sexta-feira, 12 de maio de 2017

Consórcio BRT diz que secretário desconhece sistema ao citar demanda de Transolímpica

De acordo com Fernando Mac Dowell, valor da tarifa afasta passageiros.  Empresas também criticam comparação com o Transmilênio, de Bogotá.
ALEXANDRE PELEGI

O Consórcio BRT, responsável pelas operações dos corredores de ônibus no Rio de Janeiro, contestou a afirmação do secretário municipal de transportes, Fernando Mac Dowell que ligou a queda no número de passageiros ao valor da tarifa.
A declaração foi à imprensa do Estado, quando o secretário comentou os dados sobre a  demanda do BRT Transolímpica, que hoje é menor do que o projetado quando o sistema foi inaugurado.
O BRT Transolímpica, que liga a Vila Militar à Barra da Tijuca, teve um custo de R$ 2,2 bilhões, e foi entregue em julho de 2016 para operar já a partir das Olimpíadas. Após oito meses do início de operação, o corredor, projetado para transportar 70 mil passageiros/dia, segundo sados da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), hoje atende a cerca de 29 mil passageiros/dia.
Em nota, o consórcio afirmou que Mac Dowell “mostra mais uma vez que desconhece o sistema de corredores exclusivos de ônibus do Rio de Janeiro”. As empresas também querem que a prefeitura comprove a alegação de que os corredores de ônibus trouxeram 31% de redução de custos do sistema. As viações também criticam a comparação com o sistema de Bogotá, onde, segundo elas, há punições mais severas para atos de vandalismo e policiamento mais intenso para proteger passageiros, motoristas e patrimônio. Confira:
O secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, ao fazer a afirmação acima, mostra mais uma vez que desconhece o sistema de corredores exclusivos de ônibus do Rio de Janeiro, cidade onde ele é gestor público da área de mobilidade. Desde a implantação do Transolímpica, não houve alteração do valor da tarifa e tampouco se chegou perto do número de passageiros projetados e divulgados pela gestão anterior, que era de 70 mil/dia. Logo, creditar a queda de passageiros ao preço da passagem é subestimar a capacidade da população de entender sobre a realidade dos fatos.
O BRT Rio espera que o secretário venha a público apresentar os cálculos que comprovem que houve redução de 31% do custo da operação no sistema BRT, até para que tal afirmação não se configure como uma tentativa de induzir a população a acreditar em informações inverídicas. Já foi apresentado ao senhor Mac Dowell, em reuniões e também em recente audiência no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, documentos que comprovam que ainda não é possível sequer pagar os investimentos feitos pelas empresas do Consórcio para colocar os articulados em circulação. O secretário sabe que os custos com vandalismo e calote nas estações e terminais, por exemplo, custam ao BRT Rio mais de R$ 3 milhões por ano. É de conhecimento dele também que o setor o opera com suas contas no vermelho, abaixo da sua capacidade financeira, e com déficit mensal de cerca de R$ 5 milhões.
Sobre Bogotá, importante lembrar ao secretário que lá, de acordo com o novo Código de Polícia, que entrou em vigor no fim de janeiro, há multas para ações de vandalismo e calote, entre outras situações, praticadas nas estações e articulados do Transmilênio. Também há nessa via expressa uma polícia que atua exclusivamente ao longo do corredor e, no caso da tarifa, houve reajuste este ano e os valores são diferenciados, sem gratuidade (a exceção é para crianças de até 3 anos). Portanto, já que o secretário citou o transporte de alta capacidade colombiano, o Consórcio aguarda iniciativas parecidas para sistema do Rio, entre elas o reajuste da passagem de ônibus, como determina o contrato, e o uso da Guarda Municipal para ajudar na segurança dos passageiros.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

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