segunda-feira, 1 de maio de 2017

Alegando prejuízos, empresas de ônibus do Rio de Janeiro querem tarifa de R$ 5,30

Valor é apontado num estudo contratado pelos empresários, no entanto, poderia afugentar ainda mais os passageiros
ADAMO BAZANI
Aumentar as tarifas ou baratear o sistema atraindo mais passageiros e aumentando a qualidade e eficiência?
Essa é uma das grandes questões na mobilidade urbana quanto ao seu custeio.
Em todo país, há uma verdadeira queda de braço entre gestores públicos, empresários de ônibus e a população sobre os valores cobrados nas catracas.
O fato é que os serviços de transportes são caros e não satisfazem as necessidades do consumidor plenamente.
No Rio de Janeiro, a questão não é diferente.
As viações da cidade, por meio de um estudo da EY (novo nome da Ernst & Young), empresa de consultoria, dizem que hoje a tarifa necessária para manter os custos do sistema deveria ser de R$ 5,30.
O levantamento foi encomendado em 2013 e teve os valores corrigidos.
A Ernst Young costumeiramente é contratada pelas empresas de ônibus para justificar os pedidos de valores tarifários.
A questão tarifária no Rio de Janeiro tem um impasse. O até o momento secretário de Transportes e vice prefeito, Fernando Mac Dowell e o prefeito,  Marcelo Crivella, já disseram que enquanto a meta de ar-condicionado em toda a frota não for cumprida, não haveria reajuste tarifário.
Mas as companhias de ônibus dizem essa atitude contraria o contrato que prevê reajuste anual.
A juíza Luciana Lousada Albuquerque Lopes, da 8ª Vara da Fazenda Pública no Rio de Janeiro, determinou o processo de revisão tarifária por parte da prefeitura.
Os R$ 5,30 sugeridos pelas empresas de ônibus seriam para cobrir os custos com o cronograma de frota com ar-condicionado e também para a manutenção do sistema como um todo.
As companhias de ônibus alegam dificuldades financeiras. Segundo os empresários, nos últimos dois anos sete empresas de ônibus fecharam as portas justamente por causa do desequilíbrio financeiro.
Ao mesmo tempo, as companhias veem sua arrecadação cair pela perda de demanda de passageiros. De acordo com levantamentos das catracas em estações e veículos, entre 2015 e 2016, as companhias de ônibus perderam 50 milhões de passageiros registrados.
Os motivos são os mais variados: a crise econômica, que fez com que o número de viagens de trabalhadores diminuísse, mas também problemas específicos ao sistema, como a falta de qualidade plena dos serviços e os enxugamentos de linhas pouco inteligentes que levaram pessoas para o metrô ou então desestimularam os trajetos por transporte público.
Baldeação tudo bem, mas pula pula entre vários ônibus, viagens para trás (para ir de um ponto a outro, o passageiro faz marcha a ré no trajeto) e longas esperas na troca de um ônibus para o outro, é repelente de passageiros.
Se houver um valor muito alto de tarifa, sem uma compensação, esta perda pode ser ainda maior.
Assim, na prática, o que os empresários pedem é subsídios, porque sabem que com a tarifa a R$ 5,30, muita gente vai achar mais barato, prático e melhor, pegar o carro, a moto ou ir pelo sistema de trilhos. E não estará errada em seu raciocínio.
Fora que é a prática da negociação. Joga-se o pedido lá em cima, sabendo que a exigência inicial não vai ser atendida, para conseguir o real objetivo, que é menor.
O fato é que em breve,  a tarifa vai aumentar, mas o crônico problema de custeio dos transportes não estará resolvido.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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