domingo, 14 de maio de 2017

Se toda a produção da indústria automotiva fosse de veículos elétricos, impacto sobre consumo de energia seria de apenas 3,3%

Ônibus elétrico cuja energia é gerada pelo sol. Energia solar abastece estação onde ônibus recarrega baterias.
É o que defende Marcio Massakiti Kubo, coordenador de P&D da Itaipu Binacional, em evento da Associação de Engenharia Automotiva
ADAMO BAZANI
Atualmente, uma das dúvidas em relação à implantação de frotas elétricas no Brasil é se haveria energia suficiente para um volume significativo de carros, ônibus e caminhões com esse tipo de propulsão.
Qual impacto na geração e no fornecimento de energia elétrica se, por exemplo, hoje os 14.700 ônibus municipais da cidade de São Paulo fossem elétricos, seja por bateria ou em rede aérea?
Segundo o engenheiro e coordenador de P&D da Itaipu Binacional, Marcio Massakiti Kubo, o aumento de consumo seria muito pequeno.
“ Nossos estudos indicam que se transformássemos toda a produção de autoveículos – 3,4 milhões de unidades, números de  2011 – em elétricos, o impacto seria um adicional de apenas 3,3% na demanda por energia elétrica do País” – disse  na 3ª edição do Seminário de Propulsões Alternativas, promovido pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, realizada no Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, que trouxe o tema “Aplicações atuais e futuras das novas propulsões”
De acordo com engenheiro, esse baixo consumo a mais tem como principal explicação a eficiência energética dos atuais modelos de caminhões, carros e ônibus elétricos no Brasil e no mundo. Relativamente esses veículos, na visão do profissional, consomem pouco e a têm aproveitamento energético de ponta a ponta, desde a captação da matéria prima até a tração do veículo, bem melhor do que dos combustíveis fósseis.
“Os motores a combustão, por meio de combustível fóssil, apresentam eficiência energética de apenas 15%, se considerada “do poço à roda”, enquanto os veículos elétricos 40%.”
Na nota a AEA, o engenheiro ainda disse que economicamente, o veículo elétrico no Brasil pode ser mais vantajoso que os de combustível fóssil.
“Se considerarmos ainda que usuário comum de automóvel percorre apenas 54 km/dia, 80% dos veículos podem ser recarregados em casa e que o custo da energia elétrica é de US$ 4 para cada 100 km rodados, o carro elétrico é mais que viável”.
No seminário, que contou com a presença de cerca de 140 profissionais, também foram apresentadas vantagens de outros tipos de tração, como a célula de combustível alimentadas 100% etanol, chamada “E-Bio Fuel Cell System”, o hidrogênio obtido a partir do gás natural ou etanol e o biometano, combustível obtido na composição do lixo.
O subsecretário de Energias Renováveis do Governo do Estado de São Paulo, Antonio Celso de Abreu, disse que Programa Paulista de Biogás (uso veicular) já prevê o uso maior do biometano.
“O Plano Paulista de Energia estabelece políticas públicas capazes de estimular o crescimento econômico com um uso menos intensivo de energia, por meio da eficiência energética, da ampliação do uso de energia renováveis. Dentro deste contexto, o ‘Programa Paulista de Biogás’, por exemplo, determina a adição de um percentual mínimo de biometano ao gás canalizado comercializado no Estado de São Paulo”, disse o subsecretário.
Na visão dos profissionais que participaram, segundo ainda a nota da AEA, “com o fim do Inovar-Auto este ano e a formalização do programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, a nova política industrial a partir de 2018, as propulsões alternativas tendem a ganhar papel preponderante no setor automotivo brasileiro, assim como já é uma realidade, ainda que em proporções restritas, em mercados mais evoluídos.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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