sábado, 24 de junho de 2017

Ônibus rodoviários perdem quase 40% dos passageiros em seis anos, diz Ministério dos Transportes

Carga tributária impede mais competitividade do transporte rodoviário
Já o transporte aéreo, cresceu 25,8%, no entanto, a tendência é de reversão do quadro
ADAMO BAZANI
Os ônibus interestaduais perderam 27,1% dos passageiros no período entre 2010 e 2016, quando a demanda caiu de 59 milhões de pessoas transportadas por ano para 43 milhões.
Levanto em conta as linhas rodoviárias interestaduais, internacionais e semiurbanas, a queda é maior ainda, com perdas de passageiros na ordem de 37,2%. Em 2010, os ônibus que operam estas linhas transportaram 147,3 milhões de pessoas. Em 2016, este número era de 92,5 milhões de passageiros.
Os dados são do primeiro Anuário Estatístico de Transportes, lançado pela Empresa de Planejamento e Logística – EPL, e pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, ambos do Governo Federal.
No mesmo período, ainda de acordo com o estudo, o número de passageiros que utilizaram o transporte aéreo para viagens dentro do país cresceu 25,8%, indo de 66 milhões de pessoas, em 2010, para 83 milhões de pessoas transportadas em 2016.
O quadro pode ser explicado por diversos fatores em conjunto, como as passagens aéreas que, no início da década principalmente, tinham preços mais competitivos, a rapidez dos transportes aéreos e também a carga tributária sobre o segmento de transporte rodoviário. É o caso, por exemplo, do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre o valor da passagem de ônibus, que não é cobrado da aviação.
Para rotas internacionais, o transporte aéreo também teve expansão. O crescimento foi de 34,1%, entre 2010 e 2016, com o número de passageiros sendo elevado de 15,4 milhões para 20,5 milhões.
Apesar do número maior de passageiros nas viagens domésticas, a quantidade de voos caiu 2% entre 2010 e 2016, passando de 844,7 mil rotas em 2010, ante 827,8 mil, em 2016. Isso significa aviões mais cheios por viagem e mais concentração de mercado, fenômeno, contudo, chamado de “otimização” pelo setor.
Já a quantidade de rotas internacionais subiu 14,3%, passando, de 117,5 mil em 2010, para 134,3 mil em 2016.Apesar dos números acumulados favoráveis para o setor aéreo, o estudo também indica reversão do quadro, com possibilidade de queda de demanda nos próximos meses, fato que começou principalmente a partir de 2014.
O anuário mostra que a taxa de ocupação dos voos domésticos cresceu 12 pontos percentuais entre 2010 e 2014, passando de 68% para 80%, ou seja, aviões mais lotados. Entretanto, entre a partir de 2014, não houve mais crescimento significativo, com índices estáveis.
A taxa de ocupação dos voos internacionais subiu um pouco no período entre 2010 e 2016, registrando inclusive alguns momentos de quedas.  No ano passado, as aeronaves que viajaram para fora do país tinham, em média, 84% de lotação.
INCENTIVOS AO TRANSPORTE INDIVIDUAL SÃO ADMITIDOS PELO GOVERNO:
O estudo também um quadro sobre o tipo de frota de veículos que circulam pelo país.
Ao todo, a frota circulante brasileira é composta por 51, 3 milhões de veículos e quem domina ruas, avenidas e rodovias é o carro, correspondendo a 56,2% deste total.
Em segundo lugar, aparecem as motos, com 24,9 milhões de unidades, ou 27,9% do total.
Entretanto, no período entre 2010 e 2016, o número de veículos de passeio cresceu 37,9% enquanto o de motocicletas teve uma elevação de 52,1% .
O próprio Governo Federal avalia aqui este aumento de viagens de carros e motos, já que o estudo leva em conta os veículos em circulação, se deu pelos incentivos ao transporte individual, enquanto que o transporte coletivo não recebeu a mesma preocupação.
Entre os incentivos destacam-se as isenções de IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados sobre os carros, que começaram no governo de Luís Inácio Lula da Silva, em 2010, e terminaram em 2015, já com Dilma Rousseff no poder.
Já os veículos utilitários representam 11,7%, os caminhões somam 3,6% e os ônibus apenas 1,1% da frota nacional circulante.
Neste período, entre 2010 em 2016, a frota de utilitários foi a que mais cresceu: 65,9%. A frota de ônibus e caminhões teve elevação inferior às outras categorias: 36,3% (ônibus) e 28,8% (caminhões, muitos substituídos por utilitários).
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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