Segundo empresa, modelo LO 916 off-road visa preencher lacuna de micro-ônibus de nove toneladas
ADAMO BAZANI
Desde quando foi lançado em 2007, o programa Caminho da Escola, destinado a facilitar o acesso à educação em áreas mais afastadas dos centros urbanos e com dificuldades de deslocamento, foi responsável pela venda de mais de 30 mil mini-ônibus, micro-ônibus e midi-bus escolares, representando hoje a segunda maior fatia de mercado da indústria de veículos de transporte coletivo no Brasil.
Enquanto os ônibus urbanos, em especial os de 17 toneladas, ocupam em torno de 50% do mercado, os escolares alcançaram 20%. Os cerca de 30% restantes são divididos entre micro-ônibus, fretamento e rodoviários.
Após um ano fraco, que foi 2016, por causa do processo de impeachment envolvendo a então presidente Dilma Rousseff, o Caminho da Escola, que compra o ônibus por meio de licitação pública, sofreu forte retração. Nos sete primeiros meses deste ano, entretanto, na comparação com o período de janeiro e julho de 2016, houve um crescimento de 313%, com 1644 veículos deste tipo vendidos no mercado nacional.
Apesar de toda essa expansão e quantidade de veículos vendida, ainda há necessidade de transporte escolar nas áreas de mais difícil acesso. São comuns em circulação nos dias atuais, ônibus como dos modelos Gabriela, Cisne, Alvorada,
alguns dos anos de 1970 e 1980, transportando sem segurança e conservação estudantes por esse Brasil afora. Isso sem contar quando esse transporte é feito em carrocerias de caminhões e picapes, sendo ainda mais perigoso.
Também há uma lacuna no segmento de micro-ônibus de 9 toneladas, configurado para o transporte de 44 alunos. E é justamente nesse segmento que a Mercedes-Benz investiu.
Por isso que lança o modelo LO 916 off-road categoria ORE – Ônibus Rural Escolar 2, de 44 assentos.
O Caminho da Escola entra na oitava fase. Até a atual, a sétima, a categoria era atendida por veículos de 15 toneladas.
Entretanto, com o surgimento da categoria ORE – Ônibus Rural Escolar 3, de 59 lugares, também de 15 toneladas, o ORE -2 deixou despertar tanto o interesse de gestores públicos.
Com o modelo de 9,4 toneladas, a Mercedes-Benz quer conquistar também a faixa do ORE -2.
Até setembro deve ser lançada a licitação para escolher as indústrias fornecedoras de ônibus para o programa
A Mercedes-Benz hoje atende, em parceria com a Caio ,a faixa ORE 3 de 10,8 metros, 15 toneladas e capacidade para 59 alunos. Trata-se do modelo Caio Foz – Mercedes-Benz OF 15-19 R.
As demais faixas, ORE 1 Micro, ORE 1 Micro 4X4, ORE -2 Médio são atendidas no programa pela MAN Volkswagen, Volare e Iveco.
Dos 30 mil ônibus para o Programa Caminho da Escola, a Mercedes-Benz vendeu até julho, 4003 unidades.
Com o novo modelo, de nove toneladas, a marca sediada em São Bernardo do Campo quer ampliar a participação no âmbito do programa.
Entre as características do LO-916R, a Mercedes-Benz destaca o bloqueio automático de diferencial no eixo traseiro; pneu com maior banda, que dá mais estabilidade e auxilia na tração em vias de terra (235/70 R 17,5); freio a tambor com válvula ALB – sensível à carga, rastreador com extração de dados, limitador de velocidade a 70 km/h, molas parabólicas na dianteira e traseira, além de rodas dianteiras e traseiras com molas parabólicas. O entre-eixos é de 4,8 metros.
Apesar de o ônibus ser configurado para o Caminho da Escola, pode ser vendido também fora do âmbito do programa.
COMO FUNCIONA O CAMINHO DA ESCOLA:
O Programa Caminho da Escola, criado em 2007, utiliza recursos do FNDE – Fundo Nacional de Educação, do Ministério da Educação, e seleciona por meio de licitação os ônibus e barcos escolares, além de bicicletas, que serão destinados aos estados e municípios.
As especificações técnicas de cada categoria de ônibus são definidas após negociações entre Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, FNDE – Fundo Nacional de Educação, montadoras, encarroçadoras e outros órgãos técnicos.
Cada licitação é uma fase do “Caminho da Escola” e é escolhido apenas um fornecedor para cada categoria: ORE 1 Micro, ORE 1 Micro 4X4, ORE -2 Médio, ORE 3 Grande.
A escolha se dá pelo conjunto completo, ou seja, chassi e carroceria. Assim, para participarem da licitação, encarroçadoras e montadoras firmam parceria e, habitualmente, a proposta é feita pela fabricante do chassi, mas já com a carroceria.
A empresa que vencer em cada categoria terá o direito de vender os ônibus, mas a vitória na licitação não significa comercialização certa dos veículos. Depende da aprovação dos financiamentos e da participação dos estados e municípios.
Em linhas gerais, as características de cada categoria são:
Ônibus Rural Escolar – ORE 1: ônibus com comprimento total máximo de 7.000mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo 2.000kg, comportando transportar 23 (vinte e três) passageiros adultos sentados ou 29 (vinte e nove) estudantes sentados
Ônibus Rural Escolar – ORE 1 (4×4): ônibus com tração nos 04 (quatro) rodados (eixo traseiro e eixo dianteiro), com comprimento total máximo de 7.000mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo 1.500kg, comportando transportar 23 (vinte e três) estudantes sentados
Ônibus Rural Escolar – ORE 2: ônibus com comprimento total máximo de 9.000mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo 3.000kg, comportando transportar 31 (trinta e um) passageiros adultos sentados ou 44 (quarenta e quatro) estudantes sentados
Ônibus Rural Escolar – ORE 3: ônibus com comprimento total máximo de 11.000mm, capacidade de carga útil líquida de no mínimo 4.000kg, comportando transportar 44 (quarenta e quatro) passageiros adultos sentados ou 59 (cinquenta e nove) estudantes sentados.
Há três diferentes formas de estados e municípios participarem do programa Caminho da Escola:
– Convênio firmado com o FNDE, que responde por cerca de 80% da procura. É prestada assistência financeira do FNDE no âmbito do Plano de Ações Articuladas – PAR, conforme disponibilidade orçamentária consignada na Lei Orçamentária Anual.
– Linha de crédito do BNDES.
– Recursos próprios do estado ou prefeitura. Neste caso, a administração estadual ou municipal deverá aderir a uma ata de registro de preços em vigência no SIGARP – Sistema de Gerenciamento de Adesão de Registros de Preço.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
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