quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Mercedes-Benz quer trazer biodiesel hidrogenado para o Brasil e apresenta alternativa para SPTrans

Segundo Mercedes-Benz, combustível pode ser usado em ônibus comuns, de qualquer marca
Segundo montadora, combustível é diferente do HBio e pode ser usado em ônibus convencionais sem alteração das características originais, com redução de poluentes superiores ao biodiesel comum
ADAMO BAZANI
Diante das discussões sobre a alteração da Lei de Mudanças Climáticas, na Capital Paulista, em especial do artigo que prevê um cronograma para a implantação de uma frota limpa de ônibus na cidade de São Paulo, e também devido aos problemas econômicos, sociais e de saúde pública causados pela poluição, são várias as soluções tecnológicas apresentadas no Brasil para deixar os veículos de transportes coletivos menos poluentes.
Entre elas, existem algumas já consagradas no País, com os trólebus, que estão mais modernos, porém, que ainda dependem da rede aérea para trafegar na maior parte do trajeto, mesmo tendo baterias de reserva. Também há tecnologias cada vez mais usadas no mundo, mas ainda com poucas unidades no Brasil, como os ônibus elétricos com baterias e ônibus híbridos, que possuem dois motores, um a combustão e outro elétrico. Estão no leque de opções ainda o etanol, o gás natural, o biodiesel, o diesel de cana de açúcar e, ainda mais para futuro, as células de combustível de hidrogênio. A Eletra, de São Bernardo do Campo, também apresentou um veículo que é uma mistura de alternativas. Chamado de Dual Bus pela fabricante, o mesmo veículo pode reunir as tecnologias trólebus e híbrido ou, então, híbrido e 100% elétrico.
Mas a Mercedes-Benz quer trazer e fomentar para o País outra alternativa. Trata-se do HVO – Hydrotreated Vegetabel Oil, ou óleo vegetal hidrotratado, chamado também comumente de biodiesel hidrogenado.
Em entrevista ao Diário do Transporte, o gerente de marketing de produtos da Mercedes-Benz do Brasil, Edson Carlos Brandão, diz que já apresentou a ideia para ônibus à SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema de ônibus na capital paulista, e agora negocia com a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, além de outros interlocutores dos setores de energia e transportes.
“A SPTrans se mostrou bastante receptiva” – disse.
Segundo Brandão, o combustível consiste num biodiesel que passa por um processo de adição de hidrogênio, que gera uma liberação de oxigênio, deixando o produto mais limpo.
“O HVO reduz quase a mesma quantidade de NOx (óxido de nitrogênio) e MP (materiais particulados) que o diesel S-10 em motores Euro V, mas a grande diferença comprovada está na redução de CO2. Precisamos saber em nossa realidade operacional qual será a redução. Por isso que a Mercedes-Benz quer fomentar esta tecnologia por aqui” – disse.
O representante da montadora afirma que o combustível é diferente do HBio, analisado pela Petrobrás.
“O HBio é o diesel hidrogenado. O HVO é o biodiesel hidrogenado” – explica.
Brandão ainda diz que o HVO não exige adaptações dos atuais ônibus a diesel e pode ser usado em qualquer tecnologia. Se, por exemplo, abastecer um ônibus de tecnologia para a redução de emissões por diesel Euro III, vai poluir menos, porém os ganhos ambientais serão maiores num Euro V e, quando o Euro VI passar a vigorar no Brasil, vai reduzir ainda mais a poluição.
“É possível usar as fontes de biodiesel aqui do Brasil, como soja, mamona, palma e de origem animal, por exemplo. O que muda é o processo de fabricação”.
O técnico da Mercedes-Benz diz ainda que o combustível tem as mesmas características que o diesel.
“O segredo é que ele rende o mesmo que diesel, tanto em consumo como desempenho, a queima é igual”
OUÇA A ENTREVISTA COMPLETA:
Trabalhos internacionais como da Universidade de Tecnologia de Helsinque mostram que o HVO, chamado em parte da Europa de diesel verde, pode reduzir diversos tipos de poluentes, podendo abastecer 100% do tanque de um caminhão ou ônibus.
Acesse:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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