Pesquisa é do Greenpeace, que ainda revela que bicicleta está entre os planos de deslocamento dos brasileiros. Mas candidatos à prefeitura ainda insistem em priorizar os carros nos discursos
ADAMO BAZANI
A maior parte dos brasileiros aceitaria redução dos espaços destinados aos veículos particulares para ciclovias, corredores de ônibus e calçadas. O meio de transporte que seria escolhido pela população se houvesse uma infraestrutura mais adequada nas cidades é o ônibus.
É o que revela pesquisa sobre mobilidade urbana encomendada pelo Greenpeace ao Instituto Datafolha. Foram ouvidas 2098 pessoas com 16 anos ou mais em 132 municípios de todas as regiões do país neste mês de setembro.
Segundo os dados, 74% dos entrevistados apoiam a redução de espaços dos carros desde que sejam implantados corredores de ônibus, aumentadas as calçadas e criadas ciclovias adequadas que ofereçam segurança.
O ônibus é o meio de transporte que mais atrairia pessoas em deslocamentos por superfície se houvesse uma estrutura mais adequada.
O ônibus é escolha de 42% dos entrevistados, seguido por carro com 23% dos entrevistados e bicicleta 21%. Nesse caso, carro e bicicleta estão empatados tecnicamente já que a pesquisa tem margem de erro de dois pontos.
De acordo com o responsável pela campanha de Mobilidade Urbana do Greenpeace, Vitor Leal, na Agência Brasil, os candidatos às prefeituras não se deram conta na prática dessa realidade e ainda insistem em anunciar medidas que mais privilegiem o transporte por veículos particulares do que políticas públicas para aperfeiçoar os serviços de ônibus.
“O que fica claro para mim é que as pessoas estão interessadas em como garantir a mobilidade delas e, se significa tirar espaço do carro para dar para outros modos de transporte, isso é ótimo, mas continuamos vendo os discursos de candidatos do Brasil inteiro que continuam falando só para quem anda de carro e, de vez em quando, falam um pouco sobre ônibus de um jeito genérico”, disse.
COMO SERIA A REDUÇÃO DE ESPAÇOS PARA CARROS:
A pesquisa deixou clara a intenção e a disposição do brasileiro em abrir mão dos veículos particulares desde que haja sistemas de transportes públicos e também de estruturas para os não motorizados que fossem eficientes.
Para isso a redução dos espaços para os veículos automotores é considerada essencial, mas como se daria esta diminuição das áreas para o transporte individual?
A pesquisa colocou três cenários diferentes. Apenas a redução do número de vagas de estacionamento é que teve a maior parte das respostas
– Redução de Vagas para Carros:
A favor: 47%
Contra: 41%
Indiferentes: 9%
Não soube/não respondeu: 3%
– Redução do número de faixas para carros:
A favor: 40%
Contra: 49%
Indiferentes: 8%
Não soube/não respondeu: 4%
– Fechamento de algumas vias apenas para carros:
A favor: 36%
Contra: 52%
Indiferentes: 8%
Não soube/não respondeu: 3%
Os pesquisadores primeiramente fizeram as três perguntas sobre as formas de redução de espaço para carros e só depois é que falaram que essa redução seria para ampliar a estrutura aos serviços de transportes coletivos e não motorizados. Somente depois desta condição é que veio a maior aceitação: de 74% favoráveis a menos áreas para os carros.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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