segunda-feira, 21 de março de 2016

Itapemirim tem 60 dias para escapar da falência

Fonte: Blog Ponto de Ônibus

Itapemirim
Ônibus da Itapemirim, em Guarulhos
Falência também será decretada se credores não aceitarem plano. Neste caso, manifestação é em 180 dias. Empresa já foi a maior do País no segmento de transportes rodoviários
ADAMO BAZANI
A 13ª Vara Cível Especializada Empresarial de Vitória, no Espírito Santo, aceitou na última sexta-feira, 18 de março de 2016, o pedido de recuperação judicial da Itapemirim e de outras empresas do grupo e deu 60 dias para que um plano de recuperação fosse apresentado. Se isso não ocorrer, a justiça vai decretar a falência da Itapemirim.
Estão incluídas neste plano de recuperação as seguintes companhias: Viação Itapemirim, Transportadora Itapemirim, ITA – Itapemirim Transportes, Imobiliária Bianca, Cola Comercial e Distribuidora e Flecha Turismo Comércio e Indústria.
No plano de recuperação, a Itapemirim deve apresentar maneiras de como vai quitar os seus débitos de R$ 336 milhões e 490 mil e como proporcionar viabilidade e crescimento das companhias.
Deste total, R$ 42 milhões e 700 mil são referentes a encargos trabalhistas.
Após apresentar o plano dentro de 60 dias, os credores terão 180 dias para se manifestar. Caso não aceitem as propostas, a Itapemirim também pode ter falência decretada por este motivo.
A Itapemirim chegou a operar em 70% do território nacional e nos anos de 1980 produziu os próprios ônibus.
O grupo vem realizando demissões desde 2014, mas as dispensas se intensificaram entre o segundo semestre de 2015 e o início deste ano. Todas as empresas do grupo empregam 1 mil 900 pessoas no país.
De acordo com o sindicato que representa os rodoviários no sul do Espírito Santo, somente no estado, a Itapemirim demitiu desde o último dia 18 de fevereiro 150 trabalhadores.
A Itapemirim afirma que o processo de recuperação judicial é para evitar a falência e pede um voto de confiança aos funcionários, mas diz que a situação só será resolvida em médio prazo.
A empresa alega que é vítima da crise econômica que aumentou os custos de operação e diminuiu o lucro e a demanda das linhas.
No entanto, fontes do setor afirmam que a empresa tem sido também vítima de erros administrativos e desacordos entre integrantes da família Cola.
Um destes desentendimentos é entre Camilo Cola, e a filha, Ana Maria Cola, sobre o inventário do patriarca. A disputa está na justiça.
Pessoas ligadas ao quadro de funcionários da companhia ainda alegam que a transferência de ônibus e linhas para outra empresa, a Kaissara, teria sido uma manobra para diminuir o impacto da crise pela qual passa o grupo da Itapemirim.
No dia 4 de junho de 2015, a Itapemirim vendeu 68 linhas interestaduais para a Viação Kaissara entre as quais, trajetos de grande demanda, como São Paulo / Rio de Janeiro, São Paulo / Rio de Janeiro (via ABC Paulista), São Paulo / Curitiba, Rio de Janeiro / Curitiba, Salvador/ Rio de Janeiro, Brasília / Belo Horizonte, Rio de Janeiro / Curitiba.
Em torno de 40% da frota que era operada pela Itapemirim foram assumidos pela Kaissara.
Com a transferência, a Itapemirim manteve 50 itinerários, o que corresponde a 40% de sua atuação anterior.
Kaissara e Itapemirim ainda ocupam as mesmas estruturas, o que leva até mesmo funcionários afirmarem que ainda se trata de um mesmo grupo empresarial. A afirmação, entretanto, é negada por um dos diretores da Kaissara, Fernando Santos, que em entrevista ao Blog Ponto de Ônibus afirmou que não há sócios em comum entre as duas empresas.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Nenhum comentário:

Postar um comentário