Águia Branca, do Espírito Santo, comprou 12 veículos do modelo O 500 RSDD e Viação Garcia do Grupo Brasil Sul também adquiriu outros 12 chassis
ADAMO BAZANI
Nos últimos três anos, o setor de transporte rodoviário de passageiros, em especial, de média e longa distância, passou por diversas mudanças nas legislações: foram criadas novas gratuidades, estabelecidos novos limites da lei da balança (1 tonelada a mais por eixo), foi implantado o sistema de autorização de operação das linhas pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestre em vez da licitação por lotes e grupos, e, ainda, a obrigatoriedade de os ônibus rodoviários e de fretamento saírem de fábrica com plataforma elevatória para cadeira de rodas a partir de julho deste ano. Tudo isso, além da necessidade de se tornar mais competitivo a concorrentes como o setor aéreo e o transporte clandestino, resultou numa nova necessidade: os ônibus precisam ser maiores.
As gratuidades, que antes ocupavam três lugares nos veículos (dois para idosos – lei de 2006 e uma para criança – lei de 2007), agora representam sete lugares que devem ser reservados pelas empresas. A Lei de Pessoas com Deficiência obriga dois assentos para pessoas com limitação de mobilidade ou visão e a resolução 5063, de 2016, determina mais dois lugares para jovens atendidos por programas sociais do governo federal, com idades entre 15 e 29 anos, independentemente da finalidade da viagem. Além de todas estas vagas gratuitas, há os descontos de 50% caso os lugares sem cobrança para estes públicos tenham se esgotado.
As plataformas elevatórias, que substituirão as desconfortáveis as cadeiras de transbordo, pelas quais o portador de deficiência praticamente era levado no colo pelos motoristas até o interior do ônibus, custam até R$ 25 mil (encarecendo o preço final do veículo) e podem ocupar até dois lugares nos ônibus.
Diante de todo esse quadro, os operadores reivindicavam que as autoridades brasileiras autorizassem a produção e comercialização para o mercado interno de ônibus rodoviários de 15 metros de comprimento e quatro eixos, como já ocorre em países como Guatemala, Panamá e Peru.
Finalmente, a lei 13,281 de 2016, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro, permitiu a fabricação desses veículos.
As montadoras então ocorreram para homologar os veículos, assim como as encarroçadoras.
A necessidade do mercado por ônibus maiores que aumentem a rentabilidade por veículo e a redução do custo por assento é tão grande que logo depois que esses modelos foram lançados, já houve encomendas de grandes grupos operadores.
A Mercedes-Benz apresentou nesta quarta-feira, 19 de abril de 2017, o seu modelo O 500 RSDD, 8X2 (quatro eixos e tração em duas rodas), com potência de 408 cavalos.
O modelo já saiu com encomendas. Foram adquiridas, só para começo, 12 unidades pela Viação Águia Branca, do Espírito Santo, e outras 12 pela Viação Garcia, do Grupo Brasil Sul, do Paraná.
Com a configuração maior, a participação dos ônibus 8X2 no mercado brasileiro deve ser triplicada, de acordo com o diretor de Vendas e Marketing Ônibus da Mercedes-Benz, Walter Barbosa.
“Os ônibus de dois andares 8 x 2, de 14 metros, respondiam por 3% de toda a produção de veículos rodoviários, em especial para turismo de alto luxo e algumas linhas regulares de grande distância. Com este um metro a mais, os ônibus com 4 eixos devem representar 15% do mercado, porque é uma configuração cuja relação custo benefício é maior” – comenta o executivo.
O modelo, de acordo com a Mercedes-Benz, possui diferenciais como suspensão pneumática eletrônica obrigatória, para dar mais segurança nas curvas e operações, volante multifuncional com teclas para evitar que o motorista tire as mãos da direção para acionar funcionalidades no painel, piloto automático, Retarder e, como opcionais, apresenta monitoramento de temperatura e pressão de pneus e leitor de faixa de rolamento.
Em relação ao TPMS, o sistema que monitora os pneus, a Mercedes-Benz informa que o diferencial em relação aos sistemas até então presentes no mercado, é que as informações são repassadas para o motorista em tempo real. Existem sensores nas rodas e antenas no chassi que transmitem online a situação dos pneus. Nos sistemas mais antigos, os dados só eram visualizados quando os ônibus chegavam à garagem para a coleta das informações.
Já o leitor de faixa, identifica se o motorista está invadindo a outra faixa sem dar seta ou sem movimentos que indiquem uma manobra consciente e alerta com sinais sonoros.
O motor é o MB OM 457 LA e o sistema de transmissão conta com câmbio automatizado GO 240, de oito velocidades.
O econômetro no painel permite melhor dirigibilidade, já que mostra o momento ideal de troca de marchas (para modelos da linha O500 com câmbio manual), de acordo com a carga e topografia. Já pelo Ecosuport, o frotista pode, inclusive, colocar metas de redução de consumo, após análise do setor responsável, na garagem.
O novo modelo de 15 metros é indicado principalmente para rotas de linhas regulares acima de 400 km e turismo de luxo, independentemente do trajeto. A montadora diz que a rentabilidade de um ônibus deste porte em relação ao de 14 metros pode ser de 6% a 10% maior, levando em consideração consumo e maior capacidade de lotação.
Segundo a Mercedes-Benz, um dos principais ganhos do ônibus de 15 metros em relação ao modelo 8X2 de 14 metros é a ampliação do número de assentos, tanto no piso inferior como nos superior. Dependendo da configuração de poltrona, podem ser criados mais oito lugares.
“No Grupo Águia Branca, que também tem participação na Azul Linhas Aéreas, trouxemos do setor aéreo uma experiência muito importante: a eficiência e o aumento de competitividade têm como um dos elementos essenciais a redução do custo por assento. Assim, se num único veículo, com uma única jornada de trabalho do motorista, na mesma linha, conseguirmos, quando há um bom nível de ocupação do trajeto, oferecer mais lugares, significa que o custo por lugar cairá. Já temos ônibus da Mercedes-Benz 8 X2 de 14 metros e estamos otimistas com este modelo de 15 metros” – contou a diretora comercial e de marketing do Grupo Águia Branca, Paula Barcellos Tommasi Corrêa. A empresa adquiriu 12 unidades de 15 metros.
Os ônibus com chassi 14 metros continuam sendo produzido normalmente, tanto para a versão de carrocerias de dois andares (DD – Double Decker) como para a HD (High Decker) ou LD (Low Driver), na qual os passageiros são transportados apenas no piso superior. Nesse tipo de ônibus HD, o destaque é para o conforto dos usuários e o volume de bagagem bem maior do que os ônibus de dois andares ou então os de altura convencional.
SETOR DE RODOVIÁRIOS DEVE CRESCER EM 2017:
Apesar de a crise econômica brasileira ainda atingir praticamente todos os setores, e com o segmento de ônibus não é diferente, a Mercedes-Benz se diz otimista em relação ao desempenho da produção e das vendas dos veículos rodoviários para 2017.
Nos últimos três anos, a montadora diz que teve uma produção anual entre 800 e 1000 veículos rodoviários. Para este ano, a estimativa é que o total seja entre 1200 e 1400 chassis. O número é bem maior que a média do último triênio, mas não chega às 2500 anuais registradas antes da crise.
Além do novo modelo de 15 metros e os atuais da linha O 500, a aposta da Mercedes-Benz é no pós-venda. A empresa oferece contratos diferentes de manutenção e em um serviço de assistência 24 horas que, inclusive, paga a despesa da viagem do técnico até onde está o ônibus na estrada e a hospedagem e traslado do motorista do veículo que quebrou.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
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