segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Funcionários e empresas de ônibus do Rio de Janeiro devem parar por cinco horas na semana que vem

Descumprimento de TAC sobre ar-condicionado nos ônibus também causa embates entre prefeitura e empresas
De acordo com o sindicato que representa a categoria, será uma paralisação de advertência na próxima terça, 21, na parte da manhã
ADAMO BAZANI
A situação operacional e econômica dos transportes no Rio de Janeiro está cada vez pior.
Como noticiou o Diário do Transporte no final da noite desta segunda-feira, 13, diante da segunda decisão que reduziu a tarifa de ônibus, desta vez indo para R$ 3,40, as empresas disseram que não sabem se terão condições de pagar salários atrasados e a primeira parcela do 13º salário dos funcionários no final deste mês.
Diante dos atrasos salariais e no pagamento dos depósitos do INSS, férias, cesta básica e auxílio-alimentação, os trabalhadores decidiram na tarde de hoje que na próxima terça-feira, dia 21, devem fazer uma paralisação de advertência das 04h às 09h.
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do município do Rio de Janeiro – Sintraturb ainda quer garantir a manutenção do reajuste de 10% nos salários.
Os transportes por ônibus no Rio de Janeiro têm sido marcados por diversos desencontros e prefeitura e empresas travam uma verdadeira guerra de discursos. As companhias de ônibus dizem que o sistema pode entrar em colapso e a prefeitura acusa as empresas de má prestação de serviços e não cumprimento de cláusulas contratuais. Não bastassem os problemas financeiros, há as suspeitas de corrupção envolvendo políticos, agentes públicos e empresas de ônibus no estado que deixam a situação mais grave. Nestes capítulos se destacam:
– 02 de janeiro de 2017: O prefeito Marcelo Crivella, e o vice, Fernando Mac Dowell, anunciam o congelamento das tarifas de ônibus em 2017. Empresas reclamaram e projetaram prejuízos.
– 02 de julho de 2017: Tem início a Operação Ponto Final, um dos braços da Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro. Neste dia, um domingo à noite, foi preso o empresário Jacob Barata Filho, conhecido como filho do Rei do Ônibus, no aeroporto Antônio Carlos Jobim embarcando para Lisboa, em Portugal. Nos dias seguintes outros empresários, dirigentes da Fetranspor, a federação das empresas do Estado do Rio de Janeiro, também foram presos, além de funcionários públicos. Segundo as investigações, o esquema de corrupção movimentou mais de R$ 260 milhões entre 2010 e 2016, sendo que o principal beneficiário teria sido o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, com R$ 128 milhões. Os principais acusados, como Jacob Barata Filho, respondem em liberdade beneficiados por decisões do ministro do STF, Gilmar Mendes.
– 31 de agosto de 2017: Divulgada decisão da desembargadora Mônica Sarda da 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, que reduziu de R$ 3,80 para R$ 3,60, com a derrubada do decreto municipal nº 39.707/14, que autorizava a aplicação do adicional de R$ 0,20 no reajuste determinado em 2015.
– 30 de outubro de 2017: Prefeitura publica decreto que dá margem para liberação das vans nas zonas Norte e Oeste fazerem qualquer itinerário, inclusive se sobrepondo aos ônibus. Empresas de ônibus falaram em concorrência desleal.
– 31 de outubro de 2017:  Prefeitura volta atrás e diz que uma comissão revia estes trajetos e ainda não havia consenso na prefeitura para a liberação.
– 09 de novembro de 2017: Alegando falta de segurança na Avenida Cesário de Melo, o alto índice de evasão de passageiros (muitos embarcam sem pagar a passagem), os prejuízos com o vandalismo e a recente decisão da prefeitura do Rio de Janeiro de liberar a circulação das vans na região atendida pelo sistema de ônibus, o consórcio que administra o sistema BRT anunciou que poderia parar de operar o Corredor Transoeste no trecho entre Campo Grande e Santa Cruz.
– 09 de novembro de 2017: A juíza Luciana Losada Lopes, titular da 13ª Vara de Fazenda Pública do Rio, determinou a extinção dos efeitos de um decreto municipal de 2015, que autorizava o reajuste previsto em contrato com as concessionárias, reduzindo assim a tarifa dos atuais R$ 3,60 para R$ 3,40.
O Rio Ônibus, sindicato das empresas da Capital, estima que ao menos onze empresas de ônibus urbanos podem fechar as portas na cidade nos próximos meses. Conforme noticiou o Diário do Transporte, desde 2015, sete empresas de ônibus pararam de operar definitivamente e o Rio Ônibus diz que outras onze companhias estão com o mesmo risco:
EMPRESAS DE ÔNIBUS QUE JÁ FECHARAM NO RIO DE JANEIRO:
2017:
– Transportes Santa Maria
2016:
– Auto Viação Bangu (Consórcio Santa Cruz)
– Algarve (Consórcio Santa Cruz)
2015
– Translitorânea (Consórcio Intersul)
– Rio Rotas (Consórcio Santa Cruz)
– Andorinha (Consórcio Santa Cruz)
– Via Rio (Consórcio Internorte)
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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