Modelos da Invel, empresa do Grupo Marcopolo, tinham um design polêmico, mas foram solução para um tipo de transporte que ampliava participação no mercado.
ADAMO BAZANI – CBN
Atualmente os mini ou micro ônibus, a diferenciação entre as duas categorias existe mas ainda não é muito bem clara pela indústria, mesmo havendo um padrão imposto pelos órgãos de qualidade e reguladores de transporte, são uma realidade firme no mercado.
O setor de transportes de passageiros por ônibus se tornou tão amplo e necessário às mudanças econômicas, urbanas e sociais, que a gama de veículos de transportes coletivos se diversificou muito nos últimos 30 anos. Enquanto ligações necessitam de verdadeiros gigantes dos transportes, ônibus rodoviários Double Decker (de dois andares), urbanos articulados e até biarticulados, com capacidade para até 300 pessoas de uma só vez, no outro extremo, a necessidade de ônibus com tamanho bem reduzido, um pouco maiores que vans, também é grande.
São veículos usados em linhas complementares, transportes escolares, de passageiros com necessidades especiais, traslados entre aeroportos e hotéis, por exemplo, e no serviço urbano, se popularizaram em serviços de pouco demanda, linhas alimentadoras, e em áreas de difícil acesso para ônibus convencionais, principalmente depois da ameaça dos transportes clandestinos, os “perueiros”, que com veículos menores atendiam esta demanda.
De acordo com a NBR 15570, Norma Técnica de 2009, são considerados micro e mini ônibus:
MICRO: Entre 10 e 20 passageiros, exclusivamente sentados, com espaço para cadeira de rodas e cão guia. O peso mínimo é de 5 toneladas e o comprimento total máximo é de 7,4 metros.
MINI: Capacidade mínima para 30 passageiros, entre sentados e em pé, com espaço para cão guia e cadeira rodas. O peso bruto total mínimo é de 8 tonleadas e o comprimento máximo de 9,6 metros.
Apesar de hoje, os ônibus de pequeno porte não só terem se popularizado, mas se “oficializado”, até em relação às normas de conforto, dimensões e segurança, as necessidades por este tipo de veículo são mais antigas.
Atualmente, algumas empresas possuem parques fabris e divisões específicas para estes pequenos, como a Mascarello e a Marcopolo, com a marca Volare.
Ao longo da história, no entanto, algumas empresas já investiam neste segmento, apesar de não ter ainda a mesma fatia de mercado que hoje. E justamente a Marcopolo, que desde 1998 criou a Volare como sua divisão de Veículos Comerciais Leves, era proprietária de uma marca que fazia um ônibuzinho simpático e a ao mesmo tempo com o design um tanto quanto polêmico, bem quadradão. Era a Invel: Indústria de Veículos Especiais Ltda.
A empresa, do Grupo Marcopolo, fabricava veículos de porte reduzido, com alumínio e fibra de vidro.
Os ônibus eram bem pequenos mesmo, servindo para transporte escolar ou de fretamento para pequenas distâncias.
Os veículos da Invel também eram usados para carros de apoio, serviços de saúde e até comércio, como lanchonetes móveis, bem antes da existência das famosas asiáticas Tower, conhecidas popularmente por servirem para a venda de cachorro quente.
Linhas urbanas complementares também usavam veículos da Invel.
Apesar de ser uma marca própria, a Marcopolo nunca fez questão de desassociar à sua imagem. Era uma questão estratégica já que a Marcopolo, desde a criação do nome, antes a empresa se chamava Nicola, o sobrenome da família fundadora, sempre foi uma grife no setor de transportes.
O Diário Oficial de São Paulo registra a instalação de uma unidade da Invel na Capital Paulista. A edição de 18 de junho de 1977 deixava claro seu objeto social e os participantes no controle da empresa:
“ Invel – Indústria de Veículos e Equipamentos Especiais Ltda, Avenida Presidente Wilson, 4.494 – 5,224 – Vila Carioca. Fabricação e comércio de ônibus e carrocerias em geral, implementos para transportes de passageiros e de cargas, suas partes, peças e componentes, produtos de fibra de vidro, instalações internas em veículos, importação e exportação por conta própria e de terceiros em geral. Capital de 5 milhões de cruzeiros entre Marcopolo S.A. Carroceriase ônibus, representada por Valter Antônio Gomes Filho, e Brascap e Barbruno S.A”
Os ônibus quadradinhos logo se popularizavam, apesar de o design ser polêmico. Muitos simplesmente o consideravam feios demais, com linhas pouco harmoniosas, indo na contramão do mercado, que já os anos de 1970 procurava mesclar linhas retas e mais arredondadas.
Assim como hoje a Volare é uma fábrica de veículos leves da Marcopolo, mas a empresa possui micros com sua marca, no caso o Senior, atualmente, naquela época, a empresa usava a mesma estratégia.
A Invel era sua empresa de veículos leves e especiais, mas a Marcopolo fazia um modelo com sua marca, que era o Marcopolo Júnior, micro mais robusto que os produtos da Invel, que era sucesso desde 1972.
A história se repetiu. Assim como a Invel teve várias gerações de produtos e a o Marcopolo Júnior diferentes gerações de modelos, é assim com a Volare e com o Micro Senior, micro-ônibus lançado na apresentação da “Quarta Geração da Marcopolo”, em 1983.
Com design polêmico ou não, o interessante para o frotista mesmo era a relação custo benefício, e nisso, os produtos da Invel não tinham o que deixar a desejar.
Alguns micros da Invel chegaram a ser exportados e, principalmente na América Latina, é possível ver os pequenos quadradinhos rodando até os dias de hoje.
Entre o final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, época de inflação alta e desvalorização da moeda nacional, uma das alternativas para não permitir que a crise econômica que o País vivia aumentasse ainda mais, o Governo Federal criou uma série de incentivos para as exportações. O Grupo da Marcopolo, incluindo a Invel, aproveitou este momento, gozando até de benefícios fiscais, previstos em lei. É o que comprova o Diário Oficial da União, edição de 02 de abril de 1982
“24 de março de 1982, Ministério da Fazenda e Secretaria de Planejamento enquadram no Programa Especial de Exportação as empresas Marcopolo S.A. – Carrocerias e Ônibus, Eliziário S.A.- Carrocerias e Ônibus, Invel S.A. – Ônibus e Veículos Especiais e Marcopolo Minas S.A., no artigo 6º do Decreto 77.065/76 e concessão de benefícios fiscais previstos no Artigo 1º do Decreto-lei 491/69”
Vale ressaltar que nesta época a Marcopolo tinha uma unidade em Minas Gerais, fechada em meados dos anos de 1980.
Com materiais leves de alumínio e fibra de vidro, além do pequeno porte, o ônibus era econômico e poderia ser encarroçado sobre chassis de veículos comuns.
Vários modelos foram colocados na plataforma da Kombi, da Chevrolete D 2- e da Ford F 250.
Era garantia de economia operacional, facilidade de encontrar peças de reposição e baixo custo de manutenção.
Os veículos da Invel, de maneira controvérsia para os entusiastas de transportes, e vistos como soluções ideais para alguns empresários e investidores, não ficaram apenas na história. Pela resistência da carroceria, muitos ainda são vistos, principalmente em serviços de particulares e como motor home, e ainda há bastante mercado de revenda para estes camaradinhas especiais.
Adamo Bazani, jornalista e pesquisador de transportes.
O setor de transportes de passageiros por ônibus se tornou tão amplo e necessário às mudanças econômicas, urbanas e sociais, que a gama de veículos de transportes coletivos se diversificou muito nos últimos 30 anos. Enquanto ligações necessitam de verdadeiros gigantes dos transportes, ônibus rodoviários Double Decker (de dois andares), urbanos articulados e até biarticulados, com capacidade para até 300 pessoas de uma só vez, no outro extremo, a necessidade de ônibus com tamanho bem reduzido, um pouco maiores que vans, também é grande.
São veículos usados em linhas complementares, transportes escolares, de passageiros com necessidades especiais, traslados entre aeroportos e hotéis, por exemplo, e no serviço urbano, se popularizaram em serviços de pouco demanda, linhas alimentadoras, e em áreas de difícil acesso para ônibus convencionais, principalmente depois da ameaça dos transportes clandestinos, os “perueiros”, que com veículos menores atendiam esta demanda.
De acordo com a NBR 15570, Norma Técnica de 2009, são considerados micro e mini ônibus:
MICRO: Entre 10 e 20 passageiros, exclusivamente sentados, com espaço para cadeira de rodas e cão guia. O peso mínimo é de 5 toneladas e o comprimento total máximo é de 7,4 metros.
MINI: Capacidade mínima para 30 passageiros, entre sentados e em pé, com espaço para cão guia e cadeira rodas. O peso bruto total mínimo é de 8 tonleadas e o comprimento máximo de 9,6 metros.
Apesar de hoje, os ônibus de pequeno porte não só terem se popularizado, mas se “oficializado”, até em relação às normas de conforto, dimensões e segurança, as necessidades por este tipo de veículo são mais antigas.
Atualmente, algumas empresas possuem parques fabris e divisões específicas para estes pequenos, como a Mascarello e a Marcopolo, com a marca Volare.
Ao longo da história, no entanto, algumas empresas já investiam neste segmento, apesar de não ter ainda a mesma fatia de mercado que hoje. E justamente a Marcopolo, que desde 1998 criou a Volare como sua divisão de Veículos Comerciais Leves, era proprietária de uma marca que fazia um ônibuzinho simpático e a ao mesmo tempo com o design um tanto quanto polêmico, bem quadradão. Era a Invel: Indústria de Veículos Especiais Ltda.
A empresa, do Grupo Marcopolo, fabricava veículos de porte reduzido, com alumínio e fibra de vidro.
Os ônibus eram bem pequenos mesmo, servindo para transporte escolar ou de fretamento para pequenas distâncias.
Os veículos da Invel também eram usados para carros de apoio, serviços de saúde e até comércio, como lanchonetes móveis, bem antes da existência das famosas asiáticas Tower, conhecidas popularmente por servirem para a venda de cachorro quente.
Linhas urbanas complementares também usavam veículos da Invel.
Apesar de ser uma marca própria, a Marcopolo nunca fez questão de desassociar à sua imagem. Era uma questão estratégica já que a Marcopolo, desde a criação do nome, antes a empresa se chamava Nicola, o sobrenome da família fundadora, sempre foi uma grife no setor de transportes.
O Diário Oficial de São Paulo registra a instalação de uma unidade da Invel na Capital Paulista. A edição de 18 de junho de 1977 deixava claro seu objeto social e os participantes no controle da empresa:
“ Invel – Indústria de Veículos e Equipamentos Especiais Ltda, Avenida Presidente Wilson, 4.494 – 5,224 – Vila Carioca. Fabricação e comércio de ônibus e carrocerias em geral, implementos para transportes de passageiros e de cargas, suas partes, peças e componentes, produtos de fibra de vidro, instalações internas em veículos, importação e exportação por conta própria e de terceiros em geral. Capital de 5 milhões de cruzeiros entre Marcopolo S.A. Carroceriase ônibus, representada por Valter Antônio Gomes Filho, e Brascap e Barbruno S.A”
Os ônibus quadradinhos logo se popularizavam, apesar de o design ser polêmico. Muitos simplesmente o consideravam feios demais, com linhas pouco harmoniosas, indo na contramão do mercado, que já os anos de 1970 procurava mesclar linhas retas e mais arredondadas.
Assim como hoje a Volare é uma fábrica de veículos leves da Marcopolo, mas a empresa possui micros com sua marca, no caso o Senior, atualmente, naquela época, a empresa usava a mesma estratégia.
A Invel era sua empresa de veículos leves e especiais, mas a Marcopolo fazia um modelo com sua marca, que era o Marcopolo Júnior, micro mais robusto que os produtos da Invel, que era sucesso desde 1972.
A história se repetiu. Assim como a Invel teve várias gerações de produtos e a o Marcopolo Júnior diferentes gerações de modelos, é assim com a Volare e com o Micro Senior, micro-ônibus lançado na apresentação da “Quarta Geração da Marcopolo”, em 1983.
Com design polêmico ou não, o interessante para o frotista mesmo era a relação custo benefício, e nisso, os produtos da Invel não tinham o que deixar a desejar.
Alguns micros da Invel chegaram a ser exportados e, principalmente na América Latina, é possível ver os pequenos quadradinhos rodando até os dias de hoje.
Entre o final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, época de inflação alta e desvalorização da moeda nacional, uma das alternativas para não permitir que a crise econômica que o País vivia aumentasse ainda mais, o Governo Federal criou uma série de incentivos para as exportações. O Grupo da Marcopolo, incluindo a Invel, aproveitou este momento, gozando até de benefícios fiscais, previstos em lei. É o que comprova o Diário Oficial da União, edição de 02 de abril de 1982
“24 de março de 1982, Ministério da Fazenda e Secretaria de Planejamento enquadram no Programa Especial de Exportação as empresas Marcopolo S.A. – Carrocerias e Ônibus, Eliziário S.A.- Carrocerias e Ônibus, Invel S.A. – Ônibus e Veículos Especiais e Marcopolo Minas S.A., no artigo 6º do Decreto 77.065/76 e concessão de benefícios fiscais previstos no Artigo 1º do Decreto-lei 491/69”
Vale ressaltar que nesta época a Marcopolo tinha uma unidade em Minas Gerais, fechada em meados dos anos de 1980.
Com materiais leves de alumínio e fibra de vidro, além do pequeno porte, o ônibus era econômico e poderia ser encarroçado sobre chassis de veículos comuns.
Vários modelos foram colocados na plataforma da Kombi, da Chevrolete D 2- e da Ford F 250.
Era garantia de economia operacional, facilidade de encontrar peças de reposição e baixo custo de manutenção.
Os veículos da Invel, de maneira controvérsia para os entusiastas de transportes, e vistos como soluções ideais para alguns empresários e investidores, não ficaram apenas na história. Pela resistência da carroceria, muitos ainda são vistos, principalmente em serviços de particulares e como motor home, e ainda há bastante mercado de revenda para estes camaradinhas especiais.
Adamo Bazani, jornalista e pesquisador de transportes.
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