quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Operação Ponto Final leva PSOL a pedir criação de “CPI dos Ônibus” na Alerj

Operação apura esquema de propina usado para facilitar a atuação irregular das empresas de ônibus. CPI quer apurar vantagens indevidas e situação do sistema de bilhetagem
ALEXANDRE PELEGI
Como mais um desdobramento dos efeitos causados pela Operação Ponto Final, deflagrada no começo de julho pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) protocolou na tarde desta terça-feira (1) um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A Operação Ponto Final apura um esquema de propina usado para facilitar a atuação irregular das empresas de ônibus no estado do Rio. Segundo as investigações, foram pagos R$ 266 milhões para as autoridades.
O PSOL justifica a criação de uma CPI como forma de dar maior transparência aos motivos que ocasionaram as últimas prisões dos empresários de ônibus, bem como investigar a fundo a questão da bilhetagem no estado, hoje nas mãos da Fetranspor – Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro. O atual presidente da Federação é Lelis Teixeira, que também foi preso na Operação da PF.
O pedido de CPI parte das denúncias da Operação Ponto Final e da auditoria que constatou irregularidades nos diversos modais e na operacionalização do Bilhete Único estadual. O partido quer apurar a lisura dos benefícios recebidos pelo setor de transportes no Rio de Janeiro nos últimos anos. A desconfiança ocasionada pela investigação da PF é de que os empresários das empresas de transportes do estado do Rio teriam recebido vantagens ilícitas do executivo, gerando perdas aos cofres públicos e aumentos tarifários indevidos.
Conforme noticiamos, as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal apontaram esquemas de cobrança de propina por agentes públicos e políticos de empresários de ônibus no Rio de Janeiro, situação que persistia desde pelo menos o ano de 1991. Os policiais federais e os promotores apuraram que, somente entre 2010 e 2016, a “caixinha da propina” movimentou cerca de R$ 500 milhões, dos quais R$ 266 milhões foram para políticos e agentes públicos investigados pela Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato e que começou a ser deflagrada no dia 2 de julho de 2017, com a prisão do empresário Jacob Barata Filho, um dos maiores do setor de ônibus de todo país. Relembre:
O número de assinaturas colhido para instalar a CPI ficou acima do mínimo necessário: 27 parlamentares subscreveram o pedido, três a mais que o necessário. A Mesa Diretora terá agora que decidir se instala a Comissão, e em que prazo.
Sobre o assunto leia o artigo “Operação Ponto Final e a governança do transporte público”, de Edmilson Varejão Neto, mestre em Economia pela FGV/EPGE:
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Nenhum comentário:

Postar um comentário