quarta-feira, 9 de maio de 2018

Mercedes-Benz renova linha de ônibus rodoviários com pacote tecnológico que pode reduzir em até 8% o consumo de óleo diesel

Novidades são para linha de rodoviários – CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR
Entre as novidades estão programa de troca de marchas, aumento do torque dos motores, sistema de compressão de ar com válvula no cabeçote, controle eletrônico do ventilador do radiador e desligamento automático do motor
ADAMO BAZANI
O Brasil ainda se ressente de uma crise econômica, com sinais de recuperação, mas sem números plenos e consolidados. A situação está melhorando, mas ainda há temores, em especial motivados pelo cenário político.
O momento é de tentar voltar a crescer e investir com cautela e de maneira mais racional sem, entretanto, comprometer a qualidade final dos produtos e serviços prestados.
Com o setor de transportes de passageiros não tem sido diferente.
Depois de anos com retração de investimentos, as companhias de ônibus voltam a comprar veículos novos em maior volume, mas, de olho na redução de custos de aquisição e, principalmente, de operação.
E a tecnologia pode ser uma aliada neste momento.
Uma das fabricantes de ônibus que aposta em novas soluções tecnológicas para que os veículos gastem menos e tenham maior eficiência é a Mercedes-Benz, que nesta terça-feira, 08 de maio de 2018, apresentou à imprensa especializada, com a presença do Diário do Transporte na planta de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, novidades para a linha de ônibus rodoviários dos modelos O500 RS (dois eixos), O500 RSD (três eixos) e O500 RSDD (quatro eixos).
Trata-se do pacote denominado pela montadora de “Fuel Efficiency” já disponível no mercado.
“Esse pacote de soluções pode trazer uma economia entre 2% e 8% no consumo de combustível e tem um impacto de apenas 1,5% a mais no preço do ônibus. Escolhemos que este pacote inicialmente esteja disponível na linha de rodoviários, por causa da retomada expressiva deste segmento no mercado e, principalmente, pelo peso do custo de combustível nas linhas de características rodoviárias. Hoje o combustível representa em torno de 25% a 30% de todos os custos de uma empresa rodoviária. Os ônibus rodoviários rodam de 15 mil a 25 mil quilômetros por mês” – explicou o diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Walter Barbosa.
Walter Barbosa, ao lado da Caixa GO 240, que tem novo programa que permite menos trocas de marchas A economia final de combustível vai depender de diversos fatores, como dirigibilidade, condições de tráfego e extensão das linhas.
O pacote é formado por: novo programa da caixa automatizada, novo sistema de compressão de ar do motor, gerenciamento eletrônico do ventilador do radiador, motor com mais torque e desligamento automático do motor. Veja os detalhes:
– Caixa Automatizada com nova parametrização: Segundo a montadora, a caixa automatizada Mercedes PowerShift GO 240, com oito marchas, está com novo hardware e novo software, com características físicas e programação que permite menos troca de marchas e aproveita melhor o torque. “Se há menos trocas, logo há menos esforço dos componentes e, além de a economia de combustível, é possível ampliar o conforto para motorista e passageiros e o equipamento vai durar mais” – disse Walter Brabosa.
– Novo compressor de ar: O modelo, de acordo com a Mercedes-Benz, permite que o motor gaste menos combustível. Praticamente não houve alterações na parte de baixo do compressor. A maior parte das mudanças ocorreu no cabeçote, que tem agora uma nova válvula de alívio. O modelo antigo tem o compressor tradicional a partir do meio do chassi, com o APU (válvula reguladora, válvula de alívio e secador). Quando é atingido o nível máximo de pressão, o ar é liberado, mas o compressor ainda estará cheio. Com o novo sistema, uma espécie de sinal é enviado à válvula no cabeçote que logo alivia o nível de pressão, forçando menos o sistema. Isso, segundo a Mercedes-Benz, reduz a temperatura de trabalho e o nível de ruído, com consequente diminuição do consumo de combustível. “Todos os chamados periféricos consomem muita potência do motor. Nem toda a potência vai para a tração. Se conseguimos otimizar o trabalho destes periféricos, logo aliviamos o motor, que terá mais potência para rodar, consumindo menos combustível” – explicou o diretor de ônibus da Mercedes-Benz.
– Controle inteligente de ventilador: Chamado pela Mercedes-Benz de Visctronic, o sistema consiste em controlar as hélices do ventilador do radiador eletronicamente, acionando-as de acordo com a necessidade. Os sistemas tradicionais possuem hélices com embreagem de viscosa, com uma espécie de gel. No centro desta embreagem existe uma mola bimetálica, cujo nome se dá porque são dois tipos de metal. Essa mola se desloca em função da temperatura. De acordo com a Mercedes-Benz, além de fazer mais barulho, o modelo antigo pode funcionar mesmo com o sistema não necessitando. A novidade é que no lugar desta mola, a Mercedes-Benz colocou um sistema eletrônico que troca a rotação das hélices de acordo com a temperatura exata. “É mais um sistema que aliviamos e deixamos o motor mais livre, acionando o ventilador na velocidade necessária. Além disso, desenvolvemos um novo design para as pás das hélices. Por funcionar somente o necessário, há menos gastos de combustível, menor nível de ruído e a vida útil das correrias é prolongada” – explicou Walter Barbosa.
– Aumento no Torque do motor OM 457 LA de 360 cv: A Mercedes-Benz diz que a atualização do motor, que equipa os modelos O 500 RS 1836 e O 500 RSD 2436, permitiu o aumento de torque de 1.600 Nm para 1.850 Nm a 1.100 rpm. Isso foi possível com melhoramentos tecnológicos e por uma nova combinação com a caixa de câmbio, associada à nova relação de eixo diferencial. “Assim, conseguimos aumentar o torque em menores rotações, o que resulta em menos consumo de combustível. Já a 160 rpm é mantida a mesma capacidade de subida.  As velocidades de cruzeiro (80 km/h ou 90 km/h) ocorrem com rotações mais baixas” – disse o diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Walter Barbosa. O novo torque é só para os modelos O 500 RS e O 500 RSD. A linha com os motores de 408 cavalos continuam com o torque de 1900 Nm.
– Desligamento automático do motor: Chamado de EIS (Engine Idle Shutdown), o sistema já é usado em modelos de ônibus urbanos da marca. De acordo com programação da empresa de ônibus, a tecnologia desliga o motor depois de quatro a dez minutos de funcionamento com o veículo parado, desde que neste período, o freio de estacionamento esteja acionado, não haja nenhum toque nos pedais e, antes, aparece um aviso no painel. A situação de motoristas deixarem ônibus ligados em rodoviárias, terminais e bolsões de estacionamento sem necessidade é comum e, de acordo com a Mercedes-Benz, o sistema contribuiu para eliminar este custo desnecessário e criar uma autodisciplina do motorista.
Todas estas novidades já são de linha dos modelos O500 RS, O500 RSD e O500 RSDD. O único opcional é a caixa automatizada. A empresa que quiser, ainda pode comprar o ônibus com câmbio manual, uma cultura ainda predominante entre as garagens.
“Os ônibus rodoviários puros, ou seja, excluindo os de fretamento, ainda em sua grande maioria são de câmbio manual, em torno de 80% dos modelos deste mercado. Acreditamos que esta tendência ainda será mudada, mas lentamente” – acredita Walter Barbosa.
NOVO CÂMBIO PARA O O500 R:
Além do pacote que reformulou itens dos modelos O500 RS (dois eixos), O500 RSD (três eixos) e O500 RSDD (quatro eixos), a Mercedes-Benz informou também que, desde janeiro, o chassi O 500 R, indicado para fretamento ou linhas rodoviárias de curta distância, já vem equipado com o câmbio GO 190 de 6 marchas.
Uma das características do modelo é a alavanca de acionamento de marchas do tipo joystick com sistema servo-assistido. A Mercedes-Benz garante que este tipo de câmbio tem troca de marchas mais suaves e fáceis, aumentando o conforto do motorista e dos passageiros, já que há menos solavancos típicos dos acionamentos por cabo.
“Já era uma reivindicação antiga do mercado ter no O 500 R um sistema de câmbio parecido com o do O 500 RS. Nos estudamos, havia uma dificuldade inicial da simples transferência de um modelo para outro, mas agora conseguimos a solução” – comentou Barbosa.
O mercado de ônibus rodoviários está entre os segmentos do setor em maior expansão, por diversos fatores, como a recuperação parcial da crise econômica e o movimento de antecipação de renovação de frota de rodoviários por causa da entrada da obrigatoriedade em julho das plataformas elevatórias para oferecer melhor acessibilidade para pessoas que dependem de cadeira de rodas. Sabendo que os ônibus com estes equipamentos são mais caros, muitos empresários estão comprando os veículos ainda com preços menores, antes da obrigatoriedade.
E a Mercedes-Benz não quer perder a oportunidade.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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