terça-feira, 31 de outubro de 2017

Ribeirão Preto terá 15 ônibus zero quilômetro pelo Refrota

Renovação da TURB vai contar com recursos do FGTS.
Proposta selecionada é da TURB que contará com R$ 4,04 milhões. Financiamento é pelo Banco Mercedes-Benz
ADAMO BAZANI
O Programa de Renovação da Frota do Transporte Público Coletivo Urbano de Passageiros – Refrota 17, que patinou no início do ano por falta de experiência da Caixa Econômica Federal no ramo de ônibus e por questões burocráticas na primeira resolução sobre os financiamentos, vai liberar mais dinheiro para outro sistema de ônibus do país.
Desta vez, a cidade contemplada será Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
O Ministério das Cidades divulgou a portaria 623 selecionando a proposta da empresa TURB – Transporte Urbano S.A. para a compra de 15 ônibus básicos. O valor a ser liberado será de R$ 4,04 milhões
O Refrota 17, anunciado oficialmente em dezembro de 2016, travou no início de 2017. Houve vários problemas. A Caixa Econômica Federal, a primeira instituição bancária a operar a linha, exigia para liberar o dinheiro, um seguro para ônibus urbanos, que não existe no mercado. Além disso, houve problemas de defasagem dos recursos liberados frente à variação dos preços dos veículos por causa da demora da liberação do dinheiro.
Foram reservados R$ 3 bilhões para a compra de 10 mil ônibus, mas apenas uma pequena parte do dinheiro foi usada por causa do atraso no início efetivo do programa.
Por enquanto, os principais financiamentos no âmbito do Refrota são:
– Suzantur (Mauá-SP): R$ 30,3 milhões – 100 ônibus – Caixa Econômica Federal
– Sancetur – Santa Cecília Turismo Ltda (Valinhos/SP): R$ 14,9 milhões – 45 ônibus – Caixa Econômica Federal
– Viação Garcia (Londrina-PR /Maringá-PR): R$  9,5 milhões – 30 ônibus – BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (crédito liberado em 11 de setembro de 2017)
– Viação Piracicabana (Brasília-DF): R$ 8,33 milhões – 25 ônibus – Banco Mercedes-Benz
– Mobibrasil Expresso S.A. (Recife-PE, São Lourenço da Mata-PE, Camaragibe-PE): R$ 5,37 milhões – 20 ônibus  Caixa Econômica Federal
– Transcol – Empresa de Transportes Coletivos Ltda (Teresina-PI): R$ 5,2 milhões – 15 ônibus – Caixa Econômica Federal.
– TURB – Transporte Urbano S.A. (Ribeirão Preto-SP): R$ 4,04 milhões – 15 ônibus – Banco Mercedes-Benz
– Viação na Montanha Ltda (Campos do Jordão-SP): R$ 3,46 milhões  – 12 ônibus – Caixa Econômica Federal
– Viação Cidade Sorriso de Toledo (Toledo/PR): R$ 2,21 milhões – 10 ônibus – BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul
– Transportes Coletivos Capivari Ltda (Tubarão-SC e Capivari de Baixo-SC): R$ 2,98 milhões – 07 ônibus – Caixa Econômica Federal
– SEI EMTRACOL – Empresa de Transportes Coletivos Ltda (Teresina-PI): R$ 2,29 milhões – 06 ônibus – Caixa Econômica Federal
– Viação Santana Ltda(Teresina-PI): R$ 1,9 milhão – 05 ônibus – Caixa Econômica Federal (seleção da proposta)
– Transportes São Cristóvão Ltda (Teresina-PI): R$ 1,52 milhão – 04 ônibus – Caixa Econômica Federal
– Transportes Coletivos Cidade Verde Ltda (Teresina-PI): R$ 1,52 milhão – 04 ônibus – Caixa Econômica Federal
– Transportes Therezina Ltda (Teresina-PI): R$ 1,14 milhão – 03 ônibus – Caixa Econômica Federal
Os valores podem variar de acordo com a data da apresentação da carta-consulta e o tipo de ônibus.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Fretamento: setor já vê sinais de crescimento depois de crise

Ônibus indicados para diversos serviços de fretamento em evento da ANTTUR e Fresp com cobertura do Diário do Transporte
Algumas empresas chegaram a registrar até 30% de frota parada, mas indústria já acredita em movimentação de renovação dos ônibus
ADAMO BAZANI
Otimismo, mas com cautela e pés no chão.
Este foi o clima principal percebido entre operadores de ônibus de fretamento, produtores de chassis, de carrocerias e de equipamentos e programas tecnológicos que participam do 18º encontro do setor, que ocorre no Guarujá, litoral paulista, com cobertura do Diário do Transporte. O evento é realizado pela ANTTUR – Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento (BrasilFret 2017) e pela Fresp –  Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo (Encontro de Empresas).
A reportagem conversou com operadores, fabricantes e fornecedores. Todos acreditam que a recuperação já ocorre, mas de maneira gradativa.
O presidente da Fresp e vice-presidente da ANTTUR, Silvio Tamelini, diz que, no caso do setor de fretamento no Estado de São Paulo, o maior nível de atividade industrial será o principal fator para que as empresas de fretamento voltem a contratar funcionários.
A crise econômica também afetou programas governamentais voltados à cultura e educação, atividades que requerem serviços de fretamento.
“Temos parceiros no fretamento que chegaram a ter até 30% de frota parada, porque perderam o contrato. A indústria teve recessão, houve demissões, não houve novos empregos, logo não teve passageiro a ser transportado. Na parte do turismo, que nós chamamos de eventual, o próprio governo do Estado de São Paulo, especificamente, cortou algumas verbas que incentivavam o transporte dos estudantes para os museus, para o “Projeto Cata-Vento” e outros eventos” – relatou Tomelini, que, entretanto, acredita em boas perspectivas para 2018.
“Eu creio que em 2018, tenhamos um sinalzinho quase verde de que a economia está se recuperando e, nesta retomada, eu acredito que nós temos de acreditar que nosso negócio é de extrema necessidade para o segmento, para o trabalhador, para o turista. Nosso setor tem de crescer, tem de renovar, tem de ter criatividade para oferecer um trabalho de eficiência e de satisfação” – acrescentou Tamelini, que é dono da empresa Ipojucatur.
OUÇA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:
Acreditando nesta recuperação, a indústria ligada ao setor de transportes já se prepara para um ritmo maior de encomendas de chassis, carrocerias e produtos em geral.
“Entre 2013 e 2016, as vendas de ônibus para fretamento quase desapareceram, foi uma queda de 82%.  E essa queda ocorreu ano após ano, não houve oscilações entre melhora e piora. De um mercado de 2500 ônibus, no ano de 2015, por exemplo, foram vendidas 594 unidades. Este ano, são 402 unidades e a queda ainda deve ser de cerca de 15%. Em relação ao fretamento, acreditamos que 2018 seja estável ou com pequeno crescimento, o que não é má notícia, e que em 2019, o crescimento de forma gradativa seja mais sentido” – disse em palestra no evento, o diretor de vendas e marketing ônibus da Mercedes-Benz, Walter Barbosa.
“De 2014 a 2016, foi a pior fase para o fretamento. Uma bola de neve: a indústria demitiu e cortou serviços de fretamento. Já o setor de fretamento, não pode renovar a frota, o que impactou a indústria. Nós mesmos somos exemplos disso. Em Resende, nossa planta tinha três turnos, caiu para um. Com isso, diminuíram os contratos com nosso prestador de serviço de fretamento. Mas os sinais positivos começam a aparecer. Ainda estamos com um turno, mas recontratamos em torno de 160 funcionários. Prospectamos que o crescimento de vendas de chassis para fretamento comece em 2018” – disse o gerente nacional de vendas de ônibus da MAN, Jorge Carrer.
Mas se o fretamento ligado à indústria não teve bom histórico nos últimos anos, a prestação de serviços de transportes para outros setores, como o agronegócio, conseguiu registrar bons resultados mesmo em anos de crise.
“Para toda nossa gama de produto, 2017 deve ser 15% melhor que 2016. No segmento de fretamento, em geral, houve queda de vendas, mas se formos recortar, por exemplo, o fretamento para o serviço rural, vemos novas perspectivas de negócios, refletindo em vendas. A resolução 916 do Contran proíbe ônibus velhos e não adaptados para o transporte rural, que exige, por exemplo, novos itens de segurança. Ao mesmo tempo, tivemos uma safra significativa. Com isso, para o fretamento do agronegócio registramos alta em torno de 10%”. – disse o gerente nacional de vendas da Volare, Sidnei Vargas.
“Acreditamos que já em 2018, podemos aumentar nossa participação no segmento de fretados. Estamos atentos à nova legislação de acessibilidade, que deve entrar em vigor em julho do ano que vem. Haverá o movimento de compra maior antes da entrada da lei, de empresários que querem aproveitar ainda a possibilidade de aquisição de ônibus sem a plataforma elevatória, que tem preço menor. Isso também deve impactar as vendas. E também acreditamos no maior valor agregado dos ônibus com as plataformas para pessoas com mobilidade. Hoje apresentamos um modelo que pode fazer com que o veículo não perca espaço interno. A plataforma tem uma poltrona que pode ser usada por qualquer passageiro, mesmo não havendo pessoas com cadeira de rodas na viagem” – pontuou o regional de vendas da Neobus, Maurício Cardoso Silveira.
“Há uma demanda reprimida por renovação de frota de ônibus no fretamento. O ideal é que o empresário consiga renovar algo em torno de 10% da sua frota, mas isso não foi possível até agora. Assim, além da recuperação econômica, que parece dar sinais mais sólidos, e da questão da acessibilidade e antecipação das compras de ônibus, esse fator tem de ser considerado. A frota de fretamento de muitas empresas está desatualizada.” – considerou o gerente regional de vendas da Caio, no Estado de São Paulo, Marcio Antônio de Souza.
“A reação econômica que se desenha vai ajudar o setor de fretamento a reagir também. Mas a indústria deve estar preparada para a situação pós crise, que não se resume a mais vendas, porém a uma nova cultura. Os passageiros e as empresas que contratam as empresas de fretamento estarão mais exigentes, assim, a preocupação com a qualidade do ônibus é fundamental. Porém, os empresários vão precisar recuperar sua rentabilidade e diminuir custos. Os ônibus então devem aliar baixo custo e qualidade e é o que estamos fazendo” – destaca o gerente nacional de vendas da Mascarello, Antônio Carlos Capecce.
E na expectativa que os serviços de fretamento devem focar na atratividade, qualidade, baixo custo operacional e segurança, expositores de produtos e soluções mostram diversos sistemas que podem deixar as viagens mais agradáveis para o passageiro, mais satisfatórias para os contratantes das companhias de ônibus e mais rentáveis para as transportadoras.
A Easy Course apresentou um programa de roteirização para diminuir quilometragem morta e distribuir melhor a oferta de ônibus, em especial para fretamento contínuo. É possível alugar o programa para reestruturar todas operações, ou para modificações pontuais, uma exigência do mercado.
A Produsoft destacou sistemas de gerenciamento de frotas e operação que, segundo a empresa, no segmento de fretamento, podem representar em torno de 15% de redução de custos, dependendo da organização da companhia de ônibus e das condições operacionais.
A Rei trouxe novidades em monitores de ônibus, para entretenimento de passageiros, conexão à internet por wi-fi a bordo, além de câmeras e sistemas de monitoramento que podem, por exemplo, identificar mais rapidamente, numa gravação irregularidades como caronas em trechos onde não há paradas, e desvios de itinerários.
A GeoTV destacou um sistema de entretenimento, como já ocorre nos aviões, pelo qual os passageiros de ônibus podem se conectar por seus dispositivos móveis a um menu de entretenimento, com filmes, shows e programas de informação.
Já a Essor Seguros mostrou uma série de alternativas de seguros, como o de responsabilidade civil, que é obrigatório em sistemas estaduais, como da Artesp, em São Paulo, por exemplo, e nas operações interestaduais e internacionais da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. Há ainda seguros para o veículo, incluindo a possibilidade de apenas cobrir o deslocamento do ônibus zero quilômetro da fábrica para a garagem, e o mais recente produto, a cobertura de danos em garagens de ônibus, equipamentos e os veículos estacionados.
Pelo que a reportagem do Diário do Transporte percebeu, uma luz verde se acendeu no setor de fretamento, mas ainda há o temor de novo sinal amarelo e o “farol vermelho” é uma lembrança não muito distante, e também não deixa de preocupar.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Especial Ciferal Turquesa

CIFERAL TURQUESA

Em 1999 a Ciferal lançou no mercado o modelo Turquesa. Quando se viu pela primeira vez algo familiar e estranho aconteceu. O modelo tinha o “jeito” de Marcopolo, alma de Marcopolo e não o “jeito” de construção da tradicional encarroçadora do distrito de Xerémem Duque de Caxias-RJ.
Acontece que naqueles tempos a Marcopolo estava integrando a fábrica carioca ao grupo que iniciou a montagem de seus modelos urbanos em Xerém, como o Torino 1999 e o Viale. Esses modelos iniciais possuem a plaqueta azul da Ciferal. O modelo saiu de linha em 2003, dando lugar ao Citmax.


















domingo, 29 de outubro de 2017

Marcopolo Torino GV Scania F113 HL

ESPECIAL MARCOPOLO TORINO GV SCANIA F113HL

Uma homenagem a este modelo que fez grande sucesso no Rio de Janeiro e seus municípios vizinhos, quantos já ouviram o ronco do motor Scania o chassi que era o melhor pra rodar em perímetro urbano. Empresas de ônibus da cidade do Rio e da Baixada Fluminense tiveram vários modelos como este atuando em linhas expressas e paradoras.


















O primeiro ônibus do Mundo

Foi na França, precisamente na cidade de Nantes, que surgiu o primeiro ônibus como meio de transporte terrestre de passageiros. O ano era 1826 e, até então, o transporte era feito por meio de carruagens, carroças e carros de aluguel. As viagens eram lentas, cheias de paradas para descansos e passíveis de muitos perigos, como o encontro com animais selvagens pelas estradas. 

Viajar era regalia de poucos e até a locomoção por distâncias médias era complicada. Foi por esse motivo que o empresário Stanislav Baudry teve que encontrar um jeito de transportar as pessoas entre o centro da cidade e as instalações afastadas do seu negócio, uma casa de banhos públicos. 

O veículo era uma espécie de grande carroça com bancos de madeira e entrada traseira. O nome “ônibus”, de acordo com registros históricos, parece ter surgido do ponto final onde o veículo estacionava, a loja de um comerciante chamado “Omnes”, que criou a expressão “Omnes Omnibus”, com o significado de “tudo para todos”. 

Os dizeres foram criados para divulgar a pequena loja de artigos variados, mas rapidamente foram associados ao transporte. A ideia de um veículo que pudesse levar pessoas com mais conforto a distâncias maiores fez tanto sucesso que Baudry acabou desistindo da sua casa de banhos para se dedicar ao novo empreendimento. Logo, muitas outras empresas de ônibus se espalharam pelo mundo.

Fonte: Fortalbus

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Ciferal Dinossauro foi fabricado até 1987, inclusive com chassi Volvo

Fonte: Mobilidade em foco
Matéria / Texto: Carlos Alberto Ribeiro
Fotos: Acervo Paraíba Bus Team

“Existiu ônibus com carroceria Ciferal, modelo Dinossauro, montado sobre chassi Volvo com motor central? Sobre chassi Scania 11 entre cada 10 busólogos sabe que existiu. Montados sobre chassis Mercedes-Benz, uma pequena minoria também lembra. Basta relembrar dos Tribus 1 da Itapemirim. Mas, e com chassi Volvo? Veja a matéria”.

A Companhia Industrial de Ferro e Alumínio (Ciferal) foi fundada no ano de 1955, tendo como sócios um grupo de empreendedores capitaneados por Fritz Weissman, cidadão de origem austríaca. Foi através da planta industrial da Ciferal que se difundiu no Brasil a fabricação de carrocerias pra ônibus com chapas de alumínio, substituindo a madeira que até então era empregada. Sim, para quem não lembra, não conheceu ou não estudou sobre o assunto, entre 1940 a 1950 quando em solo brasileiro foi começado a produzir as primeiras carrocerias de ônibus, montadas sobre chassi de caminhão, que tinham sua estrutura remontada, as laterais, teto, assoalho, bancos, porta e, caixilhos das janelas, tudo era feito com madeira nobre.

Madeira não era problema naquele tempo. Tampouco existia a legislação rígida de hoje em dia que exige extração de florestas com manejo sustentável, ou seja, florestas plantadas pelo próprio homem. O Brasil era, inclusive, um dos maiores exportadores do mundo de madeira nobre. Tinha em abundância. Era só escolher a de maior durabilidade, menor peso e que mais se adaptava a cada parte da carroceria. O emprego do aço, ferro e alumínio viria somente a partir dos anos 60. A Ciferal teve enorme importância para a introdução do duralumínio e chapas de aço nas carrocerias de ônibus.

Know-how, qualidade, menor peso, era sinônimo de carroceria Ciferal. Tanto é que a maior fabricante do Brasil no final dos anos 40 e decorrer da década de 50, a Eliziário, com planta industrial em Porto Alegre, fabricava ônibus somente com madeira. Para migrar da madeira para o emprego de metais no encarroçamento, diretores da Eliziário visitaram a Ciferal em busca de um acordo de transferência de tecnologia que permitisse o domínio da técnica de fabricar carrocerias com chapas de aço. Assim nasceu no inicio dos anos 60 a carroceria modelo Bi-Campeão Rodoviário Super Luxo, da Eliziário. E quem foi este ônibus na ordem do dia? Praticamente o rei das estradas para linhas de média e longa distância nos anos 60.



Nos anos 60 a Mercedes entrou com tudo no mercado fabricando os seus monoblocos. Além da Eliziário, outras, como a Nicola e Incasel cresceram a olhos vistos. Porém, no início dos anos 70 a Ciferal surpreende tudo e todos novamente, como já o fez na década de 50. Numa época em que prevalecia, cerca de mais de 90% da frota, ônibus de chassi com motor dianteiro, carrocerias de 2,40 metros de largura e altura externa de 2,90 a 3,00 metros, eis que surge um super ônibus. Era o modelo Dinossauro, com carroceria toda em duralumínio, chassi Scania BR115 (motor traseiro) ou B110 (motor dianteiro), os mais potentes do mercado, com 286 cv. Com 13,20 metros de comprimento, 2,57 metros de largura e 3,50 metros de altura. 



Era o gigante das rodoviárias e o rei das estradas. Com efeito, nenhum outro rodava com tanta desenvoltura nas estradas. Sua inspiração para criação veio dos Estados Unidos, dos ônibus norte-americanos. Apresentado no Salão do Automóvel de 1972, logo começou a rodar nas principais linhas da Viação Cometa, como Rio de Janeiro x São Paulo e Curitiba x São Paulo. Outras empresas, como Expresso União, Nacional Expresso, Ouro Branco, Impala, Unida, Soletur, Expresso Araguaia, Soletur, Real Expresso e Itapemirim, foram algumas das empresas que compraram Dino nos anos 70. No decorrer de 1981 a Ciferal sofreu um grande abalo econômico no seu planejamento orçamentário. Como se já não bastasse a inflação galopante e a queda nas vendas de carrocerias, a tradicional fabricante sofreu um baque terrível que culminou na sua falência.







A celeuma do processo de falência foi desencadeada com o cancelamento de uma encomenda de 2.000 carrocerias de trólebus por parte da CMTC (Companhia Municipal de Transporte Coletivo), empresa estatal que operava o transporte coletivo no município de São Paulo. A encomenda, além de vultosa pra época, que também seria nos dias de hoje, aconteceu depois da Ciferal ter investido no aumento da linha de produção, compra de maquinários, contratação de novos funcionários e investimento significativo no aumento do estoque de matéria-prima. O baque foi tão grande que faltou recursos (caixa) até para o pagamento das contas de curto prazo. Com a decretação da falência, a filial de São Paulo, Ciferal Paulista, foi adquirida pela Condor. Em 1984 a Condor também faliu e a sua “massa falida” foi comprada e virou a Thamco.









A Ciferal com planta industrial situada no Rio de Janeiro teve o seu controle acionário assumido pelo governo do Estado, cujo governador Leonel Brizola, com o ato de encampação da empresa, evitou que centenas de empregos fossem extintos numa época de forte crise da economia brasileira. Fala-se nas entrelinhas que o ônibus urbano Ciferal, modelo Padron Briza, antecessor do Padron Alvorada, foi uma homenagem ao governo brizolista. Dessa época, 1981 a 1986, a maioria absoluta dos busólogos, até quem conhece razoavelmente bem do assunto, tem como certo que a exclusividade dos ônibus modelo Dinossauro, que viraram os Flecha Azul, pertenceu a Cometa.

















Ledo engano. Pra quem pensa que somente a Viação Cometa podia comprar os “ex-Dinos” na condição de novos, fabricados pela CMA (Companhia Manufatureira Auxiliar), informo que estão equivocados. A Ciferal, entre 1984 a 1987, também fabricou os Dinossauros. Outra nota: os Dinos não foram montados unicamente sobre chassis Scania. A CMA, sim, somente encarroçava este modelo sobre chassi da marca do grifo. Mas a Ciferal, não. No catálogo de produtos da Ciferal, datado de julho de 1985, consta que o modelo Dinossauro podia ser montado sobre chassis Scania K112CL 4 x 2 e Volvo B58 4 x 2, B58E 4 x 2.