terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Governo de São Paulo considera ônibus articulado a hidrogênio a partir do gás natural

onibus a hidrogênioÔnibus a hidrogênio pararam nos testes
Proposta está em relatório da Secretaria de Energia e Mineração do Estado
ADAMO BAZANI
O Governo do Estado de São Paulo estuda a possibilidade de continuar com os investimentos no projeto de ônibus a hidrogênio, desta vez com um modelo articulado, cujo combustível seria obtido a partir da reforma do gás natural.
É o que revela relatório da Secretaria de Energia e Mineração, publicado hoje no Diário Oficial do Estado.
De acordo com o documento, a proposta ainda depende de investimentos e foi levada ao BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social no ano passado, ainda sem resposta. Haveria a participação de parceiros nesse projeto.
Ônibus a hidrogênio – Continuidade do projeto da EMTU, com incorporação da tecnologia de produção de hidrogênio a partir da reforma de Gás Natural: Desenvolvimento e submissão de proposta ao BNDES em 30/04/16 para financiamento de projeto, no valor de R$ 16 milhões, com contrapartida de 20% com recursos de P&D da Comgás, e participação do RCGI, Comgás, Concessionária Metra, EMTU e seus parceiros. Essa proposta é composta pelo: Desenvolvimento de planta de produção de hidrogênio a partir de reforma de gás natural para utilização em veículos de transporte público de passageiros (ônibus) da EMTU (2ª geração); Estudos comparativos de tecnologias de produção de Hidrogênio pela tecnologia da Eletrólise e reforma de gás natural; Desenvolvimento de ônibus articulado movido a hidrogênio – 3ª geração – e comparativo de desempenho operacional com ônibus movido a gás natural.
De acordo com tese sobre produção de hidrogênio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, a produção do hidrogênio a partir do gás natural traz vantagens, como a eficiência e o menor custo, porém, tem a desvantagem de emitir poluentes, mesmo que em proporções menores que um ônibus diesel lançaria no ar.
Hidrogênio a partir do gás natural
De acordo com FURIGO (2007), é a alternativa mais barata e eficiente, o hidrogênio é obtido quebrando as moléculas de hidrocarboneto que compõem o combustível. Grande parte da produção de hidrogênio hoje é feita a partir da reforma catalítica do gás natural (cerca de 90%).
Sua grande desvantagem é a emissão de dióxido de carbono (CO2), e também mantém a dependência do petróleo, fazendo com que não se invista em fontes renováveis.
AINDA NÃO AVANÇOU:
Até agora, o Brasil possui quatro ônibus a hidrogênio, mas que não são ainda utilizados pelos passageiros. Os veículos estão encostados na garagem da operadora do Corredor ABD.
O projeto teve custo total de mais de US$ 16 milhões, como aponta o próprio site da agência do Governo Federal que financia pesquisa e inovação, a Finep, sendo na época US$ 12,3 milhões do Global Environment Facility (GEF), aplicados por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e R$ 8,4 milhões da Finep – Relembre:  http://www.finep.gov.br/noticias/todas-noticias/5045-novos-desafios-para-a-implantacao-de-onibus-a-hidrogenio-sao-debatidos-na-finep
O primeiro veículo foi apresentado à população no dia 1º de julho de 2009. Na época, o governador de São Paulo era José Serra e a promessa era de que até 2011 a rotina dos transportes seria marcada por esses ônibus que em vez de soltarem fumaça, emitem vapor d’água durante a operação.
O ônibus quase nem rodou em testes no Corredor Metropolitano ABD, que liga São Mateus, na zona leste da capital paulista, ao Jabaquara na zona sul, por municípios do ABC. A capacidade de passageiros era pequena, 63 pessoas entre sentadas e em pé. A lotação limitada se dava porque os tanques e todo equipamento para células de hidrogênio ficavam na parte de trás, roubando espaço interno. Mas os problemas não foram apenas estes: baixo desempenho e  custos tornavam o projeto, desafiador, no mínimo.
Apesar de a apresentação do primeiro veículo ter ocorrido em 2009, o chamado “Projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio” teve origem em 16 de janeiro de 2002, quando foi publicada a manifestação de interesse para avaliação do mercado e tentativa de formação de Consórcios para desenvolvimento e fabricação dos veículos. Apenas em novembro de 2006, é que o projeto foi lançado formalmente e consistiu na aquisição, operação e manutenção de até quatro ônibus com célula combustível a hidrogênio, conforme a própria EMTU: http://www.emtu.sp.gov.br/emtu/empreendimentos/projetos-de-desenvolvimento-tecnologico/onibus-a-hidrogenio.fss
Todo este projeto custou até agora, de acordo com o portal do Ministério das Minas e Energia, mais de US$ 16 milhões de dólares, com financiamento público e internacional. O projeto foi coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU),  Agência Brasileira de Cooperação (ABC), direção do Ministério das Minas e Energia (MME),  e recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e da Agência Brasileira de Inovação (Finep). Entre as fabricantes que participaram, estavam Tutto Trasporti, que nesse período mudou de direção, Marcopolo com a carroceria.
A garagem teve de contar com uma estação inicial de abastecimento, que logo se tornou obsoleta.
O projeto continuou até que em 15 de junho de 2015, às 10h, e, no mínimo quatro anos de atraso, o governador Geraldo Alckmin participava do lançamento de três novos modelos, também com carroceria Marcopolo e chassi do Grupo Tutto já sob nova direção.
Os veículos ficaram mais modernos. Não havia mais o problema de espaço interno reduzido, já que os equipamentos e os tanques de hidrogênio ficaram na parte superior do ônibus.
Nasceu assim a expectativa de o projeto deslanchar e, finalmente, os passageiros andarem nos veículos. Uma nova estação de abastecimento também foi apresentada dentro da garagem.
Mas operação que é bom, quase nada.
Os três veículos circularam de maneira esporádica entre os meses de julho de 2015 e março de 2016, com poucas viagens comerciais.
Apesar de todo o entusiasmo passado nas notas oficiais à imprensa pela EMTU- Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, depois de março ninguém conseguiu ver mais esses veículos no Corredor ABD.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Nenhum comentário:

Postar um comentário