Circulação na via esburacada implica em problemas em 20% da frota de BRTs (cerca de 80 coletivos), que precisam de reparos diariamente
ALEXANDRE PELEGI
O BRT Transoeste, uma das obras de maior impacto realizadas no Rio de Janeiro, está sofrendo com os buracos espalhados pelo asfalto no trecho de 40 quilômetros entre Copacabana e o Recreio dos Bandeirantes.
O Transoeste foi o primeiro corredor em operação na cidade do Rio e transporta 216 mil passageiros/dia, em 60 quilômetros de pista exclusiva.
Os inúmeros buracos no asfalto invadiram a via exclusiva para ônibus, o que atrapalha a vida de motoristas e prejudica a rotina dos passageiros. Asfalto esburacado significa risco potencial de acidente. Para a diretora de Relações Institucionais do Consórcio BRT, Suzy Balloussier, ouvida em matéria do jornal O Globo, feita pelo jornalista Luiz Ernesto Magalhães, os coletivos estão sendo obrigados, por causa das crateras, a circular mais devagar para evitar acidentes.
O resultado é o aumento no tempo da viagem, o que prejudica justamente uma das maiores conquistas do sistema BRT. O tempo do percurso nas linhas expressas entre o terminal Alvorada e Santa Cruz, que deveria durar 50 minutos, leva agora 70 minutos, afirma Suzy Balloussier à reportagem do jornal.
Além de afetar a finalidade do BRT, que é oferecer deslocamentos mais rápidos aos passageiros, outro problema é lembrado pela diretora do Consórcio: o aumento no susto de manutenção da frota. Ela lembra ao jornal carioca que a circulação na via esburacada implica em problemas em 20% da frota de BRTs (cerca de 80 coletivos), que precisam de reparos diariamente.
Na entrevista ao “O Globo”, Suzy diz que a situação “nunca esteve tão ruim. Isso afeta inclusive a vida útil dos coletivos. Um ônibus articulado deveria durar 20 anos. No Transoeste, só resiste por cinco anos porque começa a apresentar falhas em peças da suspensão, defeitos que só seriam normais em caminhões que trafegam por estradas não asfaltadas”.
PREFEITURA REDUZIU GASTOS COM MANUTENÇÃO
Em audiência pública realizada na semana passada na Câmara dos Vereadores do Rio, o secretário municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma), Rubens Teixeira, divulgou dados que mostram a situação de penúria por que passam muitos serviços públicos na cidade. Se no ano passado o investimento em conservação foi de R$ 313,3 milhões, para este ano a quantia prevista caiu para R$ 105,4 milhões, corte de 66,3%.
O BRT Transoeste é uma das vítimas do estado de má conservação das vias na cidade do Rio de Janeiro. Triste ver um dos maiores legados para a mobilidade urbana se perder por conta de cortes no orçamento. A manutenção inadequada de equipamentos e vias públicas trará um preço muito alto no futuro, pois exigirá gastos maiores para recuperar o que se deteriorou.
Alexandre Pelegi – jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transprte
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