Crise econômica no País impede realização da edição 2015 da VVR
Com dificuldades de patrocínio, evento que reúne ônibus e caminhões antigos, além de apaixonados pela história, não vai ser realizado neste ano. Organizador garante que VVR não acabou e deve voltar já no próximo ano
ADAMO BAZANI
Os problemas da economia brasileira decorrentes de erros na gestão do dinheiro público e de ações do governo federal consideradas equivocadas até mesmo pela atual equipe econômica, que lançou neste ano um pesado ajuste fiscal, interferem em praticamente todos os setores, inclusive na cultura e na realização de eventos.
É o que ocorre com a “VVR – Viver, Ver e Rever”, principal exposição do País que reúne ônibus e caminhões históricos, com modelos dos anos de 1920 até os veículos da década de 1990, além de lançamentos.
Organizado pelo Primeiro Clube do Ônibus Antigo Brasileiro, o evento não conseguiu patrocínio neste ano. Os apoiadores também sentem os efeitos da atuação situação brasileira.
O presidente do clube, Kaio Castro, contou ao Blog Ponto de Ônibus que nos próximos anos o evento deve continuar a ser realizado.
“É importante deixar bem claro que o fato de não ser realizada neste ano especificamente de 2015 não significa em hipótese alguma que a VVR acabou ou está acabando. É um momento. Nos próximos anos esperamos muitas VVRs. A VVR é muito mais que uma exposição de ônibus e caminhões antigos, é sim um encontro de amigos, de apaixonados pela história” contou Kaio que ainda acrescentou que até grupos escolares costumam comparecer às edições do evento para aprender a história de uma maneira lúdica, diferente e agradável.
A VVR faz parte do Calendário Turístico Oficial desde 04 de maio de 2011, quando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aprovou projeto de lei 1295, de 2009, à época do deputado Bruno Covas para incluir a exposição no calendário oficial.
HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS:
A VVR começou modesta, em 2004, numa reunião entre amigos na garagem da empresa de ônibus Expresso Redenção, na capital Paulista.
Inicialmente, a exposição era apenas de ônibus.
“As primeiras edições foram um sucesso. Foi gratificante ver o número de pessoas crescendo a cada ano, tanto de expositores como de apaixonados que iam para apreciar. Viver, Ver e Rever é isso. As pessoas vivem aquele momento quando se deparam com os veículos, veem estas peças históricas e conseguem rever uma parte da história das cidades, do País e até mesmo suas lembranças pessoais, já que os transportes estão presentes no dia a dia de todos.” – relembrou Kaio.
Por causa do grande número de pessoas interessadas pelo evento, em 2007 a VVR foi transferida para o Memorial da América Latina, ao lado dos terminais de trem, metrô e ônibus da Barra Funda, zona Oeste de São Paulo. No ano de 2008, foi aberta também a possibilidade de exposição de caminhões, além dos ônibus no evento.
Pela melhor localização, a VVR começou a ganhar mais público ainda, tanto de apaixonados por história e por veículos, como de pessoas que estavam passando pelo local e paravam para admirar as peças raras. A entrada sempre foi gratuita e para as próximas edições, o intuito é continuar não cobrando.
Carros de bombeiros do início do século passado, o ônibus GM PD 4104 Coach norte-americano todo prateado – 1956, da Turismo Santa Rita, as séries de caminhões da FNM, um dos primeiros modelos de trólebus da cidade de São Paulo ano 1949, o famoso Fofão (ônibus de dois andares da CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos, que circularam de 8 de setembro de 1987 até 1993), o Papa-Fila ( dos anos 50, precursor do ônibus articulado, que se tratava de uma grande carroceria para passageiros puxada por cavalo de caminhão e também foi usado pela CMTC), as jardineiras de madeira de 1928 da empresa Caprioli, o ônibus norte-americano escolar International, eram algumas estrelas de presença fixa, além de Monoblocos da Mercedes-Benz e modelos antigos como o Nimbus TR, Ciferal Flecha de Prata, Caio Amélia, Caio Gabriela, Caio Vitória e o lendário CMA Scania, da Viação Cometa e de colecionadores particulares.
O evento conseguiu atrair expositores e visitantes não só de São Paulo, como também de diversos outros estados.
Nas mais recentes edições, a VVR começou a ser chamada de VVR – a Evolução, já que começou também a apresentar alguns modelos que mostravam ao público o desenvolvimento dos transportes. Assim, entre novidades de cada edição puderam ser conferidos o Marcopolo Viale Volvo B12M, da Leblon Transporte de Passageiros (edição 2010), o ônibus Caio Millennium Scania a etanol, na época da VIM – Viação Metropolitana da Capital Paulista (edição 2011), o Caio Millennium Híbrido Eletra/Mercedes-Benz da Metra (edição 2011), Marcopolo Paradiso Mercedes Benz, de três eixos, da Viação Itapemirim (edição 2012), dois superarticulados Caio Millennium BRT da Metra e da Sambaíba Transportes (edição de 2014).
O evento, anual sempre em um final de semana de novembro, chegava a reunir mais de 25 mil visitantes e 80 veículos, entre ônibus e caminhões.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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