quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Haddad diz que questões de mobilidade não precisariam ter ido para a Justiça

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

ônibus
Ônibus em São Paulo. Haddad diz que com o tempo, subsídios ao sistema de ônibus pode ter redução.
Sobre Uber, prefeito de São Paulo afirma que mercado livre na área de transportes pode virar “selvageria” e critica atrasos de obras no metrô
ADAMO BAZANI
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que muitas medidas em relação à mobilidade, como fechamento da Avenida Paulista para carros aos domingos, faixas de ônibus e ciclovias, foram desnecessariamente parar na Justiça.
A declaração foi dada em entrevista à redação brasileira da agência alemã DW Deutsche Welle, publicada nesta terã0feira, 27 de outubro de 2015 .
Segundo o prefeito, estas medidas cumprem a Lei 12.587 de 2012 que institui a Política Nacional de Mobilidade.
“Infelizmente nós estamos vivendo um processo contínuo de judicialização. Faixas exclusivas, ciclovias, diminuição daVELOCIDADE e agora a abertura das vias ao cidadão. Todas essas medidas passaram pelo crivo do Judiciário, infelizmente. Não precisava ter acontecido isso, porque é uma lei nacional. E não foi por outra razão que nós vencemos as matérias judiciais todas, não havia fundamento na ações do MP ou da OAB.”
Sobre o Uber, Haddad disse que a prefeitura estuda sob a luz da Lei de Mobilidade Urbana se é possível permitir que o aplicativo opere da forma como é hoje. O Uber não aceitou se enquadrar na nova categoria “táxi preto”, mais qualificada, criada pela prefeitura. Haddad disse que mercado livre para transporte pode virar “selvageria”.
“A nossa maior divergência com o Uber não é o serviço, tanto é que nós criamos um serviço muito parecido com o deles e vamos liberar cinco mil alvarás para atuar como se fosse o Uber. Então nós não temos nenhum problema com o serviço, a tecnologia, o aplicativo. Tudo isso é bem-vindo. É que o Uber defende o livre mercado no transporte. E nós entendemos que a total desregulamentação vai acabar em selvageria, como nós já vimos acontecer em São Paulo. Quando o poder público não regulamenta, começa bem e termina mal. Começa a precarizar o serviço e a canibalizar, um serviço em relação ao outro.”
ÔNIBUS:
Sobre os serviços de ônibus da cidade, Haddad disse à agência que com a licitação do sistema, que está em andamento e deve receber as propostas até o dia 19 de novembro, com o tempo, os subsídios para as empresas pode cair. Haddad descarta redução no valor das passagens.
“Acredito que não [redução da tarifa]. Porque o nosso nível de subsidio já é extremamente elevado em função do passe livre, que oferecemos para maiores de 60 anos e para estudantes. Nós vamos atingir, na semana que vem, 500 mil estudantes beneficiados, que deixaram de pagar a passagem. Isso fez com que o nível dos subsídios atingisse um recorde histórico. Então a diminuição da lucratividade das empresas privadas que exploram a concessão, eventualmente, vai impactar no subsídio, não na tarifa.”
O prefeito ressaltou também que toda política pública de mobilidade deve priorizar pedestres, ciclistas e transporte público. Ele disse que não há nada contra o carro, mas que medidas como faixas para ônibus são fundamentais.
“Eu não tenho nada contra o carro. Eu só acho que ele tem um lugar na sociedade. As cenas de ônibus em congestionamentos não se veem mais em São Paulo, são mais raras. Isso porque se segregou uma faixa para o transporte coletivo. É uma medida democrática porque é o meio de transporte que é utilizado pela maioria. Precisamos garantir que pedestre, ciclista e usuário de transporte público, nessa ordem, tenham prioridade. É o que determina o Plano Nacional de Mobilidade, uma lei federal de 2012, muito pouco observada pelos prefeitos do país.”
Ainda sobre mobilidade, Haddad disse que concorda em parte com a afirmação de que antes de haver restrições aos carros, deve-se oferecer um transporte público de qualidade. O prefeito, que negou saída do PT, criticou os atrasos nas obras para a expansão do Metrô, há 20 anos, alfinetando o partido rival, PSDB:
Um dos argumentos das pessoas que usam carro é que ele é mais confortável. Alguns especialistas dizem que é preciso, primeiro, dar uma alternativa de transporte público de qualidade para o cidadão, para só depois começar a restringir o uso do carro, até para não sobrecarregar o sistema de transporte coletivo. O que o senhor acha?
Com uma parte da crítica eu concordo. É por essa lentidão das obras do metrô, que são da alçada estadual. Mas elas estão lentas há 20 anos. E a prefeitura não pode deixar de dar uma resposta para a questão da mobilidade em função da ineficiência de outra esfera de governo.
Na entrevista, Haddad também fez duras críticas ao PMDB, que recentemente filiou a ex-prefeita Marta Suplicy, que era do PT, e que deve concorrer ao executivo municipal nas eleições de 2016.
“O que eu lamento no caso do PMDB é que eles tinham firmado um acordo que não estão cumprindo (…) Acordo político no Brasil já virou quase uma contradição de termos”, disse Haddad.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
CONFIRA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA EM:
ADAMO BAZANI

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