiental Transportes Urbanos e a instalação de uma estação de recarga na garagem com energia elétrica gerada por energia solar.
Nem mesmo o único veículo apresentado naquele dia, um ônibus com carroceria Caio e chassi da empresa chinesa BYD, feito em Campinas (SP), está circulando. Assim, anunciado como o primeiro ônibus elétrico fabricado no Brasil para operar comercialmente em São Paulo, o veículo não opera, além de não ser o primeiro ônibus brasileiro com tração elétrica. A promessa era que o veículo ganharia as ruas em 31 de julho, inclusive gravada em vídeo pelo prefeito e divulgada em sua página no Facebook.  “Tecnologia chinesa já produzida aqui no interior de São Paulo, e a nossa capital passa a utilizar este ônibus, já na primeira experiência, a partir de 31 de julho. Autonomia de 300 quilômetros, carrega bateria em quatro horas, tem wi-fi, ar-condicionado, acessibilidade, conforto interno” – disse há mais de um mês, Doria sobre algumas das características do ônibus.
Relembre:
“As empresas de ônibus estão dispostas a investir em tecnologias não poluentes para a cidade de São Paulo, mas a SPTrans não autorizou a compra destes veículos e não sinalizou nada a respeito da remuneração dos investimentos e as especificações técnicas e operacionais. Não houve nenhum retorno por parte da SPTrans. As empresas de ônibus querem uma frota mais limpa, mas não podem agir sozinhas. São investimentos altos para comprar estes ônibus e adequar a infraestrutura da garagem, precisa  haver uma segurança e uma formalização a respeito da remuneração sobre estes investimentos” – disse ao Diário do Transporte, o presidente do SPUrbanuss – Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo, Francisco Christovam. A entidade representa as companhias de ônibus do subsistema estrutural da cidade, correspondente às linhas que contam com os veículos de maior porte e passam pela região central.
A SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora dos serviços de táxi e ônibus na cidade, informou ao Diário do Transporte, por meio de nota, que o ônibus apresentado ainda não está liberado para  circular comercialmente no País porque não foi homologado
A SPTrans informa que está pendente, por parte da fabricante de carroceria do ônibus elétrico, a documentação necessária para liberação do veículo no país, conforme preveem as leis de trânsito vigentes.
 Sem tais documentos, não é possível emplacar o veículo, bem como a emissão dos seus documentos por parte do Detran-SP, que permitirão que ele opere regularmente na cidade de São Paulo.
Por este motivo que o modelo tem ainda placas de identificação verdes e não vermelhas, como nos demais ônibus.
A SPTrans foi questionada pelo Diário do Transporte sobre a informação das empresas de que não teria  havido ainda negociação quanto à infraestrutura, remuneração do investimento nos veículos e na estação de carregamento que capta energia solar e transforma em energia elétrica. Mas a gerenciadora não respondeu a estes pontos, assim como não se pronunciou sobre o questionamento a respeito de haver ou não previsão de ampliação da rede de trólebus.
GÁS NATURAL TAMBÉM NÃO FOI LIBERADO:
Outro veículo que é considerado menos poluente que um ônibus convencional movido a óleo diesel é uma unidade a gás natural que está na garagem da companhia Viação Gato Preto, da zona Sudoeste, da Capital Paulista.
O ônibus esteve em demonstração pela fabricante em outras cidades brasileiras, mas ainda não recebeu autorização da SPTrans para ser testado em São Paulo.
Confira:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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