segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Empresa de ônibus de fretamento enxerga na crise oportunidade para crescer

ônibusVeículo marca nova fase do grupo da Viação Mimo.

Viação Mimo, de Jundiaí, a exemplo de outras companhias do setor vê segmento de fretamento contínuo cair, mas aproveita crescimento do Turismo e investe na área
ADAMO BAZANI
O que fazer diante da crise? Lamentar? Natural e todos têm o direito, afinal, num momento de dificuldade, uma das primeiras reações do ser humano é se inconformar e se queixar da situação ruim. Até aí, nenhum problema.
O problema é ficar na lamentação somente e não agir.
A crise, como diria a velha expressão, também mostra oportunidades de crescimento.
E foi justamente com esse pensamento que empresa de fretamento de ônibus Viação Mimo, de Jundiaí, no interior de São Paulo, decidiu investir somente neste ano de 2017, R$ 2,2 milhões no segmento de turismo, incluindo a formação de uma agência própria e venda de pacotes pela internet.
Esse investimento é feito em duas etapas. A primeira, de R$ 1 milhão, consiste na criação da base própria de operação de turismo rodoviário e na compra do primeiro ônibus de dois andares (Double Decker ) da frota, um Marcopolo Paradiso 1800 DD, Geração 7, com chassi O 500 RSD, de três eixos.
O veículo de alto padrão possui diferenciais em relação aos modelos mais simples como toda iluminação de LED, luzes indiretas de cromoterapia no segundo andar, carregador USB em todas as poltronas e monitor frontal de LED de 23 polegadas e de 15 polegadas posicionadas no teto ao longo do salão de passageiros.
Ar condicionado, com novo sistema de climatização mais eficiente, isolamento térmico e acústico, sistema de renovação de ar natural e controle antitombamento – ESP, para oferecer maior segurança, frigobar, mesa para jogos ou reuniões no piso inferior, banheiro redimensionado são outras das características do veículo, que possui capacidade para 56 lugares, sendo 12 no primeiro piso e 44 no andar superior. As poltronas são do tipo leito turismo.
A segunda etapa dos investimentos consiste no aporte de R$ 1,2 milhão, com a criação de um sistema de venda de pacotes de turismo pela internet e que deve ser colocada em prática no segundo semestre deste ano.
O diretor da Viação Mimo, Cláudio Moreira, diz que os investimentos fazem parte de uma visão de oportunidade no momento de crise econômica brasileira.
“Nos últimos anos recentes, por causa da crise brasileira, registramos uma redução de 40% no faturamento do fretamento contínuo, aquele para fábricas, por exemplo. As indústrias têm demitido e, consequentemente, são menos pessoas para o fretamento contínuo transportar. Houve redução do número de veículos nas linhas de fretamento ou então do porte dos carros. Empresas que, por exemplo, usavam ônibus convencionais, passaram para micro-ônibus ou vans. Ao mesmo tempo, vimos que o segmento de turismo está em expansão. A área de locação de ônibus para agências de turismo cresceu 8%, então enxergamos nesta realidade oportunidade e optamos por esse investimento” – disse.
Cláudio Moreira projeta crescer mais 20% com a implantação de sua própria operação de turismo.
A Viação Mimo já atua há quase 10 anos em parcerias com as agências que alugam os ônibus. Mas agora, a empresa cria sua própria agência, sem se desfazer das parcerias anteriores. Um dos focos da nova atuação está no turismo segmentado, como para shows, ecoturismo e religioso, por exemplo, além de atender às classes C, D e E, que, normalmente, realizam passeios rápidos de final de semana ou feriados prolongados. Atualmente, há uma carência de atendimento neste mercado.

A Viação Mimo lidera um grupo de diversas empresas de ônibus de fretamento, como a Pavão Turismo, da cidade de São Paulo; Max Tour, com bases em Atibaia, no interior paulista, e Extrema, no sul de Minas; e VML – Viação Mimo Limitada, no Rio de Janeiro.
Hoje o grupo emprega em torno de 400 funcionários.
A Viação Mimo foi fundada em 1981, mas a história é anterior.
A companhia se originou da Transmimo, em Valinhos, também no interior de São Paulo, e o nome vem das iniciais do fundador, Miguel Moreira, que conversou com a reportagem do Diário do Transporte.
“Minha família, muito humilde, de Morungaba, era formada por gente trabalhadora, mas que passava dificuldades. Eu pensava em mudar isso. Fui motorista da Gessy Lever e sempre gostei de transporte. Comecei com perua táxi e vi que o setor crescia. Então, ainda empregado na Gessy , comecei, dentro das minhas limitações, a fazer os investimentos até que comprei um ônibus monobloco Mercedes-Benz O-362, já usado. E este primeiro veículo tem bastante história. Foi difícil crescer. Lembro de uma ocasião com esse Monobloco, o único ainda que tínhamos, que fomos fazer uma viagem para Aparecida e o tanque de combustível apresentou um vazamento. Meu filho, Cláudio Moreira, hoje diretor da Mimo, com 13 – 14 anos de idade, embaixo do ônibus, cabelinho sujo de graxa e de diesel, me ajudava a fazer de tudo para controlar o vazamento de combustível. Não tínhamos carro reserva e nenhum outro transportador veio nos ajudar. Colocamos de tudo para tentar fechar a trinca, cimento, açúcar, embalagem de plástico de leite, mas nada adiantava. Até que conseguimos calcular o tempo que o vazamento demorava e íamos abastecendo no meio do trajeto” – se recorda Miguel Moreira que disse que começou a sentir que a empresa estava crescendo de verdade quando adquiriu um Monobloco O-364 da Mercedes-Benz.
“Para a época, era um baita ônibus, confortável mais espaçoso, visibilidade melhor  … Aos pouquinhos fomos crescendo, com veículos melhores, mas ainda nos primeiros anos, comprando todos os ônibus usados. Hoje agradeço muito a Deus e fico emocionado ao ver meus filhos sucedendo bem os negócios. Do O-362 usado, chegamos a esta nova etapa com  um ônibus de dois andares zero quilômetro” , finaliza.
Acompanhe o vídeo com a entrevista
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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