quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Ônibus Scania: Dois chassis para homologação de novos modelos na Busscar; crescimento de 10% para rodoviários e GNV com 28% de redução de custo operacional


Ônibus de 15 metros Scania para carrocerias de dois andares. Marca quer ampliar sucesso do ano passado – Clique na foto para ampliar
Executivos da montadora ainda falaram sobre trólebus, licitação de São Paulo, estimativa de venda de biarticulados e o 14 metros 4×2 como alternativa aos veículos de três eixos
ADAMO BAZANI
A Scania revelou ao Diário do Transporte que enviou à Busscar dois chassis à encarroçadora em Joinville para a homologação de novas carrocerias que serão apresentadas ao mercado.
Os novos sócios da Busscar também têm participação na encarroçadora Caio, especializada em modelos urbanos, mas o grupo explicou que não foi a Caio que comprou a Busscar.
São os chassis K310 4×2 e K360 LD 6×2.
De acordo com o diretor de vendas de ônibus para o Brasil, Silvio Munhoz, os modelos encarroçados já devem ser comercializados logo depois da aprovação pelo Denatran.
“Nós já tínhamos uma relação muito positiva com a Caio e essa relação se estendeu para a Busscar. No final do ano passado, já enviamos um chassi 4X2 para eles fazerem o trabalho de homologação da carroceria e no produto final completo, mesma coisa já se repetiu com o chassi 6X2, eles (Busscar) já vão trabalhar no desenvolvimento de projeto para homologação junto ao Denatran para poder começar a vender, de acordo com eles, já no segundo semestre” – disse Munhoz à reportagem.
CRESCIMENTO DE RODOVIÁRIOS E A TENDÊNCIA DOS ÔNIBUS DE 14 METROS 4X2:
Eduardo Monteiro e Silvio Munhoz, executivos da Scania, analisaram mercado de ônibus
Enquanto a Caio vai continuar se concentrando no segmento de urbanos, a Busscar se dedicará aos modelos rodoviários, justamente o segmento que mais deve ser promissor neste ano para a Scania.
Munhoz acredita em crescimento em 2018 na ordem de 10% na produção e comercialização de modelos rodoviários por uma conjunção de fatores.
“O mercado rodoviário está grandemente motivado pelas grandes necessidades de renovações de frota que foram postergadas e pelo fluxo de passageiros que foi decrescente nos últimos três anos, mas que no final do ano passado voltou a crescer, então o operador hoje já vê perspectivas positivas. E também tem a regulamentação da ANTT de 2016 que deu ao mercado novas opções, mas colocou novas obrigações, como renovação de frota de forma mais controlada e em menos tempo do que a situação anterior e com novas opções que podem tornar a operação, em certas circunstâncias, mais econômica em relação ao que era antigamente” – explicou.
A Scania diz que possui uma linha completa de ônibus pesados rodoviários para diferentes aplicações, mas Silvio Munhoz destacou dois trunfos da marca: o ônibus de 15 metros 8×2 para carrocerias de dois andares e as configurações de 14 metros 4X2 que têm sido vistas pelas empresas como alternativas aos modelos 6X2, de três eixos.
A montadora conta que liderou as vendas dos ônibus rodoviários de 15 metros no ano passado e que neste ano quer manter a posição. A configuração representou em 2017, 40% das vendas de rodoviários da marca. Silvio Munhoz diz que o modelo da Scania tem um diferencial de projeto que possibilita maior aproveitamento de espaço no pavimento inferior do veículo de dois andares.
“No caso específico da Scania, o chassi 8X2 permite um salão inferior um pouco maior que a concorrência. Isso dá para o operador mais assentos ou mais capacidade para o bagageiro. A posição do eixo é diferenciada em relação à concorrência. Isso nos deu a possibilidade de fazer um salão um pouco maior. Esta é a realidade técnica do produto” – disse Silvio Munhoz.
Sobre o chassi 14 metros 4X2, o diretor de vendas de ônibus para o Brasil disse que o modelo tende a ser mais econômico e espaçoso para os passageiros e bagagens.
“O operador pode ter a mesma configuração interna que um 6X2 com 46 lugares, com reclinação e descansa-pés, banheiro e cozinha, e uma capacidade de transportes de bagagem muito boa. E tem a redução de um eixo. São pneus a menos rodando, não só o desgaste de pneus, mas menos combustível consumido. Essa possibilidade de oferecer o mesmo conforto e segurança que um 6×2 a um custo menor, tem levado os operadores a migrarem do 6×2 para os 4×2. A carroceria também é mais barata. No conjunto, o operador vê uma redução de custo  sem redução do benefício que ele oferece para seu passageiro.” – disse.
Silvio Munhoz ainda afirmou que os ônibus de três eixos hoje enfrentam as vantagens do 4×2 nas categorias mais simples e do 8×2 nas mais elevadas.
“ É um fenômeno que acontece de forma concomitante. A configuração tradicional do 6×2 está sendo atacada de um lado pelo próprio 4X2, mas aí vale a pena salientar, com um motor 360 cavalos. Para ter velocidade de cruzeiro e um bom consumo de combustível, com mais carga, tem de ter um motor com mais torque e potência, que é o 360 em relação ao 310. A configuração tradicionalmente mais vendida no nosso 4X2 foi de 310 cavalos, mas para a aplicação de fretamento e linhas curtas. Agora está maior procura do 4X2 de 14 metros, com 360 cavalos.  Já do outro lado, em categorias maiores, os operadores estão vendo mais vantagens no 8×2 com 440 cavalos. Então, a configuração 6×2 tem um momento no mercado de desafio e vai ter de se provar econômica em algum subsegmento para continuar perdurando.” – explicou.
VENDAS DE BIARTICULADOS PARA CURITIBA NO SEGUNDO SEMESTRE:
Biarticulado Scania com motor dianteiro: empresa acredita em vendas no segundo semestre
Se as perspectivas da Scania são positivas para o segmento de rodoviários, no caso de urbanos, para a marca, os números de vendas e produção devem ficar estáveis em relação a 2017.
“Ainda há circunstâncias constrangedoras. O poder público ainda não têm recursos e projetos suficientes para modernizar a mobilidade, o que impactaria em mais ônibus novos e não só isso, ônibus de qualidade, de melhor padrão. Além disso, há ainda uma grande disputa entre poder público e operadores pela questão das tarifas. De um lado, as empresas querendo reequilíbrio econômico e, de outro, os governos vendo a questão política e eleitoral” – disse Munhoz na apresentação a jornalistas especializados nesta segunda, 26, em evento no Museu da Casa Brasileira, que teve cobertura do Diário do Transporte.
Mas há perspectivas e apostas da Scania para o segmento, como a ampliação das vendas dos ônibus de 15 metros urbanos, dos biarticulados de 28 metros para o sistema de Curitiba e o mercado começar a assimilar a atual geração de ônibus GNV/biometano como alternativa à tradicional propulsão a óleo diesel.
Responsável pelo desenvolvimento de mercado de ônibus da Scania, Eduardo Monteiro, diz que os testes com o ônibus biarticulado de Curitiba têm apresentado bons resultados e que no segundo semestre, após homologação pela Urbs – Urbanização de Curitiba S.A. – gestora local, as primeiras vendas devem ser concretizadas para entrega no ano de 2019.
“O resultado tem sido muito bom, a gente avalia que o mercado estava carente de outra solução, além do que já possui, e o operador tem ficado bastante satisfeito em função da economia de combustível que o carro [ônibus] tem oferecido, que é uma característica dos Scania, e isso tem se confirmado no caso do biarticulado para Curitiba, mas é interessante que a população também tem demonstrado interesse no modelo. Não é raro ouvir casos de, quando logicamente a pessoa pode, esperar um pouco mais para passar o novo biarticulado. Temos tido este tipo de retorno. O ônibus está indo muito bem. A nossa expectativa é, sim, de no segundo semestre confirmar as vendas das primeiras unidades para a necessidade de renovação, que o sistema demanda” – explicou.
Atualmente, apenas a Volvo comercializa biarticulados para o sistema de Curitiba. Após um acordo entre prefeitura e as empresas de ônibus, que não renovavam a frota desde 2013, alegando desequilíbrio financeiro por causa da forma de cálculo da Urbs sobre projeção de demanda de passageiros, a administração do prefeito Rafael Greca anunciou que até 2020, as companhias vão comprar 150 ônibus novos por ano de diversos portes, dentre os quais, biarticulados.
O primeiro lote, de 25 unidades de biarticulados, foi vendido pela Volvo. Ontem, o prefeito Rafael Greca esteve na fábrica em Curitiba para acompanhar a produção. Relembre:
Enquanto o modelo da Volvo tem motor central, o da Scania tem propulsor na parte da frente, mas segundo Eduardo Monteiro, devido à disposição no chassi e ao isolamento reforçado na carroceria, a característica não acarreta em maior ruído e calor para o motorista e os passageiros.
GNV COM REDUÇÃO DE CUSTO OPERACIONAL:
Ônibus GVN em São Paulo. Scania diz que há redução de emissões, custos operacionais e de ruído
O sistema de transportes da cidade de São Paulo, depois de quatro anos de atraso, deve ser licitado ainda em 2018, pelo menos é o que promete a gestão do prefeito João Doria.
Um dos diferenciais da capital paulista em relação às licitações de outros sistemas, como da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos dos ônibus da Grande São Paulo, é a preocupação em relação às reduções dos poluentes lançados pelos ônibus na atmosfera.
Após quase um ano de calorosos debates na Câmara Municipal de São Paulo, uma lei de 2009 sobre o tema que não foi cumprida, foi modificada e deve nortear as exigências do edital. As empresas de ônibus em dez anos terão de reduzir as emissões de CO2 (gás carbônico) em 50% e em 100% no prazo de 20 anos. Já as reduções de MP (materiais particulados) devem ser de 90% em 10 anos e de 95% em 20 anos. As emissões de Óxidos de Nitrogênio devem ser de 80% em 10 anos e 95% em 20 anos.
A Scania aposta no modelo a Gás Natural Veicular – GNV que, segundo a montadora, pode reduzir as emissões de poluentes, em média, em 70%.
Eduardo Monteiro ainda falou que testes entre um modelo ainda trazido da Europa na comparação com modelos similares a diesel em mesmos trajetos em São Paulo e com o mesmo peso simulado mostraram que o ônibus GNV pode ter custo operacional 28% menor. Agora, a montadora vai apurar os resultados de um modelo já encaroçado no Brasil que opera desde o ano passado pela Viação Gato Preto, transportando passageiros, entre a zona Oeste e o centro da cidade.
“ A proposta que nós estamos oferecendo, em nossa visão, é aquela que melhor se adequa aos três pilares básicos que são a tecnologia, o meio ambiente e a questão econômica. A solução do ônibus GNV ou biometano é aquela que melhor responde a estes três pilares. Nós entendemos que sem um destes pilares, o projeto não avança e morre no meio do caminho. Em relação às demonstrações que nós temos feito é que a operação em termos de custo tem ganho de 28% em relação ao óleo diesel”. – defende Eduardo Monteiro.
“As reduções de emissões, principalmente dos poluentes locais como Material Particulado e Óxidos de Enxofre, são muito significativas. Isso por si só já justifica a introdução deste produto no sistema. Quando se agrega a redução de contaminação com a redução do custo operacional, se torna praticamente indiscutível sua introdução em relação às outras alternativas no mercado, mesmo às que a própria Scania oferece, de combustível alternativo e sustentável” – completou Silvio Munhoz.
Em relação ao Euro V (padrão atual no Brasil dos motores a diesel de veículos pesados), segundo a Scania, as reduções com o uso do GNV podem ser de 70% entre todos os poluentes. Já com o uso de biometano (gás obtido na decomposição do lixo), as reduções podem ser de 85%
“Se você levar só em consideração os elementos responsáveis pela poluição local, como Material Particulado e Óxidos de Nitrogênio, é possível diminuir em 90% o nível de emissões” – explica Eduardo Monteiro.
A Scania também diz que hoje na capital paulista, existem 15 mil quilômetros de tubulação e gás natural que atenderiam a 95% das garagens de ônibus da cidade, eliminando os problemas de abastecimento que ocorreram no passado.
Ainda em relação à má fama que anteriormente os ônibus a GNV adquiriram nos anos 1990, a Scania diz que os problemas de desempenho foram solucionados com tecnologia no abastecimento do tanque do ônibus e queima do GNV, que agora têm dosagem eletrônica.
A montadora ainda diz que por ser motor de Ciclo de Otto, diferentemente do diesel, os níveis de ruído tendem a ser menores.
TRÓLEBUS:
Trólebus de 15 metros de São Paulo têm chassi Scania, mas com mecânica de geração anterior.
Ainda é prevista na nova lei sobre frota de ônibus menos poluentes o uso da capacidade total da rede de trólebus da cidade, o que elevaria a frota de veículos deste tipo das atuais 200 para 250 unidades.
A Scania declarou que pretende oferecer ao menos uma parte desta frota de 50 trólebus remanescentes, mas que precisa atualizar o seu modelo de 15 metros. Os trólebus deste porte hoje em circulação na cidade têm módulos voltados a uma tecnologia anterior de chassi.
“Nós temos uma frota importante de trólebus na cidade de São Paulo rodando com o kit mecânico Scania: chassi, eixos, sistema de freio. Nós temos interesse em continuar sendo fornecedores deste sistema. Nós ainda temos um trabalho de desenvolvimento ainda a ser feito em relação ao produto que existe na cidade de São Paulo e o possível produto que poderia ser oferecido. Gostaríamos de receber pedidos para poder rapidamente fazer o desenvolvimento necessário e entregar mais uma vez estes kits para o integrador que vai construir estes trólebus” – finalizou o diretor da Scania ao Diário do Transporte.
Hoje, no mercado brasileiro, somente a Eletra, de São Bernardo do Campo, faz essa integração.
OUÇA AS ENTREVISTAS NA ÍNTEGRA:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Petrópolis-RJ. Novidades para a empresa Cidade das Hortênsias


Tem novidade para Petrópolis/RJ! Viação Cidade das Hortênsias adquire dois CAIO Apache Vip IV ex- Viação Nossa Senhora do Amparo. Os veículos são do chassi Mercedes-Benz OF-1721, sem ar condicionado. Serão as primeiras unidades do modelo a circular pela cidade petropolitana.

Divulgação: Marcos Nascimento UDO Busologia/ Facebook
Fonte: Corredores dos Transportes

Gontijo renova sua frota com novidades no seu layout

Fonte: Fortalbus
Os novos ônibus do modelo Paradiso G7 1200 da Empresa Gontijo está na fase de finalização na linha de produção da Marcopolo. Ao todo, a Gontijo adquiriu 50 novos ônibus com chassi Scania K400IB 6x2 que fazem parte do processo de renovação de frota da empresa, voltada para o transporte rodoviário.

A novidade da frota série 19000 é o teto frontal pintada com a cor amarela, seguindo uma tendência das principais viações brasileiras estão adquirindo veículos Marcopolo Geração 7. Com essa compra, a Gontijo reafirma o seu compromisso em investir na qualidade dos seus serviços, oferecendo viagens mais agradáveis com elevado padrão de sofisticação e segurança. 

Os 50 novos ônibus do modelo Paradiso 1200 comprados pela Gontijo vem divididos nas configurações Premium "Executivo" com 45 unidades, equipado com 46 poltronas tipo semi-leito com 1.060 mm de largura e descansa-pés, sanitário, sistema de ar-condicionado e Internet a bordo. Além disso, nesse lote vem com 05 unidades do modelo Leito equipados com poltronas mais largas e reclináveis, travesseiro/manta, água gelada, sanitário, ar condicionado e internet a bordo.

Atualmente a frota da Gontijo ultrapassa a marca de 1500 veículos, transportando anualmente cerca de 5 milhões de passageiros por 20 estados brasileiros, Distrito Federal e Paraguai

Aqui no Ceará, a Empresa Gontijo de Transporte é responsável pelas operação de linhas interestaduais e intermunicipal cearense através do lote 03, dentro de um Consórcio com a Viação Princesa dos Inhamuns.

Linhas Interestaduais

* Fortaleza x Floriano-PI
* Fortaleza x São Paulo-SP
* Fortaleza x Belo Horizonte-MG
* Crato x Natal-RN
* Crato x São Paulo-SP
* Crateús x Rio de Janeiro-RJ
* Crateús x São Paulo-SP
* Crateús x Petrolina-PE
* Sobral x São Paulo-SP
* Sobral x Rio de Janeiro-RJ
* Quixadá x São Paulo-SP
* Parambu x São Paulo-SP
* Juazeiro do Norte x Serra Talhada-PE 
* Juazeiro do Norte x Aracaju-SE

Linhas intermunicipais do Ceará

* Crateús x Sobral
* Crateús x Camocim

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

União Santo André nunca teve frota de ônibus tão velha e sistema perde 5 milhões de passageiros

Frota mais nova de algumas empresas do Consórcio União Santo veio usada e tem características que não agradam passageiros
“Renovação” dos ônibus municipais é feita apenas com veículos usados de outros sistemas
ADAMO BAZANI
Os passageiros de ônibus de Santo André, no ABC Paulista, nunca pegaram ônibus tão velhos desde o início das operações do Consórcio União Santo André, em 2008.
A média de idade dos ônibus do Consórcio, que responde por cerca de 75% dos transportes da cidade é de 6,22 anos. Bem acima, portanto, do contrato de concessão, que estipula média de cinco anos para toda a frota e idades máximas de oito anos para ônibus convencionais, micros e micrões e 12 anos para articulados.
Já a idade média dos ônibus da Suzantur, que opera as linhas tronco-alimentadoras da Vila Luzita, segundo a prefeitura de Santo André, é de 4,17 anos.
A empresa reponde por cerca de um quarto do sistema e opera a título precário (provisoriamente) até a realização de uma licitação das 15 linhas que deve ocorrer em março.
Entre Consórcio União Santo André, formado por várias empresas, e Suzantur, a idade dos ônibus na cidade está acima também do permitido: 5,92 anos.
Todo o sistema da cidade possui 393 ônibus que transportaram em todo o ano passado, 52,4 milhões de passageiros (Veja abaixo).
Os dados foram obtidos pelo Diário do Transporte por meio da Lei de Acesso à informação.
As renovações de frota que as empresas da cidade têm feito são com ônibus usados de outros sistemas, dentro da idade máxima permitida, mas os veículos têm apresentado problemas de operação e não têm as características de portas que os passageiros do ABC estão acostumados.
Na quarta-feira da semana retrasada, por exemplo, um longo congestionamento se formava por volta das 15h00 na Avenida Dom Pedro II, sentido São Caetano do Sul, que só tem duas faixas e é uma das principais vias da cidade de Santo André. Quando a reportagem do Diário do Transporte, que se dirigia para outra pauta, se aproximou da entrada principal do Parque Prefeito Celso Daniel, a razão do congestionamento era facilmente compreendida: um ônibus da Viação Guaianazes, usado do Rio de Janeiro, na linha B 21 (Cidade São Jorge – Bairro Campestre) estava quebrado.
A Viação Guaianazes e a ETURSA – Empresa de Transporte Urbano Rodoviário de Santo André têm operado com ônibus usados também de Indaiatuba, no interior de São Paulo, onde o dono destas companhias, o empresário Ronan Maria Pinto, deixou de operar os transportes municipais em 2016.
“É horrível este ônibus, tem porta no meio para descer, mas não tem porta traseira. Aí a gente vai para o fundo e quando quer descer tem que voltar para a metade do ônibus lotado. Quase perdi o ponto várias vezes e tenho que gritar com o motorista” – disse Jennifer Aielo, estudante de 18 anos, que utiliza a linha I 04 Jardim Las Vegas/Parque Capuava,  operada pela ETURSA.
“Esses ônibus fazem muito barulho por dentro, não são nada confortáveis, os motoristas não são educados. Uso ônibus em Santo André porque preciso. Se eu pudesse pulava da minha casa para o trólebus ou para o trem direto” – disse o vendedor Gustavo de Moura, que precisa ir sempre para São Paulo, mas antes usa os ônibus da linha I04 também.
Ônibus apenas com uma porta de saída, no meio, em Santo André, antes foi usado em Indaiatuba
Na linha B 19 – Jardim Aclimação/Rodoviária, operada pela EUSA – Empresa Urbana Santo André, as queixas em relação à baixa qualidade de frota também não faltam.
“Falaram que trocaram os ônibus nesta linha. Só se trocaram os velhos por menos velhos, porque tá tudo a mesma coisa. Outro dia, o motorista teve de parar e encostar o ônibus na guia porque disse que o freio estava falhando” – disse a aposentada Maria de Fátima Assis.
A EUSA é do empresário Baltazar José de Sousa, que não opera mais ônibus municipais em Mauá, também no ABC, e usa alguns dos ônibus que eram da cidade vizinha, em Santo André.
Já na linha I07 (Bairro Paraíso/Vila Lucinda), operada pela Viação Guianazes, a queixa é sobre os micro-ônibus.
“Essa linha é cheia, tem bastante gente, e só vem esses micrinhos. Precisa de ônibus de verdade, de empresa de verdade. Fora que a conservação é péssima. A cada troca de marcha que o motorista faz parece que vai estourar tudo. Fora que os motoristas são mal humorados, não têm uniformes. Parece uns bicheiros dirigindo o ônibus, camisa aberta, calça levantada, barba mal feita. Se eu vou trabalhar desse jeito, eu estou demitido, mas um dia me disseram. Empresa ruim, funcionário ruim…” – reclama o metalúrgico Paulo Almeida de Castro
Na linha B 63 (Jardim Alvorada / Vila Palmares), operada pela Viação Vaz, as reclamações são do tamanho do ônibus e uma regra da empresa que não permite que os motoristas abram a porta do meio por causa do elevador para cadeira de rodas. As fábricas projetam as portas com elevadores para receberem qualquer tipo de fluxo de passageiros, mesmo sem o equipamento acionado.
“Primeiro que essa linha só tem micrão. Uma droga. No horário de pico, vamos espremidos. Não é lotado, é superlotado. Essa linha é para ônibus normal. E essa empresa tem ainda uma coisa que irrita. Ela não deixa o motorista abrir a porta do meio. Por ser micrão, esse ônibus tem corredor mais estreito, aí para descer não tem jeito, as pessoas acabam se empurrando para chegar no fundo do ônibus e a porta do meio lá, fechadona. Já vi confusão.” – disse revolta a dona de casa Neucy Lima.
Já na linha I08, Jardim das Maravilhas/Bairro Paraíso, da Parque das Nações, a queixa é que os ônibus não têm elevadores para pessoas com deficiência, mesmo passando pela maior parte dos grandes hospitais públicos e particulares, e a idade dos veículos.
“Pense numa escola de samba desafinada. É o que você ouve num ônibus da I08. Bate tudo. Eu conheço esses ônibus, foram comprados em 2007 e começaram em 2008, ainda quando tinha a faixinha vermelha do outro prefeito. Poxa, este ônibus é opção para o Hospital Bartira, Hospital Municipal [de Santo André]; Hospital Celso Gama, Hospital Brasil, Hospital Mário Covas….e só alguns têm elevadores. E ainda sim, vieram usados” – disse o ferramenteiro Wilson Souza que ainda completou. “Sempre que dá, racho um Uber com vizinhos quando preciso ir para o Centro. Cada um paga mais barato que se pegarmos o ônibus aqui de Santo André, que roda pouco e é caro.”
SISTEMA DE SANTO ANDRÉ PERDEU CINCO MILHÕES DE PASSAGEIROS EM UM ANO
De 2016 a 2017, os ônibus municiais de Santo André registraram quase cinco milhões a menos de passageiros.
Ainda segundo os dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, em 2016, foram 57,32 milhões (57.323.767) registros de passagens pelo sistema de ônibus de Santo André. Já no ano de 2017, este número caiu para 52,49 milhões (52.491.822).
Isso significa que entre 2016 e 2017,  10,12 % de passageiros deixaram de usar ônibus na cidade.
RESPOSTAS:
Desde o dia 06 de fevereiro o Diário do Transporte pede uma resposta da prefeitura de Santo André sobre as providências do poder público quanto à frota antiga e os motivos pelos quais a prefeitura entende que justificariam a queda de demanda.
Mas a área técnica de transportes da prefeitura não respondeu
Diário do Transporte procurou na manhã de sexta-feira, 16, o diretor da AESA – Associação do Sistema de Transporte de Santo André, que reúne as empresas do Consórcio União Santo André, Luiz Marcondes de Freitas Júnior, questionando se há previsão de renovação da frota com ônibus zero quilômetro, assim como fizeram recentemente as empresas SBC Trans (São Bernardo do Campo), Suzantur (Mauá) e Vipe (São Caetano do Sul), que operam nas cidades vizinhas de Santo André.
Marcondes não respondeu.
A reportagem procurou na sexta-feira o diretor da Suzantur, Claudinei Brogliato, que disse que responderia nesta segunda-feira, embora a empresa esteja dentro dos parâmetros de idade de frota.
QUEM É QUEM NOS TRANSPORTES DE SANTO ANDRÉ:
O Consórcio União Santo André é formado pelas seguintes empresas:
Base Operacional 01 – Viação Guainazes / Viação Curuçá (proprietário Ronan Maria Pinto).
Base Operacional 02 – Viação Vaz (proprietário Ozias Vaz)
Base Operacional 03 – TCPN – Transportes Coletivos Parque das Nações (proprietário Carlos Sófio)
Base Operacional 04 – ETURSA – Empresa de Transporte Urbano Rodoviário de Santo André (proprietário Ronan Maria Pinto).
Base Operacional 05 – EUSA – Empresa Urbana de Santo André (proprietário Baltazar José de Sousa)
 Linhas Troncais e Alimentadoras do Sistema de Vila Luzita:
Suzantur (proprietário Claudinei Brogliato) – operação emergencial e depois a título precário até licitação.
Até 07 de outubro de 2016, era Expresso Guarará, da família Passarelli.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes