quinta-feira, 31 de agosto de 2017

TRANSPÚBLICO: Mercedes-Benz vende 72 ônibus de dois andares e 15 metros para Rio Grande do Sul

Ônibus de 15 metros da Mercedes-Benz. Com homologação, ônibus vão operar comercialmente
Veículos vão operar pela Unesul Transportes, Planalto Transportes, Viação Ouro e Prata, Viação Santa Cruz, Mingotti Turismo e TTL – Transporte Turismo Ltda.
ADAMO BAZANI
A Mercedes-Benz anunciou a venda de 72 chassis O500 RSDD, de 15 metros e quatro eixos, para empresas de ônibus do Rio Grande do Sul.
Os veículos vão operar pela Unesul Transportes, Planalto Transportes, Viação Ouro e Prata, Viação União Santa Cruz, Mingotti Turismo e TTL – Transporte Turismo Ltda.
O objetivo das empresas é prestar serviços em linhas regulares, especialmente interestaduais no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, além de destinos internacionais como Argentina, Paraguai e Uruguai. Mas há também operações de fretamento previstas.
Ao todo, para estas companhias, foram comercializados 96 ônibus. Há também 24 unidades de três eixos (6×2), com carroceria HD – motorista fica em piso inferior ao do salão de passageiros.
Todos os veículos serão encarroçados pela Marcopolo.
O diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Walter Barbosa, diz que os ônibus de 15 metros rodoviários devem contribuir para a alta prevista até o final do ano para o segmento.
“É uma demanda reprimida e estes ônibus de maior capacidade são uma solução esperada por anos pelos operadores. Tanto é que a categoria 8×2 (quatro eixos), quando era 14 metros de dois andares, representava 3% das vendas do segmento de rodoviários. Neste ano, com os 15 metros, as vendas de 8×2 devem reunir de 15% a 18% do segmento, mas depois deve haver um ajuste deste patamar.” – disse o executivo, que acrescentou ainda que as mudanças de legislações e do perfil do mercado fizeram os empresários optarem por ônibus maiores.
“Há gratuidades para estudantes, jovens de baixa renda, idosos, portadores de deficiência. São assentos nos ônibus não tarifados. Como muitas destas gratuidades se limitam a dois assentos e não são subsidiadas, e quando estes espaços são ocupados, há a obrigatoriedade de conceder desconto de 50% na passagem para estes passageiros, a solução é aumentar os lugares tarifados por ônibus. O modelo de 15 metros atende a isso. Há também o fato de, num veículo de dois andares maior, poder oferecer com mais flexibilidade e conforto duas categorias de serviços, como executivo e leito”.
A Mercedes-Bem já vendeu desde o lançamento, em meados deste ano, 94 chassis O 500 RSDD de 15 metros, sendo 72 desta nova comercialização, 12 para o Grupo Águia Branca, do Espírito Santo, e 10 para a Viação Garcia, do Grupo Brasil Sul, do Paraná.
A estimativa da fabricante é vender neste ano em torno de 200 unidades.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Ônibus elétrico apresentado por Doria recebe registro do Denatran, diz fabricante

Veículo em julho, quando foi apresentado pela prefeitura
Com isso, nos próximos dias, veículo vai ganhar placas vermelhas e operar comercialmente na capital paulista
ADAMO BAZANI
Um ônibus elétrico apresentado pelo prefeito de São Paulo, João Doria, foi incluído apenas nesta semana no sistema do Renavam – Registro Nacional de Veículos Automotores.
A informação é do diretor industrial da Caio Induscar, fabricante da carroceria, Maurício Lourenço Cunha, em entrevista ao Diário do Transporte. Era justamente o registro da carroceria que faltava.
“Com isso, nos próximos dias, o ônibus vai receber as placas vermelhas e aí sim, poderá transportar comercialmente passageiros. Hoje está com as placas verdes, usada na fase de testes e no período para a homologação” – disse o executivo.
A apresentação ocorreu em 14 de julho e, pela promessa do Doria, o ônibus estaria circulando com passageiros em 31 de julho.
Entretanto, outra promessa do prefeito ainda não tem definição quanto aos ônibus elétricos na cidade: a colocação de 60 unidades deste veículo, modelo Caio Millennium IV com chassis e motores da empresa chinesa BYD, que tem sede em Campinas, no interior paulista.
Relembre:
Ainda não evoluíram as negociações entre a SPTrans, gerenciadora do sistema da capital paulista, e a empresa de ônibus Ambiental Transportes, que liga parte da zona leste ao centro de São Paulo, e que seria a operadora destes veículos. O principal entrave é a tarifa de remuneração da empresa para operar estes ônibus que são mais caros e necessitam de uma estrutura para recarregar as baterias. A promessa do prefeito, inclusive, foi instalar estações na garagem que converte energia solar em elétrica.
Com isso, diante das indefinições sobre a alteração da Lei de Mudanças Climáticas, ainda não há perspectivas para a inclusão desta frota de ônibus que, por serem 100% elétricos e com bateria, não emitem nenhum tipo de poluição.
Ontem, o secretário municipal de mobilidade e transportes, Sérgio Avelleda, disse ao Diário do Transporte que a minuta do edital de licitação do sistema de ônibus só vai ser publicada depois desta alteração. Em 2009, a lei previa desde então, a substituição gradual, de 10% da frota ao ano, dos ônibus movidos a óleo diesel por ouras opções, até que em 2018, nenhum veículo dependesse somente de diesel. Mas as meta não será cumprida. Apenas 1,4% dos ônibus de São Paulo hoje atenderia a esta lei. Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Ônibus da Mercedes-Benz terão reaproveitamento de energia elétrica e vão desligar motor sozinhos

Novas tecnologias em veículo superarticulado, testado pela empresa Metra, do ABC Paulista
Novidades devem reduzir consumo de combustível e emissões, de acordo com montadora
ADAMO BAZANI
A sociedade evoluiu, o mercado está mais competitivo e a mobilidade acompanha esse processo, que traz novas exigências ou reforça necessidades antigas.
Hoje um dos principais anseios em relação aos transportes por parte dos cidadãos é mais conforto e agilidade, além da redução dos impactos ambientais. Por outro lado, com falta de políticas que privilegiem de fato o transporte coletivo e instabilidades até mesmo nas definições das tarifas, os operadores de ônibus necessitam de redução dos custos, já que tem sido cada vez mais difícil aumentar os ganhos.
E a tecnologia pode ser essencial neste novo contexto.
A Mercedes-Benz apresenta ao mercado dois sistemas que, segundo a fabricante, podem ajudar a reduzir o consumo de combustível, os custos com manutenção e as emissões de poluentes.
Um destes sistemas, denominado RKM, um é módulo de recuperação de energia elétrica, que “alivia” o motor da necessidade energética dos alternadores. Com este trabalho a menos, há menor “esforço” do motor e, consequentemente, o consumo de combustível tende a cair.  A montadora estima uma economia de 2%. Modelos já estão sendo testados, como no Corredor São Mateus-Jabaquara, operado pela Metra. A comercialização deve começar em janeiro somente nos ônibus urbanos padrons, articulados e superarticulados da marca.
O outro sistema, chamado EIS – Engine Idle Shutdown, permite o desligamento automático do motor do ônibus após um período de inatividade.  O tempo para o desligamento pode ser programado pela empresa de ônibus, mas originalmente é configurado para ocorrer após quatro minutos de inatividade. Já a partir deste mês, todos os ônibus da marca, urbanos e rodoviários, já saem de fábrica com este sistema, de série.
ENERGIA, QUANDO DOIS É POUCO E TRÊS É DEMAIS:
Segundo a Mercedes-Benz, a energia elétrica gerada pelos alternadores em um ônibus é superdimensionada. Isso ocorre porque como há diferentes configurações exigidas pelos vários sistemas brasileiros, é necessário trabalhar com uma sobra.
Há cidades, por exemplo, que pedem três letreiros eletrônicos no mesmo veículo (traseiro, lateral e frontal), ar-condicionado, câmeras, monitores de TV, carregadores para celulares, entre outros dispositivos.
É impossível fazer um conjunto de alternadores para cada sistema de transporte. Além disso, é muito comum no Brasil, as prefeituras ou governos estaduais pedirem mudanças nas configurações dos ônibus bem no meio do contrato. Por isso, tem de haver energia elétrica de sobra para as mais variadas funções dentro do ônibus: partida, letreiros eletrônicos, faróis, lanternas, luzes internas, validadores, GPS, etc
Mas, para produzir toda esta energia, os alternadores, que são ligados ao motor por correias, fazem com que o propulsor trabalhe mais e gaste mais combustível. E o pior, esta energia extra é desperdiçada.
Na prática, foi queimado combustível (e dinheiro) à toa.
A montadora implantou nos ônibus brasileiros urbanos de motor traseiro um sistema que recupera esta energia, e aproveita novamente para o veículo. Com isso, os alternadores precisam gerar uma energia menor e não “forçam” tanto o motor.
Para que o sistema funcione, a Mercedes-Benz utiliza supercapacitores.
A diferença em relação às baterias, é que os supercapacitores têm a mesma capacidade de armazenamento, mas carregam e descarregam de energia de maneira mais rápida, atendendo assim todo o ciclo de energia extra gerada. Se o sistema demorasse para carregar, continuaria havendo desperdício e os componentes elétricos e eletrônicos dos ônibus não receberiam a energia correta no tempo necessário. Por isso que “guardar” essa energia numa bateria seria menos viável.
O sistema de recuperação de energia age principalmente nos momentos de desaceleração.
Mas atenção. Este sistema não é o KERS – Kinetic Energy Recovery System, ou, a frenagem regenerativa.
Enquanto KERS produz energia, transformando a energia cinética do atrito dos freios em energia elétrica, o RKM recupera a energia que foi produzida pelos alternadores.
“Fizemos simulações e constatamos que este sistema, ao fazer com que os alternadores exijam menos do motor, pode-se conseguir uma economia de 2% de óleo diesel. Com o sistema, o ônibus fica em torno de 2% mais caro, mas pela economia de combustível, essa diferença se paga em três anos, em média” – disse Walter Barbosa.
Simulação mostra como energia extra é aproveitada
O diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz citou o exemplo do modelo O 500U, urbano de piso baixo.
O veículo tem três alternadores de 80 amperes cada. Sendo assim, é gerada uma energia em torno de 240 amperes. Os dispositivos básicos deste ônibus necessitam de aproximadamente 180 amperes. Com isso, 60 amperes são desperdiçados, com o motor sendo exigido pelos alternadores, gastando combustível, mas não aproveitando toda a energia gerada.
O módulo então vai recuperar os 60 amperes extras e devolver ao sistema para alimentar todos os dispositivos elétricos do ônibus.
Com isso o alternador vai precisar de menos energia e exigir menos do motor deste ônibus.
A quantidade de amperes necessária depende do porte do veículo e também do número de componentes que o ônibus tem.
O sistema de recuperação de energia elétrica estará disponível a partir de janeiro para os ônibus urbanos O500 U (urbano piso baixo) e O 500 M  (urbano piso alto), O 500 UA (urbano piso baixo articulado), O 500 MA (urbano piso alto articulado), O500 MDA (urbano de piso alto superarticulado) e O500 UDA (urbano piso baixo superarticulado).
 “Realizamos estudos e percebemos que, inicialmente, os investimentos para o módulo e o perfil de consumo e operação justificam o investimento para os ônibus deste porte. No caso do motor frontal, os alternadores ficam próximos às necessidades de geração e consumo de energia e, no caso dos ônibus rodoviários, não há tanto este problema de desperdício porque são veículos que realizam menos paradas, arrancadas e os dispositivos são utilizados de maneira mais uniforme” – complementou Walter.
O sistema também foi implantado no modelo internacional Citaro.
Os super capacitores usados no Brasil, segundo a Mercedes-Benz, têm baixa tensão: 24 V.
PARADA CONSCIENTE:
A cena não é tão rara. Você está no terminal de ônibus, rodoviária o ponto final e vê o veículo parado com motor ligado. Logo vem aquela esperança para o passageiro: “Opa! Meu ônibus vai sair em breve e vou chegar mais cedo em casa ou no trabalho” – Pura ilusão.
Passa o tempo, vão-se os minutos e o ônibus continua ligado. Quando você olha para o veículo, o motorista sequer está dentro.
A prática não representa apenas frustração para os passageiros, mas também significa gastos com combustível e emissões de poluição sem qualquer objetivo.
Não há uma estimativa exata do custo que isso pode representar porque os sistemas de transportes no Brasil têm características diferentes de operação.
Mas, segundo a Mercedes-Benz, esta é uma queixa comum das empresas de ônibus.
A montadora então desenvolveu, com base nesta demanda de mercado, o EIS – Engine Idle Shutdow, sistema que desliga automaticamente o motor do ônibus.
O item passa a ser de série em todos os modelos da marca, desde micro-ônibus mais simples até rodoviários mais sofisticados e superarticulados, já a partir desse mês de agosto.
De fábrica, o ônibus já vem programado para desligar o motor após quatro minutos de inatividade, mas a empresa pode junto ao concessionário fazer a programação que achar melhor.
Vale lembrar que o sistema não desliga o ônibus nas paradas rápidas para embarque e desembarque ou no trânsito. Assim, não se trata de um start/stop.
Desta forma, o desligamento automático só vai funcionar nas seguintes condições: o motor deve estar em marcha lenta, o freio de estacionamento deve estar acionado, o freio de serviço (pedal) livre e a marcha deve estar na posição neutra ou desengatada.
Sobre os impactos do custo em relação aos combustíveis por causa da prática de o motorista deixar o veículo ligado de forma desnecessária, a Mercedes-Benz a título apenas de ilustração, utilizou como exemplo a frota de ônibus da capital paulista, que é de 14.700 veículos aproximadamente e o preço do diesel em R$ 2,60 o litro, ainda sem a tributação do PIS/Cofins elevada.
Se por dia, todos estes ônibus ficassem 30 minutos parados em funcionamento, seriam gastos três litros por hora. Ao final do ano, o sistema gastaria R$ 21 milhões de diesel, dinheiro que seria suficiente, por exemplo, para comprar 40 ônibus tipo Padron.
Projeção da Mercedes-Benz de economia num sistema grande, como de São Paulo
Antes do desligamento, aparecem mensagens no painel do motorista alertando que o sistema entrará em ação. O objetivo é fazer com que o motorista retome a operação do veículo ou então desligue antes.
Painel avisa motorista que motor vai ser desligado.
O sistema Fleet Board, da Mercedes-Benz, que monitora em tempo real as operações dos veículos, também foi usado como base para demonstrar que os investimentos neste sistema são vantajosos.
O modelo europeu Citaro também terá a tecnologia.
“Além da economia de combustível e redução das emissões, um dos resultados que esperamos com esse sistema de desligamento automático é conscientizar os motoristas da necessidade de operar corretamente os veículos. Muitas vezes o ônibus é deixado ligado por um esquecimento ou falta de controle” – disse Walter.
É possível instalar um módulo em ônibus usados, desde que fabricados a partir de agosto de 2016 e que já tenham o novo painel da marca.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

TRANSPÚBLICO. Entrevista: MAN apresenta 17.260 ODS, o ônibus com motor dianteiro e suspensão pneumática

17.260 ODS para conciliar robustez e conforto, com maior potência
Gerente executivo de Vendas de Ônibus da MAN Latin America diz ao Diário do Transporte que empresa espera crescimento para este ano, inclusive com alguns negócios pelo Refrota. Fabricante também está alinhada com parceiros nacionais, como Eletra, e estuda alternativas não poluentes
ADAMO BAZANI
Hoje o mercado de ônibus no Brasil tem duas realidades: por um lado, ainda as condições operacionais não são as ideais, com áreas de tráfego difícil e que exigem robustez dos veículos, além da cultura de muitos empresários em preferir a motorização dianteira. De outro lado, entretanto, muitos empresários de ônibus começam a enxergar os passageiros como clientes e tanto os usuários como poder público têm agora um nível maior de exigência.
Antes, na grande mídia, a cobertura da mobilidade urbana era restrita a greves de transportes públicos. Hoje, as discussões ganham mais destaque. A mídia especializada, que sempre militou junto com o setor pela melhoria dos serviços, hoje tem mais vez, voz e tem se tornado mais plural.
Mas como compatibilizar estes dois cenários aparentemente tão opostos? A necessidade de reduzir custos e ainda ter ônibus mais robustos e, ao mesmo tempo, oferecer mais conforto.
“Hoje buscamos conciliar estas duas realidades, com ônibus de motorização dianteira que continuam sendo robustos, mas que oferecem conforto semelhante aos modelos de motor traseiro. É coisa do passado, o ônibus de motor dianteiro gerar muito mais calor e ruído para o motorista e passageiros” – disse em entrevista ao Diário do Transporte, na tarde desta segunda-feira, 28, o gerente executivo de Vendas de Ônibus da MAN Latin America, Jorge Carrer.
Para esta edição da Transpúblico, feira de mobilidade urbana que vai desta terça-feira, 29, até quinta,31, no ExpoTransmérica, na zona Sul de São Paulo, a fabricante apresenta como novidade o modelo 17.260 ODS, ônibus de motor dianteiro, seis cilindros, com suspensão pneumática e 260 cavalos de potência.
E se o modelo seguir o caminho do seu “irmão menor” com suspensão pneumática, o 17.230 ODS, as perspectivas são boas.
“Lançamos há mais ou menos um ano e meio a versão do 17.230 com suspensão pneumática. Neste pouco tempo, esta configuração representa já ¼ das vendas do modelo. Creio que logo, para fretamento, que ainda usa bastante motor dianteiro, a suspensão pneumática será maioria e, em poucos anos, para os urbanos.” – disse Jorge Carrer.
“A suspensão pneumática é muito mais prática e com manutenção mais simples que a suspensão metálica. Hoje os moleiros estão mais difíceis no mercado. O tempo de troca é menor, o conceito construtivo da suspensão pneumática também é mais simplificado e o conforto é bem maior” – enumera o gerente executivo de Vendas de Ônibus da MAN.
MERCADO:
17.230, o principal modelo da marca, cresce na versão de suspensão pneumática
A MAN começa agora a vislumbrar um cenário melhor para o mercado de ônibus, mas ciente das limitações impostas pela atual conjuntura da economia.
Na estimativa de Jorge Carrer, haverá crescimento neste ano, mas sobre uma base ainda muito reduzida e ainda prejudicada pelo desempenho geral do setor de ônibus nos primeiros meses.
“O mercado de ônibus como um todo vem de três anos de queda muito forte. O primeiro trimestre deste ano ainda foi bem ruim. A partir de abril começamos a perceber uma reação, mas tudo em cima de uma base muito pequena, por causa do acumulado de queda. Prevemos para o mercado, um crescimento de 10% nas vendas de ônibus, mas por causa do primeiro trimestre ainda fecharemos algo em torno de 11 mil unidades vendidas entre todas as marcas, muito semelhante a 2016. A MAN tem registrado crescimento e, contando todo o mercado, já estamos próximos do patamar de 20%” – disse Jorge, que admitiu que a MAN perdeu fatias de mercado por não estar presente de maneira significativa em segmentos de urbanos pesados.
“O crescimento de um segmento pode ser benéfico ou prejudicial, dependendo dos produtos oferecidos. Entre urbanos, houve um crescimento recente nos segmentos de articulados, superarticulados e biarticulados, onde ainda não temos presença marcante”
Outro aspecto que, segundo Jorge Carrer, explicaria a perda de participação de mercado da MAN até quase a metade do ano foi o “congelamento” do Programa Caminho da Escola, em 2016, que, diante das instabilidades econômicas e, principalmente políticas, não lançou as licitações de ônibus escolares previstas.
“O Caminho da Escola estava muito tímido, além disso, o ‘bolo’ do programa agora está mais dividido [com outras marcas], mas temos forte presença no FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação” – relatou Jorge.
Os principais produtos da marca hoje são o 9.160 (micro-ônibus), 15.190 (mídis), 17.230 (convencionais), 17.260 (convencionais de maior torque e potência) e, tem ganhado espaço, segundo o executivo, o 18.280 OT de piso baixo.
“O 17.230 é hoje nosso produto de maior venda. É o ônibus mais versátil para os diferentes sistemas, por isso se destaca. Com outros produtos, mas principalmente com o 17230 OD estamos presentes em grandes renovações de frota, como de São Paulo, Juiz de Fora, Recife, Manaus, Florianópolis, Anápolis, e tantas outras cidades”, comentou.
Além dos sinais de recuperação econômica, o executivo aponta outro motivo para um crescimento, mesmo que modesto: a necessidade de renovação diante do envelhecimento maior das frotas.
“Acreditamos que há uma demanda reprimida. Os empresários seguraram até agora, mas por causa de força de contratos, vai ter de haver uma renovação. Os veículos já passaram da idade limite em muitos sistemas. Além disso, estes veículos estão ficando mais velhos e dando mais problemas e custo de manutenção. Fora que, com isso, a disponibilidade da frota diminui”
REFROTA:
Hoje a predominância da atuação da MAN é nos diversos segmentos de ônibus urbanos, que representam mais da metade de todos os tipos de veículos de transporte coletivo vendidos no Brasil.
Por isso, a empresa acompanha de perto os desdobramentos do Refrota 17, que faz parte do Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana – Pró-Transporte e foi criado para financiar com recursos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, as compras de ônibus urbanos novos para estados, municípios e o Distrito Federal, além das próprias concessionárias de transportes públicos.
O Refrota, com pompa, foi anunciado oficialmente pela equipe do presidente Michel Temer em dezembro do ano passado. Os recursos para a linha da Caixa Econômica Federal são de R$ 3 bilhões.
Mas, apesar do anúncio em dezembro de 2016 e apresentação em janeiro deste ano, somente em 12 de junho é que foi assinado o primeiro financiamento. Sem experiência no mercado de ônibus, a Caixa ainda se adaptava à realidade do setor.
Para se ter uma ideia, a Caixa exigia seguro para ônibus urbano, o que não existe no mercado.
O modelo de seguro proposto também era considerado sem vantagem pelos empresários.
A franquia era de 75% do valor do ônibus novo, ou seja, na prática o seguro iria cobrir apenas 25% do valor do veículo. Um ônibus pode ter preços entre R$ 250 mil e R$ 1,2 milhão, dependendo do porte tecnologia e configuração.
Mas, quando todos estes problemas pareciam ter sido resolvidos, mais um entrave encontrado com a primeira (e até agora única) empresa de ônibus que na prática conseguiu a liberação do dinheiro, a Suzantur de Mauá, na Grande São Paulo.
O financiamento é condicionado somente ao número de ônibus estipulados no contrato e não à quantidade de veículos que os recursos liberados podem comprar. Se entre a assinatura do contrato e a liberação do dinheiro, os preços dos chassis e carrocerias aumentarem, a empresa terá de “se virar” para comprar a quantidade estipulada. Foi o que aconteceu com a Suzantur.
Quando apresentou a proposta no início do ano, a Suzantur pediu R$ 30,31 milhões para comprar 100 ônibus, entre mídis e convencionais. Mas quando o dinheiro finalmente saiu, os veículos estavam mais caros e o valor dava para comprar 89 ônibus. Os valores subiram para R$ 33,73 milhões. Ocorre que a Suzantur foi obrigada a comprar os 100. Assim, estes R$ 3 milhões de diferença teve de arcar com os próprios recursos. Relembre o caso:
Jorge Carrer disse que a MAN agora está esperançosa em acertos do Refrota, mas é realista ao analisar que não será o financiamento o principal motivo de os ônibus urbanos começarem a subir a ladeira do mercado.
“O Refrota agora deve entrar numa nova realidade, começar a aparecer, mas continuará sendo mais uma opção, ainda temos o Finame, o CDC. Não é só o Refrota que vai fazer o mercado mudar da água para o vinho”
Jorge revelou ao Diário do Transporte que já negocia com duas empresas que devem receber recursos pelo Refrota.
“Recentemente, estamos com dois clientes que tiveram aprovação de crédito. Ainda estamos em negociação, mas ajudamos estes clientes com documentações e demos todo o apoio necessário”
MEIO AMBIENTE:
Trólebus MAN com Eletra. Novidades podem surgir no mercado
O gerente executivo de Vendas de Ônibus da MAN Latin America, Jorge Carrer, também disse ao Diário do Transporte que a empresa acompanha a evolução das tecnologias menos poluentes e participa de reuniões oficiais temáticas.
“A MAN é um grupo mundial forte em produção de veículos, mas ainda a realidade brasileira é bem diferente da Europa, por exemplo, onde há maior engajamento do poder público para estimular as tecnologias alternativas ao diesel. Os veículos devem ter valores acessíveis para as empresas operadoras investirem. No Brasil, analisamos as tecnologias disponíveis e já conversamos com parceiros nacionais” disse Jorge.
Entre estes parceiros está a Eletra, empresa do Grupo ABC, localizada em São Bernardo do Campo, que desenvolve tecnologias para trólebus, ônibus elétricos com bateria e ônibus híbridos.
Com a Eletra, há poucos anos, a MAN desenvolveu um modelo de trólebus, operado na capital paulista, pela Ambiental Transportes.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Prefeitura do Rio de Janeiro tem até segunda-feira para reduzir em R$ 0,20 a tarifa de ônibus, diz MP

Empresas de ônibus dizem que decisão pode prejudicar situação financeira do sistema que já é complicada
Procuradoria do município confirmou notificação e afirmou que em dez dias vai apresentar pedido de esclarecimento para cumprir determinação
ADAMO BAZANI
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que a prefeitura tem até segunda-feira, 4 de setembro, para reduzir a tarifa de ônibus dos atuais R$ 3,80 para R$ 3,60.
De acordo com o órgão, autor da ação que questionou a regularidade do aumento da tarifa em 2015 e o percentual aplicado, a prefeitura foi notificada eletronicamente na última sexta-feira, 25, pela justiça.
A Procuradoria Geral do Município confirmou a notificação e afirmou que em 10 dias apresentará à justiça pedidos de esclarecimento para assim cumprir a decisão de reduzir a tarifa.
As empresas de ônibus contestam a decisão.
Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes