Montadoras e encarroçadoras dizem que há filas de encomendas
ADAMO BAZANI
Uma solicitação antiga dos transportadores de passageiros, que só entrou em prática neste ano, a ampliação do comprimento máximo total de ônibus rodoviários de 14 metros para 15 metros, tem sido também um alento para montadoras e encarroçadoras de ônibus em época de crise.
Como os veículos, em uma só viagem, conseguem levar até 16 passageiros a mais, praticamente com os mesmos custos do modelo de 14 metros, a rentabilidade dos donos de empresas de ônibus aumenta. O setor estava preocupado com o aumento dos “espaços não remunerados”, com mais lugares para pessoas portadoras de deficiência e gratuidades, como a jovens de baixa renda e idosos, determinadas por lei federal.
Em reportagem feita pela jornalista Cleide Silva, de o Estado de São Paulo, alguns fabricantes se manifestaram. O Diário do Transporte também ouviu neste mês representantes de montadoras.
“Quando as leis vão ao encontro do que o setor precisa, há um ganho geral. Enquanto no segmento de ônibus urbanos, há entraves como definições de tarifas e dificuldades de se encontrar uma solução para o custeio das gratuidades, no setor de veículos rodoviários, o ônibus de 15 metros foi o atendimento de uma demanda antiga que pode aquecer o segmento, beneficiando os passageiros” – disse nesta semana o presidente da Volvo Bus Latin América, Fabiano Todeschini, durante lançamento de um veículo urbano novo, evento que teve cobertura do Diário do Transporte. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/08/08/volvo-lanca-novo-modelo-de-onibus-urbano-b8r/
Em outubro do ano passado, o Diário do Transporte divulgou em primeira mão os testes do primeiro modelo nacional de 15 metros. As montadoras já faziam a versão para o mercado externo. O veículo foi justamente um Volvo, com carroceria Marcopolo. Relembre:
Os chassis de 15 metros são fabricados pela Volvo, Mercedes-Benz e Scania.
A Mercedes-Benz apresentou o modelo oficialmente em abril, já com unidades vendidas para grandes empresas como Águia Branca, do Espírito Santo, e Garcia, do Paraná.
O evento teve cobertura do Diário do Transporte. Na ocasião, o diretor de Vendas e Marketing Ônibus da Mercedes-Benz, Walter Barbosa, disse que a expectativa com o modelo era de expansão deste mercado de ônibus de categoria mais elevada.
“Os ônibus de dois andares 8 x 2, de 14 metros, respondiam por 3% de toda a produção de veículos rodoviários, em especial para turismo de alto luxo e algumas linhas regulares de grande distância. Com este um metro a mais, os ônibus com 4 eixos devem representar 15% do mercado, porque é uma configuração cuja relação custo benefício é maior” – comenta o executivo. Relembre:
Pela atualização de O Estado de S.Paulo, a Mercedes-Benz já vendeu 24 ônibus de 15 metros, está negociando outros 80 e deve concluir o ano com mais de 200 unidades comercializadas.
A Scania vendeu 152 e deve entregar mais 50.
O preço de cada veículo de 15 metros se aproxima de R$ 1 milhão enquanto a versão de 14 metros custa em torno de R$ 900 mil.
Os empresários de ônibus acreditam que esta diferença de R$ 100 mil facilmente pode se pagar pela maior capacidade de cada veículo. Dependendo da configuração, é possível transportar 69 pessoas num ônibus de 15 metros de dois andares e 53 pessoas num veículo de 14 metros.
Se as montadoras têm registrado bons resultados com os ônibus de 15 metros, as encarroçadoras, consequentemente, também se benficiam.
Dos 541 ônibus rodoviários feitos pela Marcopolo para o mercado interno, segundo a reportagem, metade deste total corresponde a ônibus de 15 metros rodoviários.
A Comil é outra fabricante de carroceria que sente os impactos positivos da versão de 15 metros e já tem negociado lotes maiores, como fez com a Expresso Nordeste, do Paraná.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
Nenhum comentário:
Postar um comentário