domingo, 4 de outubro de 2015

Brasil pode aumentar PIB em R$ 609 bilhões se reduzir emissão de gás carbônico

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

trolebus
Trólebus em São Paulo. Ações como investimentos em corredores de ônibus e metrô, transporte público com matrizes energéticas mais limpas, agricultura de baixo carbono e uso maior de biocombustíveis poderiam fazer com que PIB do País cresça R$ 609 bilhões em 15 anos.
Investimento em transporte público foi apontado como essencial. Valor seria fruto de menores gastos com saúde pública e de maneiras mais eficientes de produção e prestação de serviços
ADAMO BAZANI
Em crise econômica e fiscal, o Brasil teme quedas maiores do PIB – Produto Interno Bruto para 2015 e 2016 e se vira para cortar gastos e até mesmo se cogita aumentar impostos dos cidadãos, com as discussões sobre a volta da CPMF, por exemplo.
Mas se o País adotar medidas mais proativas para a preservação do meio ambiente, até mesmo o aspecto econômico poderia melhorar.
E o Governo Federal sabe disso. Nesta quarta-feira, 23 de setembro de 2015, o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas –FBMC apresentou um estudo em cerimônia do Ministério do Meio Ambiente – MMA que revela que agir de forma sustentável rende dinheiro.
Segundo o estudo, se o Brasil conseguir alcançar as metas mais ambiciosas de redução de gás carbônico, será possível aumentar o PIB – Produto Interno Bruto em R$ 609 bilhões entre 2015 e 2030.
Daria para chegar a este valor pela queda nos gastos com saúde pública e aumento da eficiência da indústria e na prestação de serviços que estas medidas resultariam.
Entre as ações apontadas como fundamentais, estão o uso em maior escala de biocombustíveis, incentivo do uso do carvão vegetal na siderurgia, expansão da agricultura de baixo carbono e investimentos em transportes coletivos para que mais pessoas deixem os carros e motos em casa.
No caso dos transportes, mesmo se a principal fonte energética dos ônibus continuar sendo o diesel, que é mais poluente que a gasolina, ainda haverá benefícios pelo fato de um ônibus comum poder substituir até 70 carros de passeio em uma única vez pela quantidade de pessoas atendidas.
Mas o estudo sugere fontes de energia mais limpas para os transportes, como gás natural, biocombustível e eletricidade, e sistemas mais eficientes e de capacidade maior, como o metrô e o BRT – Bus Rapid Transit – corredores de ônibus.
O trabalho denominado “Implicações Econômicas e Sociais: Cenários de Mitigação de Gases de Efeito Estufa (IES-Brasil)” contou com a participação e dados dos setores mais importantes da economia brasileira e teve apoio institucional do governo federal.
Os pesquisadores avaliariam os impactos da redução de emissões de poluentes sobre índices econômicos como evolução do PIB, taxa de desemprego o índice geral de preços, a taxa de investimento, o saldo da balança comercial e o consumo das famílias.
Foram traçados dois cenários: os resultados das ações no ritmo em que estão e os resultados caso o governo ampliasse as medidas de redução de emissões ao meio ambiente.
Medidas como corredores de ônibus, metrô, agricultura mais sustentável e ampliação de matrizes energéticas mais limpas podem aquecer a economia, segundo o estudo coordenado pelos professores Luiz Pinguelli Rosa e Emilio La Rovere, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O valor de R$ 609 bilhões foi obtido com base na cotação média do real frente ao dólar em 2005.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o estudo vai auxiliar o governo na tomada de decisões de investimentos.
Nos próximos dias, o Brasil deve apresentar a meta do índice nacional de redução de emissões (INDC, na sigla em inglês) à ONU – Organização das Nações Unidas.
O objetivo do organismo internacional é limitar o aquecimento global em até 2 graus.
No final do ano, em Paris, os 193 países signatários da Convenção de Clima da ONU devem realizar as negociações para que uma nova ordem climática seja estabelecida.
Em nota, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, admitiu que o Brasil deve apresentar metas mais modesta para, segundo ela, entrar em compasso com os países que teriam de investir mais para as reduções.
“Apesar do de otimista, reconheço que a negociação não será fácil por conta da polarização atual … A INDC que apresentaremos é coerente com os interesses do país e com o corpo técnico da Convenção”, justificou a ministra na nota.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes.

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