segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Pesquisa mostra que apenas 37% dos brasileiros acreditam que o país substituirá combustíveis fósseis

Maioria aponta que impacto do petróleo é negativo sobre a qualidade do ar (85%), na mudança climática (82%) e na qualidade da água (77%)
ALEXANDRE PELEGI
O que o brasileiro pensa quando o assunto é combustível fóssil?
Uma pesquisa feita em outubro pelo Ideia Big Data, divulgada pela empresa ao site “Exame”, aponta que 60% dos entrevistados acreditam que o Brasil tem condições de substituir os combustíveis fósseis. Quanto a se, de fato, isso acontecerá, apenas 37% apontam essa possibilidade.
Os dados, colhidos em outubro com 3 mil brasileiros de todo o país, surgiram por encomenda de duas instituições que discutem questões ambientais: o Instituto Clima e Sociedade, ONG que apoia projetos sobre mudanças climáticas, e o Instituto Escolhas, think tank que promove estudos econômicos sobre questões socioambientais.
Outros dados da pesquisa apontam ainda quantos dos entrevistados defende uma redução no consumo de gasolina: 33,9% acha que deve haver uma pequena redução, ao passo que 45,6% acreditam que a redução deva ser grande no uso do combustível fóssil.
Quanto a combustíveis limpos, como eletricidade, biocombustíveis e gás natural, a posição dos brasileiros se inverte: a maioria quer um aumento nesse. Mas o detalhe importante nessa escolha está no perfil dos entrevistados: favorecer combustíveis mais limpos em detrimento dos mais poluentes tem mais apoio entre os mais jovens (16 a 34 anos), com mais estudos e melhores condições sociais. Ou seja, o debate ambiental no Brasil não chegou à maioria da população.
Apesar disso, muitos brasileiros entendem como negativo para o ambiente o impacto dos derivados do petróleo. Para 85%, ele é ruim para a qualidade do ar; para 82%, ele afeta na mudança climática, e para 77%, prejudica a qualidade da água.
Em resumo, parece claro para a maioria dos brasileiros que o petróleo traz consequências negativas sobre suas vidas, a ponto de 90% dos entrevistados serem a favor de não explorar nossas atuais reservas de petróleo, como forma de contribuir com a mudança do clima.
Se pelo ambiental a imagem do brasileiro está bem formada, quando o aspecto econômico entra em cena a opinião se divide: 55% dos entrevistados acham que os combustíveis fosseis são negativos e 38% encaram seu impacto econômico como positivo.
Já em relação às empresas petrolíferas, a imagem é a pior possível. A maioria, 88% dos entrevistados, as vê como gananciosas; para 87,3% elas são politicamente poderosas e sem ética (72%). Mas, apesar dessa péssima qualificação, o brasileiro reconhece que as empresas são vitais para a economia brasileira (69%) e uma grande fonte de empregos (73%). Algo como “um mal necessário”
OUTROS DADOS DA PESQUISA
Enquanto isso, no Planalto Central, o governo federal editou uma Medida Provisória (MP 795/17) em agosto com a finalidade de incentivar a participação de companhias estrangeiras nos últimos leilões do pré-sal.
Na última quarta-feira (6 de dezembro) a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base dessa MP, que agora segue para o Senado. A MP suspende até 2040 a cobrança de tributos cobrados a bens destinados a atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural que permanecerem no Brasil de forma definitiva.
Para o governo, os impostos brasileiros “não estão compatíveis com os percentuais adotados por outros países” e foram ajustados pela Medida Provisória “para manter a segurança jurídica”.
Para 80% dos entrevistados, no entanto, o governo deve acabar com tais tipos de incentivos, subsídios e isenções fiscais às companhias de petróleo.
Tais tipos de subsídios e isenções ocasionam forte perda de arrecadação, além de trazer um efeito negativo sobre o meio ambiente.
Em nota, Walter Figueiredo De Simoni, coordenador de Mobilidade Urbana do Instituto Clima e Sociedade, critica a intenção do governo:
“O Brasil, país dos biocombustíveis e do etanol, se beneficiaria de um mundo de baixo carbono, mas mesmo assim assina seu casamento com uma indústria que tem seus dias contados”.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transporte

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