sábado, 29 de julho de 2017

Velocidade média dos ônibus vem caindo em BH, e estudo projeta trânsito caótico em 2027


brt moveBRT Move de Belo Horizonte. Foto: Flávio Tavares/Hoje em Dia
Piora no congestionamento será fatal para o sistema de ônibus, se medidas de planejamento de mobilidade urbana não forem adotadas no trânsito da capital mineira
ALEXANDRE PELEGI
Um estudo feito em Belo Horizonte projeta um futuro nada animador para o trânsito da capital das alterosas. E por conseguinte para o sistema de ônibus.
Realizado pelos engenheiros Frederico Rodrigues e Ewerton Pacheco, da Im Traff, empresa especialista em engenharia de tráfego e transportes de BH, a persistir o atual quadro no trânsito, a média de congestionamentos e retenções poderá aumentar em até 91 quilômetros nos próximos 10 anos. O estudo foi divulgado pelo jornal Estado de Minas.
A estimativa dos engenheiros aponta para um aumento de 63% nas filas de veículos em horário de pico. A média de congestionamentos no horário de pico da tarde é hoje de 144 quilômetros.
Um dos motivos para essa projeção tão pessimista para o trânsito de BH está no ritmo de aumento da frota. Apenas nos últimos 10 anos ela cresceu 74%, saltando de 1.020.465 veículos em 2007 para os atuais 1.778.298.
Nos últimos três anos, apesar da crise econômica que derrubou as vendas de carros, a frota subiu, em média, 5% ao ano. Imaginando que este percentual se mantenha nos próximos 10 anos, a frota de veículos de BH alcançará 2.865.690 automóveis.
Todos esses números, mantendo-se a situação atual do trânsito na capital mineira, levarão o congestionamento no horário de pico da tarde a 235 quilômetros em 2027.
ÔNIBUS VÊM PERDENDO VELOCIDADE NA CAPITAL BH:
Em situações de congestionamento a única maneira de garantir uma maior velocidade ao sistema de ônibus é a segregação da via, com a implantação de faixas exclusivas e de corredores BRT, além de medidas de sinalização.
A BHTrans implantou o sistema Move, mas a própria empresa do município divulgou que a média das velocidades de todas as linhas de ônibus – BRT, convencionais e suplementares – caiu nos últimos anos.
Repare abaixo que no pico da manhã a velocidade média dos ônibus atingiu seu valor mais baixo desde 2009. Já no pico da tarde, as velocidades sempre foram historicamente mais baixas, e novamente em 2016 elas tiveram seu menor valor.
Veja os indicadores ano a ano:
Pico da Manhã
Ano
Veloc. média (km/h)
2009
19,31
2010
18,89
2011
18,76
2012
18,24
2013
17,62
2014
18,41
2015
18,11
2016
17,16

Pico da Tarde
Ano
Veloc. média (km/h)
2009
16,28
2010
16,05
2011
16,37
2012
16,14
2013
15,24
2014
15,93
2015
16,06
2016
15,18
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transporte

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Frota de ônibus de São Paulo: em 4,5 anos, número de articulados sobe mais de 80% na cidade


Ônibus “superarticulado” recentemente comprado por empresa na zona Leste e modelo mais antigo ao fundo
Total de biarticulados e ônibus básicos cai no mesmo período
ADAMO BAZANI
Aumentar ou manter a oferta de lugares no sistema de transportes, mas reduzindo a frota de ônibus. O objetivo já pensado na licitação dos serviços da cidade de São Paulo de 2003, na época de Marta Suplicy frente à prefeitura, cujos contratos venceram em 2013 e estão sendo renovados até a realização de uma nova concorrência, só começou a ganhar fôlego em 2012.
É o que mostra auditoria sobre o sistema de transportes realizada pelo Tribunal de Contas do Município, com base em dados da SPTrans e das empresas de ônibus, a qual o Diário do Transporte teve acesso.
O total geral da frota de ônibus caiu de 14.960 veículos em 2012 para 14.519 no primeiro semestre deste ano, ou seja, 3,03% menos de veículos.
Entretanto, no mesmo período, o número de ônibus articulados, que têm maior capacidade de lotação, subiu 81,2%, passando de 1.282 veículos em 2012 para 2.323 no primeiro semestre deste ano. Os dados incluem os “superarticulados”, nome comercial da fabricante Mercedes-Benz dado a ônibus articulados de 23 metros, com lotação de até 171 pessoas. Os demais articulados de 18,6 metros têm capacidade para 130 passageiros, em média.
Nesta semana, o Diário do Transporte noticiou que várias empresas de ônibus têm adotado modelos de alta capacidade. Somente a VIP – Viação Itaim Paulista, que atende parte da zona leste, adquiriu 60 unidades. Relembre:
Caiu o número de ônibus básicos (com motor dianteiro, em torno de 12,7 metros). São 43,18 % menos veículos deste tipo, ainda de acordo com a auditoria. Em 2012, eram 4287 ônibus básicos e na primeira metade deste ano, são 2994 veículos.
A frota de ônibus “Padron”, com motor traseiro e, em média, com 13,2 metros de comprimento, caiu 4,28%, passando de 3978 unidades em 2012 para 3823 no início deste ano.
Parte dos ônibus “Padron”, de acordo com o relatório, foi substituída pelos articulados.
Se, o total de articulados subiu, a frota de biarticulados, ônibus de 28 metros de comprimento e capacidade para mais de 220 pessoas, caiu de 259 veículos para 207. Os veículos são muito grandes para manobras em algumas regiões, mas são indicados para corredores de alta demanda.
Também cresceu o total de ônibus mídis, os chamados “micrões”, em especial entre as empresas que surgiram das cooperativas no subsistema local. Estes veículos substituíram vários micro-ônibus.  A frota subiu 64,63% de 1080 veículos em 2012 para 1777 no primeiro semestre deste ano. Com até 12 metros de comprimento, estes veículos são menores que os básicos e maiores que os micros.
Houve crescimento também no total de veículos com wi-fi,  ar-condicionado e carregadores USB para celulares e outros dispositivos móveis. O número de ônibus acessíveis ainda não corresponde ao total da frota de ônibus municipais.
Com a licitação, este processo deve ser intensificado. O objetivo é reduzir linhas e frota, mas aumentar a oferta de lugares.
Em diversas ocasiões, o prefeito João Doria afirmou que em corredores e linhas de alta demanda, a SPTrans vai admitir apenas ônibus articulados, superarticulados e biarticulados.
Relembre:
ESTUDO DO IEMA:
Conforme noticiamos nesta semana, recente estudo do IEMA – Instituto de Energia e Meio Ambiente – feito nas ruas de São Paulo, observou que nos anos recentes (após 2013) houve uma significativa mudança na composição da frota de ônibus municipais em termos de tamanho e fase tecnológica. O Instituto constatou que as alterações na composição da frota, que teve um sensível aumento no porte dos veículos, resultou em um aumento de 0,45% no consumo de combustível por quilômetro, mas em contrapartida apresentou uma redução em 4,42% de emissão de material particulado por quilômetro. O estudo conclui que a implantação de faixas exclusivas, combinada com a evolução da tecnologia e o aumento do porte dos ônibus utilizados, pode potencializar a redução de emissões de poluentes e do consumo de combustível por passageiro transportado.
Relembre:
https://diariodotransporte.com.br/2017/07/28/frota-de-onibus-de-sao-paulo-em-45-anos-numero-de-articulados-sobre-mais-de-80-na-cidade/
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Prefeitura de Santos diz que já faz testes em rede e trólebus voltarão em breve

Veículos voltam a circular em breve, segundo CET e Piracicabana Foto: Caio Takeda
Grupo Comporte, ao qual a Viação Piracicabana faz parte, informou que são feitos ajustes
ADAMO BAZANI
Em breve, os tradicionais trólebus de Santos voltarão à ativa. A confirmação é da CET/Santos -Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos, que gerencia os transportes municipais, e do Grupo Comporte, ao qual integra a Viação Piracicabana, que presta os serviços na cidade do Litoral Sul de São Paulo.
As operações estão interrompidas desde que a rede aérea do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos chegou à região da fiação dos trólebus.
Em nota, após solicitação do Diário do Transporte, a CET/Santos informou que toda a rede de trólebus está sendo revisada. Testes são feitos no cruzamento entre os dois modais de transportes que se movem com eletricidade. A companhia ainda não tem uma data exata para o retorno da operação, mas diz que os trólebus voltarão a funcionar em breve.
Os trólebus voltarão à ativa em breve. Estão sendo concluídos os trabalhos no cruzamento das avenidas Ana Costa e Francisco Glicério, visando compatibilizar as redes de alimentação dos trólebus e do VLT.  Em virtude da complexidade do serviço e por tratar-se de área com alto conflito de trânsito e tráfego intenso, as intervenções são realizadas por etapas e fora dos horários de pico, pela Piracicabana e empresas especializadas, com fiscalização da CET-Santos. No momento, estão sendo promovidos testes no local e também foi iniciada a revisão em toda extensão da rede área dos trólebus.
Também em resposta aos questionamentos do Diário do Transporte, o Grupo Comporte, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que os trólebus voltarão a circular na linha 20 que liga a praça Mauá, no Centro, à praça da Independência, no Gonzaga.
O Grupo Comporte informa que ainda estão sendo realizados ajustes para que os trólebus possam circular. Os veículos continuarão integrando a linha 20, assim como um ônibus híbrido, que funciona com um motor elétrico e outro a diesel, colocados em circulação em maio.
As vantagens dos trólebus são a vida útil maior que os ônibus a diesel, nenhuma emissão de poluentes na operação e com geração de menos ruído.
Os primeiros trólebus em Santos começaram a operar em 12 de agosto de 1963. Chegaram inicialmente cinco veículos de um lote de 50 do modelo Fiat Alfa-Romeo Marelli Pistoiese, importados da Itália.
Primeiros trólebus que chegaram da Itália em Santos no ano de 1963 Foto: José Dias Herrera
As unidades pertenciam ao poder público por meio do Serviço Municipal de Transportes Coletivos SMTC, que em 1976 foi substituído pela Companhia Santista de Transportes Coletivos – C.S.T.C., também uma empresa pública.
Trólebus da Fiat operando em Santos no ano de 1968 Foto: Trolebusbrasileiros
Os atuais seis trólebus operados pela Viação Piracicabana são fabricados pela Mafersa e foram comprados pela – C.S.T.C. em 1987, sendo destinados para a linha 20.
As linhas de trólebus começaram a ter redução significativa na cidade a partir dos anos 1990, quando a C.S.T.C. enfrentava problemas financeiros e de gestão.
De mais de dez linhas, o sistema foi reduzido apenas para o trajeto da linha 20.
Em 1998, com a extinção das operações da C.S.T.C., a Piracicabana assumiu os seis trólebus Mafersa.


Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

quinta-feira, 27 de julho de 2017

MAN entrega lote de ônibus de dois andares no México que podem “frear sozinhos”

Veículos também têm sistema que identifica que o motorista está “queimando” faixa
      Veículos têm motores de 480 cavalos, caixa automatizada de 12 marchas
ADAMO BAZANI
A MAN anunciou a entrega de 12 ônibus de dois andares de um lote de 20 unidades, em parceria com a Marcopolo, para a empresa mexicana Transpais, que atua naquele país no segmento de transporte regular de passageiros e fretamento para turismo.
Os veículos são de chassi MAN RR4, com motor de 480 cavalos, transmissão automatizada ZF de 12 velocidades e freio auxiliar, livre de fricção intarder, que, segundo a empresa, assegura mais potência à frenagem.
Outro item disponível no chassi é o ACC que, com o controle de cruzeiro ativado, é capaz de detectar a presença de outros veículos na frente e automaticamente reduzir a velocidade para manter uma distância segura, de acordo com a MAN.
Já o sistema LGS ajuda a evitar a saída da pista com uma câmera que identifica as faixas de rolamento n via e alerta o motorista ao identificar que está se desviando inadvertidamente.
ACC e LGS atuam em conjunto com o sistema de frenagem de emergência, EBA, que ao identificar um veículo parado na via, avisa o motorista e, caso nenhuma ação seja tomada, ativa automaticamente todos os sistemas de frenagem para evitar um acidente.
Os ônibus ainda têm tecnologia ESP para controle eletrônico de estabilidade, ASR para controle de tração e o ABS para evitar travamento das rodas na frenagem.
Os veículos devem circular nos estados e departamentos Tamaulipas, Nuevo León, San Luis Potosí e Veracruz.
Em nota, o diretor geral da operação da MAN Latin America no México, Leonardo Soloaga, diz que a Transpais é uma frotista tradicional da marca.
“Para a MAN, é motivo de orgulho e um prazer renovarmos uma relação de mais de 12 anos. A Transpais foi nossa primeira cliente quando chegamos ao México. Hoje, com esse pedido de 20 chassis MAN, estamos mais do que comprometidos a acompanhá-los para alcançar a excelência no serviço que oferecem a seus clientes”
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Secretario de Doria conhece “Bilhete Único Facial”, em cidade chinesa que adota solução brasileira para transportes

BRT em Yinchuan. A “A Cidade Mais Inteligente do Mundo”
Em Yinchuan, tarifa de ônibus é cobrada por software que detecta características dos passageiros. Transportes têm sistema de corredores criado em Curitiba
ADAMO BAZANI
Como já havia anunciado o Diário do Transporte na edição de 21 de julho, o secretário municipal de Inovação e Tecnologia, Daniel Annenberg, visitou nesta terça-feira, 25, Yinchuan, conhecida como “A Cidade Mais Inteligente do Mundo”, para conhecer, entre outras novidades, um software que faz cobrança de tarifa de ônibus por meio de reconhecimento facial.
Relembre:
Annenberg conheceu de perto o sistema que chamou bastante atenção.
O programa reconhece a face do passageiro, cuja foto é previamente cadastrada no sistema de transportes. Este software é conectado à rede bancária. Quando o reconhecimento é concluído, em questão de segundos, o valor é debitado da conta do usuário.
A tecnologia não deve ainda desembarcar em São Paulo, mas a visita da comissão do prefeito João Doria é para ter acesso a ideias e soluções, justifica o poder público.
UMA SOLUÇÃO BEM BRASILEIRA NA CIDADE MAIS INTELIGENTE DO MUNDO:
Se o Brasil pode conhecer, no exterior, alternativas para melhorar a mobilidade urbana, a “Cidade mais Inteligente do Mundo” adotou há cerca de cinco anos, uma solução tipicamente brasileira, o BRT – Bus Rapid Transit.
O corredor de ônibus de Yinchuan tem em torno de 17 quilômetros de extensão e atende, em 22 estações, por dia 90 mil passageiros.
O primeiro BRT do mundo surgiu no Brasil, em 1974, na cidade de Curitiba, e teve como objetivos, além de melhorar os transportes, reorganizar a cidade e planejar o seu crescimento.
Um dos idealizadores, o arquiteto Jaime Lerner, que foi prefeito de Curitiba nesta época, até hoje apresenta a solução como saída mais viável para os transportes nas cidades, mesmo as que investem em Metrô. Entretanto, Lerner defende os atuais BRTs com uma inovação: incorporando ônibus elétricos. Seriam corredores não poluentes, ou menos poluentes, a exemplo do Corredor ABD, operado pela Metra, entre São Mateus e Jabaquara, nas zonas Leste e Sul da capital paulista, respectivamente, passando por cidades do ABC.
Entretanto, as estruturas defendidas por Lerner seriam mais modernas, com estações fechadas e embarque de nível.
E neste sentido, a cidade de Curitiba classificou como vencedor de uma PMI – Pesquisa de Manifestação de Interesse, lançada pela administração municipal, um projeto chamado CIVI – City Vehicle Interconnect, elaborada pela fabricante de ônibus Volvo junto com a representante da marca Nórdica, Cesbe Engenharia (construtora paranaense que atua em projetos de infraestrutura) e pela Associação Metrocard (que reúne as empresas de ônibus da região metropolitana de Curitiba).
O projeto deve contar com ônibus híbridos e posteriormente elétricos puros. No entanto, inicialmente, pode admitir ônibus diesel, inclusive de tecnologias mais antigas, e veículos que não sejam necessariamente produzidos pela Volvo.
No entanto, ainda não há prazo para a proposta sair do papel
Relembre:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes