Em Salvador, se espera mais pelo ônibus. Em Porto Alegre, as pessoas precisam caminhar mais para chegar ao ponto ou estação. É o que mostra levantamento inédito do aplicativo Moovit
ADAMO BAZANI
Os passageiros de transporte público em Recife e em Brasília são os que mais passam tempo dentro dos ônibus e das composições metroferroviárias. Em média, 96 minutos por dia, considerando ida e volta. É o que revela um levantamento inédito do Moovit, aplicativo de celular voltado para o setor de transportes, que hoje está presente em mais de 100 cidades brasileiras. O levantamento considerou a realidade de dez grandes cidades brasileiras e usou o banco de dados (Big Data), da ferramenta, que registra as informações em tempo real de deslocamentos no transporte público.
As dez maiores cidades consideradas no levantamento onde há cobertura do Moovit são: Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Devido à cobertura oferecida pelo aplicativo fora dos centros urbanos, as cidades analisadas no relatório do Moovit incluem informações também das áreas metropolitanas que as cercam.
Com base nestes dados, para realidade brasileira, o relatório também mostra que em Salvador os passageiros são os que ficam mais tempo nos pontos de ônibus esperando a condução: 33 minutos, em média. Em Brasília, as viagens são as mais longas: 15 km. Lá também, é o maior percentual de pessoas (50% dos usuários), que percorrem mais de 12 km por trajeto.
Os sistemas São Paulo e Fortaleza são onde os passageiros são obrigados a fazer mais baldeações: 66% dos usuários têm de trocar ao menos uma vez de condução durante o trajeto para terminar o percurso.
Confira a nota completa do Moovit:
Duração das viagens
Considerando que a geografia do local, o tamanho da população e a infraestrutura do transporte público são fatores que impactam no trânsito, é natural que o tempo de deslocamento casa-trabalho sempre varie de uma cidade para outra. Por isso, o estudo procurou primeiramente entender quanto tempo os passageiros passam se deslocando, todo dia, usando ônibus, trem, metrô, VLT ou BRT para fazer esse trajeto.
Enquanto Curitiba comprova a fama de “cidade modelo” em mobilidade no país, com tempo médio de viagem de 72 minutos (considerando ida e volta do trabalho), em Recife e Brasília essa média sobe para 96 minutos, sendo o maior tempo do ranking brasileiro. É na capital pernambucana, aliás, que está o maior percentual (34%) dos que levam mais de duas horas para fazer esse trajeto diariamente. Em Curitiba, essa participação não é nula, mas está bem abaixo: 21% dos que responderam levam mais de 120 minutos para ir e voltar do trabalho todos os dias.
A seguir, os dados da duração média dos deslocamentos diários no transporte público em dias úteis (considerando ida e volta):
Recife 96 minutos
Brasília 96 minutos
Rio de Janeiro 95 minutos
Salvador 94 minutos
São Paulo 93 minutos
Fortaleza 89 minutos
Belo Horizonte 85 minutos
Campinas 77 minutos
Porto Alegre 74 minutos
Curitiba 72 minutos
Tempo de espera em paradas e estações
A cidade pior colocada no ranking que mediu o tempo de espera em pontos e estações é Salvador, com média de 33 minutos. Com uma distribuição bastante específica, a capital federal vem logo depois, registrando média de espera diária de 28 minutos. Onde menos se espera? Pelo menos entre as dez analisadas, Rio e Curitiba são as que melhor performaram nesse quesito, com média de 19 e 17 minutos, respectivamente.
Aqui estão os dados do tempo médio de espera nas cidades brasileiras pesquisadas:
Salvador 33 minutos
Brasília 28 minutos
Recife 27 minutos
Fortaleza 24 minutos
Campinas 23 minutos
Belo Horizonte 23 minutos
Porto Alegre 20 minutos
São Paulo 19 minutos
Rio de Janeiro 19 minutos
Curitiba 17 minutos
Distância média das viagens
Nas cidades pesquisadas, as distâncias percorridas durante um trajeto feito pelo Moovit (via ônibus, trem, metrô ou outro transporte público) giram em torno de 7 a 15 Km. Entre as capitais, Brasília é a que tem a maior distância (15 Km) média percorrida e também o maior percentual (50%) de pessoas que percorrem mais de 12 Km por trajeto.
A capital mineira, que vinha tímida e bem colocada nos outros quesitos, aqui aparece na terceira posição, ao lado de Recife e logo depois do Rio de Janeiro, com distância média de 9 Km por dia. O curioso é que São Paulo, que apresentava uma das distâncias médias de viagem mais baixas em comparação com as outras cidades ao redor do mundo, no ranking global (clique para ver a lista das cidades no mundo), aqui não está muito atrás da líder.
A seguir, as distâncias médias percorridas por trajeto (em dia útil) em cada uma das cidades brasileiras.
(Brasil)
(Brasil)
Brasília 15 Km
Rio de Janeiro 12 Km
Belo Horizonte 9 Km
Recife 9 Km
Campinas 8 Km
Salvador 8 Km
São Paulo 8 Km
Curitiba 7 Km
Fortaleza 7 Km
Porto Alegre 7 Km
Baldeações por trajeto
Quanto maior a cidade, maior a possibilidade de fazer combinações (de meios ou de linhas) para se chegar mais rápido ao destino. E quanto maior a chance de “encurtar ou “agilizar” a rota, mais as pessoas estão propensas a fazer essas trocas.
Com isso, o percentual de pessoas que fazem algum tipo de baldeação pelo menos uma vez durante o trajeto é bem alto em São Paulo, assim como em Fortaleza (66%) e no Rio de Janeiro (62%). São Paulo, aliás, também é líder no ranking dos que mais fazem pelo menos duas baldeações por dia (25%).
Já Porto Alegre é a que possui o maior número de viajantes diretas – ela registrou o menor percentual de baldeações, com 50% dos respondentes afirmando pegarem pelo menos uma no trajeto.
São Paulo 66%
Fortaleza 66%
Rio de Janeiro 62%
Brasília 61%
Curitiba 61%
Salvador 59%
Campinas 58%
Recife 56%
Belo Horizonte 53%
Porto Alegre 50%
O relatório ainda mostra que Porto Alegre está entre as cidades com o maior percentual de usuários (25%) que precisam caminhar mais de 1 Km até a estação ou parada mais próxima.
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O Moovit é um aplicativo que mostra a previsão de chegada dos ônibus nos pontos, quando há informações disponibilizadas em tempo real pelas gerenciadoras e operadoras por meio de GPS, dados sobre as paradas, horários e trajetos, e também calcula o tempo de deslocamento total do usuário, somando o seu trajeto a pé, da espera no ponto de ônibus ou estação metroferroviária, o tempo dentro do meio de transporte e também o que é gasto nas baldeações.
A ferramenta tem também um Fórum onde os passageiros de cada sistema trocam informações e relatam novidades.
No entanto, para ter retorno financeiro, a empresa agora vai comercializar análise de dados para gestão de transportes, além de plataformas de tecnologia para frotistas.
Tudo isso está na Smart Transit Suít, apresentada na Semana UITP – União Internacional de Transporte Público – América Latina, que ocorre até 24 de março, em São Paulo.
O Diário do Transporte conversou com o vice-presidente de produtos e Marketing da Moovit, Yovav Meydad.
“As informações geradas pelos próprios usuários podem dar respostas para políticas de transportes e com isso melhorar os serviços. As informações existem e precisam ser melhor trabalhadas. Ampliamos agora o pacote de soluções para o setor”
O Smart Transit Suít reúne quatro funcionalidades que podem, segundo o executivo, ajudar em ações pontuais e formulações de políticas mais abrangentes de médio e longo prazos.
- Análise da situação da mobilidade urbana – Big Data, com os principais dados gerados constantemente pelos passageiros, podendo apontar pontos de gargalos e maior demanda, por exemplo.
- Pesquisa de Origem/Destino: Os dados são gerados pelos trajetos feitos continuadamente pelos passageiros. O aplicativo mostra de quais bairros determinadas regiões recebem mais passageiros, por exemplo. Também mostra onde há maior troca de linhas, podendo sugerir seccionamentos, para evitar sobreposições, sem, no entanto, prejudicar a maioria dos passageiros.
- Data Studio: Permite alterações de linhas, suspensão e criação de trajetos, de acordo com situações pontuais e necessidade da demanda. O passageiro pode ser avisado destas alterações
- GPS de baixo custo: O Moovit diz que desenvolveu esta solução especialmente para frotistas e sistemas com poucos recursos, mas também pode ser usado por grandes empresas em sistemas maiores. Em vez de comprar aparelhos de alto valor e montar grandes CCOs – Centros de Controle Operacionais, os celulares dos próprios motoristas, com aplicativo, podem se tornar o GPS dos ônibus. As informações geradas de localização, atrasos e desvios de rotas podem ser acessadas da garagem. A empresa ou gestora deve ter uma plataforma de controle operacional, de baixo custo também.
Em todo o mundo, o Moovit tem 55 milhões de usuários em 1200 cidades de 75 países, além do cadastro de 4,6 milhões de paradas de ônibus. São geradas em torno de 200 milhões de informações por dia.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
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