
Segundo profissionais ouvidos pela reportagem, mesmo após quase oito anos de cores por consórcio, ainda tem muita gente que se confunde na hora de embarcar
ADAMO BAZANI
O Diário do Transporte esteve nesta sexta-feira no Rio de Janeiro para acompanhar o anúncio por parte do sindicato que reúne as viações, o Rio Ônibus, e pela gestão Marcelo Crivella, das mudanças no hoje degradado sistema de transportes da cidade.
O objetivo é recuperar a qualidade dos serviços e, consequentemente, reconquistar a confiabilidade do passageiro, abalada por um cenário que foi marcado por instabilidades no valor da tarifa, frota velha em circulação, denúncias de corrupção envolvendo algumas empresas e falência de companhias de ônibus. Veja todas as mudanças neste link:
Um das mudanças que mais têm dividido opiniões nas redes sociais é a o fim da padronização atual das pinturas por consórcio, em vigor desde 2010.
Segundo o presidente do Rio Ônibus, Claudio Callak, e o prefeito Marcelo Crivella, além de “despolitizar” as latarias dos ônibus, o fato de cada empresa poder ter sua pintura, desde que seguindo algumas normas, pode facilitar a vida do passageiro na hora que precisar identificar seu ônibus à distância.
Mas e os profissionais dos transportes, que atuam no dia a dia das ruas, o que acham?
Foi isso que o Diário do Transporte quis saber conversando com alguns motoristas enquanto a reportagem esteve no Rio de Janeiro.
A maioria dos condutores entrevistados aprovou a volta das pinturas próprias das empresas.
“Dizem que isso é bobagem e que o passageiro não liga. Mentira, liga sim. Principalmente senhorzinho e a ‘senhorzinha’, que tem dificuldade de ver de longe. Quase toda a semana tem gente que pega ônibus errado. Só o letreiro não dá” – disse o motorista José Batista da Silva, que trabalha há 21 anos no sistema e se recorda da época das empresas com suas cores.
“Sem dúvida nenhuma fica mais fácil, principalmente para o passageiro que tem dificuldade de visualizar, o idoso, por exemplo. Já vai saber de longe qual é a empresa” – disse o instrutor de motoristas, Jorge Antunes da Silva.
Outro instrutor de motoristas, Jairo Bispo dos Santos, acredita que até mesmo a velocidade dos ônibus nas linhas pode aumentar com o fim da atual padronização.
“Os motoristas são orientados a dar toda a informação necessária para o passageiro. Mas isso, querendo ou não, toma tempo, mesmo que sejam segundos, com o passageiro ainda na porta perguntando. Soma esses segundos por milhares de ônibus e viagens. Acredito que vai ter bom resultado nisso também” – contou.
Mas nem todos os motoristas acham que haverá impactos.
“No final das contas, vai dar no mesmo. As pessoas se orientam pelo letreiro e a maior parte das informações é sobre as ruas [por onde] os ônibus passam e não sobre se a linha é a certa ou não” – disse Astrogildo Pereira, motorista do sistema.
À reportagem, pouco antes da apresentação das mudanças, o presidente do Rio Ônibus, Claudio Callak, lembrou que nas primeiras semanas da padronização atual, sua empresa, a Real Auto Ônibus, chegou a perder até 30% do número de passageiros.
“As pessoas têm de se identificar com as empresas de ônibus e saber quem está prestando o serviço de maneira clara” – disse.
O dirigente garantiu que, com exceção do ônibus de demonstração de ontem, todos os ônibus com as novas pinturas serão 0 km.
“Não vai ter dessa de pintar ônibus velho e falar que é novo”
NA CONTRAMÃO:

“O saia e blusa” foi uma das primeiras padronizações do país a partir do final dos anos de 1970, em São Paulo.
O fim da padronização visual dos ônibus do Rio de Janeiro vai na contramão do que ocorre nos principais sistemas de transportes do mundo e do País.
Cidades como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, por exemplo, padronizam os veículos de acordo com o serviço ou região atendida.
Em Curitiba, por exemplo, ao ver um ônibus prateado, o passageiro sabe que é o Ligeirinho, que faz menos paradas. Mas se ver um ônibus laranja, vai saber que é o alimentador.
Já em São Paulo, por exemplo, ao ver um ônibus com a frente e a traseira na cor azul clara, o passageiro vai saber que o veículo vai para a zona Sul. Com a cor vermelha, o ônibus vai para a zona Leste. Outras cores indicam outras regiões.
A capital paulista é uma das primeiras cidades do País onde foi implantado um padrão municipal de pintura.
Foi em 1978, com o sistema “saia e blusa”, na gestão do prefeito Olavo Setúbal.
A saia, parte inferior da carroceria, era pintada de acordo com a região atendida. Já a blusa (meio e parte superior) ficava a critério da empresa.
A intenção foi reorganizar o sistema, que contava com muitos ônibus e empresas. Além da mudança de cores, houve a reorganização de trajetos e uma nova numeração das linhas, segundo critérios como origem e destino e se o ônibus passava pelo centrou por alguma estação de Metrô.
ELEVADOR:
No evento, foi apresentado um ônibus da Viação Ideal adesivado com a simulação de como devem ser implantadas as pinturas.
Na ocasião, os motoristas também mostraram como funciona o equipamento de elevador que não fica acoplado à porta, mas sob o assoalho e é acessado por dispositivos pneumáticos e eletrônicos. O equipamento já está em vários ônibus do sistema há quase dois anos.
Segundo os profissionais, este tipo de equipamento pode trazer mais conforto e aproveita melhor o espaço interno, além de terem menos desgaste por não estarem ligados aos degraus de uso comum.
Veja o vídeo:
Segundo os profissionais, este tipo de equipamento pode trazer mais conforto e aproveita melhor o espaço interno, além de terem menos desgaste por não estarem ligados aos degraus de uso comum.
Veja o vídeo:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
Finalmente essa praga acabou, não sei porque trouxeram isso para cá, foram oito anos de atraso e a pintura única não facilitou ou ajudou em absolutamente nada, só serviu para maquiar as empresas e poluir o visual da cidade. Espero que São Paulo e Curitiba também adotem a padronização por empresa.
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