Governo do Estado estuda alternativas. Uma delas seria liberar créditos do ICMS. Produção de caminhões e ônibus está totalmente parada em São Bernardo do Campo
ADAMO BAZANI
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou que o estado vai tomar medidas para tentar evitar uma demissão em massa na Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Uma das alternativas em estudo é a liberação de créditos do ICMS – Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços pelo programa Pró-Veículo, criado para incentivar a modernização das plantas industriais do setor.
O governo do estado já liberou créditos do imposto pelo programa em 2012, quando a General Motors ameaçou demitir mil e 500 trabalhadores. O dinheiro foi concedido para a modernização da fábrica de São José dos Campos, no interior de São Paulo. A GM não realizou os cortes após ter recebido os créditos.
Nesta semana, o secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho, José Luiz Ribeiro, deve se reunir com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, para discutir quais ações podem ser tomadas.
Desde a última sexta-feira, dia 07 de agosto, até o próximo dia 21 de agosto, toda a produção de ônibus, caminhões e componentes da Mercedes-Benz está parada na planta de São Bernardo do Campo, a principal da empresa no País.
A Mercedes informa que existem hoje na unidade aproximadamente 2 mil trabalhadores “excedentes”
A fabricante ainda diz que a crise econômica brasileira gerou fortes impactos em diversos setores e restringiu os investimentos públicos diminuindo “drasticamente” a demanda por veículos comerciais, como ônibus e caminhões.
De acordo com dados da Anfavea- Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores no acumulado entre janeiro e julho deste ano, a queda na produção geral de veículos foi de 18,1% em relação ao mesmo período de 2014. Os segmentos de comerciais pesados ainda são os mais afetados já que refletem a situação de outros setores e dos cofres públicos que financiam obras de mobilidade urbana. A produção de ônibus teve retração de 28,9% e a de caminhões registrou desempenho pior ainda, de 45,4%.
A queda de licenciamentos de ônibus Mercedes-Benz foi de 15,2%. Em relação aos caminhões da marca alemã, o quadro é o seguinte: -15,1% para semileves, -28,8% para leves, – 19% para médios, -37,4% para semipesados, – 61,6% para pesados.
Os números da Mercedes-Benz não chegam a ser os piores entre as marcas. No segmento de ônibus, a Scania teve queda de 73,7% nos licenciamentos e, entre os caminhões pesados, por exemplo, a Ford teve baixa de 64% entre janeiro e julho deste ano em comparação com igual período de 2014, de acordo com os dados da Anfavea.
MERCEDES-BENZ PODE ADERIR AO PPE
Na metade do ano, foram cortados 500 trabalhadores da Mercedes, dois quais 250 colocados em lay-off e 250 desligados.
Desde o dia 14, a empresa está com um PDV – Programa de Demissão Voluntária, mas a adesão está baixa.
O PDV vai até o próximo dia 14.
No início de julho, a Mercedes propôs a redução da jornada de trabalho em 20% e dos salários em 10% em troca de estabilidade por um ano, mas 74% dos trabalhadores rejeitaram.
A montadora diz que pode rever os cortes caso seja aplicado na empresa o PPE – Programa de Proteção ao Emprego, pelo qual a redução dos salários pode chegar a 30%, mas com 15% sendo cobertos pelo FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador.
A empresa informou que vem tentando evitar cortes com medidas como as demissões voluntárias, diminuição da quantidade de dias trabalhados na semana, férias coletivas, lay-off, mas as ações têm sido insuficientes porque a desaceleração das vendas de veículos comercias está bem maior que o previsto no início do ano.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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